«Os processos eleitorais no Sporting são sempre ponto alto na vida associativa do clube, com largo impacto mediático e amplo escrutínio dos candidatos e seus programas. Há frente a frente, debates, mesas redondas, confronto de ideias por parte de todos os intervenientes.
Esta postura faz parte dos valores democráticos estruturantes do clube, e, sem negar que, por vezes, há excessos, permite uma coisa elementar: que os sócios se informem exaustivamente.
Não pode ser maior o contraste com o processo eleitoral em curso no Benfica, em que nada disso ocorre.
É patente a desigualdade entre o incumbente, que se aproveita de todas as vantagens que a sua posição lhe proporciona, e os insurgentes, relegados para o plano de uns arrivistas, acusados de quererem tomar conta do clube.
Com uma agravante: o facto de a data das eleições ser em final de Outubro permitiu ao actual presidente contratar treinador e jogadores com o dinheiro do Benfica, colhendo os inerentes benefícios, sem que ninguém o possa criticar por isso.
Custa-me entender umas eleições em que a televisão do clube as não cobre, e que as glórias são arregimentadas, em que não há debates, porque o incumbente não tem dotes comunicacionais, em que é dito – pasme-se – que o seu sucessor será preparado durante o próximo mandato, como se os sócios não tivessem uma palavra a dizer.
A equipa de Jorge Jesus não tem arrasado como ele prometeu, mas, em sua substituição, Luís Filipe Vieira vai arrasar nestas eleições, obtendo uma vantagem expressiva. Só que essa vitória ficará indelevelmente manchada por um défice democrático.
Entre outras ‘pérolas’, que foram proferidas neste período, destaco a que alguém disse, que os debates eram indesejáveis, porque traziam ruído nocivo. Prefiro os inconvenientes do barulho, mesmo que nem sempre contido nos decibéis aceitáveis, ao silêncio ensurdecedor de uma medíocre encenação daquilo que deveriam ser eleições, num clube com os pergaminhos do Benfica.
Não me importa o risco de pertencer a um clube de regateiros, mas o que nunca aceitarei é fazer parte de um clube de conformados.
Curioso como as coisas evoluem: o Sporting tantas vezes criticado pelas suas pretensas origens aristocráticas é hoje muito mais do povo do que o Benfica.»
(Carlos Barbosa da Cruz, O Canto do Morais, in Record, hoje às 02:36)Quem mais precisa, não toma!!!...
Leoninamente,
Até à próxima
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