quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

De quanto tempo mais necessitará agora o Presidente da FPF?!...


O Sporting Clube de Portugal já confirmou ter entregue na quarta-feira a Fernando Gomes um parecer de investigadores independentes que pretende reforçar a pretensão do clube de Alvalade ao reconhecimento de 22 títulos, em vez dos 18 atuais. 

Intitulado de "Os campeonatos nacionais de futebol de 1921 a 1940", o documento foi elaborado pelos historiadores Diogo Ramada Curto e Bernardo Pinto Cruz, investigadores do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI), o documento foi elaborado durante mais de um ano, a partir de uma pesquisa da responsabilidade de Paulo Almeida, funcionário do Sporting.

Todavia, aos sportinguistas que, pela natureza científica do documento, bem como pela sua complexidade e extensão, não revelem interesse na sua leitura completa, deixo a seguir, em 10 pontos, as conclusões e o parecer dos dois insuspeitos investigadores do Instituto Português de Relações Internacionais, Diogo Ramada Curto e Bernardo Pinto da Cruz:

«01 - Da apreciação da natureza das provas, de um ponto de vista histórico, concluiu-se que, para lá de uma semelhança cronológica entre o processo de institucionalização do Campeonato de Portugal de 1920 a 1926 e o processo de consolidação das Ligas de 1934 a 1937, o carácter experimental destas últimas deriva de um conflito de critérios – o elitista e o territorial – que tiveram origem na votação do regulamento provisório do 1.º Campeonato de Portugal de 1921/1922. 

02 - Daqui decorre que esse mesmo primeiro Campeonato, cujas bases legais apenas seriam aprovadas na época seguinte de 192219/23, foi declarado provisório. 

03 - A natureza experimental dos Campeonatos das Ligas é, em tudo, semelhante a esse recurso provisório, com a excepção importante de que, para elas, foram estabelecidas as necessárias bases regulamentares: a natureza experimental das Ligas ficou consagrada nas deliberações do congresso da FPF. 

04 - No entanto, as competições não são estáticas: os regulamentos dos Campeonatos das Ligas foram alterados anualmente até 1938. 

05 - Essas alterações acompanharam uma tendência muito clara de relativização do Campeonato de Portugal e dos campeonatos regionais: as Ligas começaram, primeiro, a ser equiparadas, tanto nas reuniões do congresso, como nas reuniões da direcção, ao Campeonato, tornando-se, depois, oficialmente superiores a ele. Os indícios dessa superação podem ser encontrados, na diacronia, na imprensa desportiva, nas reuniões directivas e nos relatórios e contas da direcção.

06 - Por um lado, usou-se o Campeonato de Portugal, tal como a 2.ª Liga, como forma de compensar a interdição de acesso à 1.ª. Mas, por outro lado, as Ligas davam acesso ao Campeonato de Portugal, o que dá força a algumas posições que conferem ao Campeonato um maior grau de importância desportiva. 

07 - No defeso da época 1937/1938, as Ligas deixaram de ser consideradas experimentais – pese embora, enquanto prova e enquanto modelo competitivo, não tenha assumido, formal e oficialmente, o carácter de competição principal nacional. 

08 - A novidade ou antiguidade dos estatutos e dos regulamentos (geral, do Campeonato Nacional e da Taça de Portugal, de 1938/1939) foi apreciada e votada, em conformidade, pelo congresso da FPF que os declarou novos, donde se deve estabelecer, de uma vez por todas, que o Campeonato de Portugal e os Campeonatos das Ligas foram extintos para o futuro, num corte radical que a Federação e os agentes desportivos não tiveram coragem de assumir publicamente à época. 

09 - A ideia de que o Campeonato Nacional da I Divisão e a Taça de Portugal são a continuação, sob outra designação, das Ligas e do Campeonato de Portugal é falsa e tem origem num equívoco lamentável da direcção da Federação, que é ilegal de um ponto de vista procedimental, contrário às decisões do Congresso Extraordinário de Agosto-Dezembro de 1938 e insustentável de uma perspectiva histórica atenta à evolução dos sentimentos, das atitudes e dos comportamentos, bem como à reconstituição das formas concretas de imaginar a nação. Depois desse congresso, completou-se a viragem final que vinha sendo preparada desde 1934 – a hierarquia das provas mudou. Até 1938, o título máximo era o Campeonato de Portugal. 

10 - CAMPEONATOS NACIONAIS DE FUTEBOL VENCIDOS PELO SPORTING CLUBE DE PORTUGAL 
Em razão do exposto, devem as seguintes épocas ser consideradas na contabilização dos títulos nacionais de futebol do Sporting Clube de Portugal: 1922/1923 1933/1934 1935/1936 1937/1938 1940/1941 1943/1944 1946/1947 1947/1948 1948/1949 1950/1951 1951/1952 1952/1953 1953/1954 1957/1958 1961/1962 1965/1966 1969/1970 1973/1974 1979/1980 1981/1982 1999/2000 2001/2002.»

De quanto tempo mais necessitará agora o Presidente da FPF?!...

Leoninamente,
Até à próxima

4 comentários:

  1. Basear as conclusões na "evolução dos sentimentos, das atitudes e dos comportamentos, bem como à reconstituição das formas concretas de imaginar a nação" pode ser tudo, mas dificilmente pode ser considerado cientifico.

    A conclusão que se tira é que escassearam as provas e os argumentos e à falta de melhor cá vai um apelo ao "sentimento" e "à forma concreta de imaginar a nação". E, daqui a dias, lá teremos mais um comunicado do SCP a lamentar a decisão da FPF que, obviamente, não poderá alterar em 2020, decisões tomadas em 1938, com base neste argumentário chocho.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. "Chocha" parece-me a capacidade intelectual do Zé Manel! "Mas quem te manda ti, sapateiro, tocar rabecão"?!...
      "Bem-aventurados os pobres de espírito..."!!!...

      Eliminar
    2. Então a Sociologia, por exemplo, deixou de ser uma ciência? Quando? Até há pouco os sociólogos (também) eram considerados cientistas e uma das definições válidas para a sua disciplina era "... descrição sistemática e análise de determinados comportamentos sociais".

      Eliminar
  2. Zé Manel, não é preciso a FPF lampiã oficializar estes quatro campeonatos de antanho, basta devolver ao SCP aqueles que lhe foram roubados de há quarenta anos para cá, começando pelo de 2016, ou seja, o único campeonato que o "Mestre da Tática da Treta" venceu sem batota.

    ResponderEliminar