quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Apenas o Farense e... a vitória!!!...


Sinatra vive em Alvalade 

«O povo tem expressões muito sábias, por exemplo, "não bate a bota com a perdigota", que é o que os benfiquistas sentem quando vêem a pálida equipa em campo e depois ouvem Jorge Jesus afiançar, pelo contrário, que jogaram mundos e fundos, provavelmente, num universo paralelo só ao alcance da vista de alguns eleitos. A realidade é esta: o Natal costuma ser pródigo em chalaças contra os rivais leoninos que costumam soçobrar nesta altura, porém, enquanto o Pai Natal parece este ano vestir de verde e branco, na Luz é a própria administração da SAD, através de Domingos Soares de Oliveira, que reconhece que o Benfica não está como se pretendia e os adeptos não estão satisfeitos pela falta de qualidade exibida que não se coaduna com o milionário investimento realizado. As bancadas não mostram, pois estão vazias, mas a intranquilidade e já algum desespero vão imperando.

No Sporting respira-se paz e uma atípica harmonia da qual Rúben Amorim é o superlativo responsável. No campo, contra o valoroso Paços de Ferreira, os adeptos podiam ir dormir descansados que já sabiam que dava vitória tal a confiança que se transpira. Contra o Mafra, comentei no início de jogo que o treinador estava a arriscar sem nenhum dos seniores experientes (Coates, Neto, Feddal) no trio de trás. Mas Gonçalo Inácio mostrou que tem estrada alcatroada para a titularidade e os restantes cumpriram, superando o "cenário difícil" e posicionando-se com ambas as vitórias para os objectivos da conquista das Taças.

Fora do campo têm sido recitais. O técnico fez das conferências de imprensa o palco para a criação de melodias apaixonantes como nunca se ouviram da boca do próprio Frank Sinatra. Se há umas semanas aqui escrevi que Rúben Amorim, para lá de verdadeiro director de comunicação do clube, era a voz que faltava nos dois anos de Varandas na presidência, ainda não sabia que um "soundbyte" seu - "Onde vai um vão todos"- se tornaria o mantra dos adeptos e tarja de apoio gigante no estádio para esta temporada.

Do genial cantor e actor norte-americano ficam duas sentenças por ele proferidas que se podiam aplicar ao jovem treinador: 1- "A grande lição na vida é nunca ter medo de nada nem de ninguém"; 2- "As pessoas dizem que sou um sortudo. A sorte é importante para conseguires a oportunidade de te mostrares no momento certo. Depois disso, tens que ter o talento e saberes como o deves usar". Coragem e talento, duas palavras sinónimas de Rúben Amorim, essenciais para o que os sportinguistas anseiam. Diziam que Frank Sinatra morreu. É falso, vive em Alvalade. Nas palavras do timoneiro soam o "My Way", o "Fly me to the moon", "That’s Life". Rúben Amorim já conquistou a alma leonina, está a esboçar os contornos de uma saga, só lhe falta ganhar tudo para ser eterno.»
(Rui Calafate, Factor Racional, in Record, hoje às 18:08)

* Texto escrito com a antiga ortografia

Ganhar tudo, sim, mas devagar, sem pressas e sufocando a ansiedade. Para já, venha o Farense e que ninguém pense nos que virão a seguir...

Apenas o Farense e... a vitória!!!...

Leoninamente,
Até à próxima


4 comentários:

  1. A mim, apraz-me comentar:
    Excelente testo de Rui Calafate!
    Quanto ao "Jorge Jesus afiançar, pelo contrário, que jogaram mundos e fundos, provavelmente, num universo paralelo só ao alcance da vista de alguns eleitos", já sabemos que JJ há muito foi "ungido" pela máquina de propaganda vermelha da CS, só interrompida durante a sua passagem por Alvalade. Não lhe retiro alguns méritos, mas acho que são "mais as vozes do que as nozes"! Mas deixémo-los andar.
    Quanto ao "na Luz é a própria administração da SAD, através de Domingos Soares de Oliveira, que reconhece que o Benfica não está como se pretendia", caros Rui e Álamo, o FOntanelas e o CA resolvem!

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  2. Caro Alamo,
    À boleia do comentário anterior, designadamente, quanto ao último e assertivo parágrafo, o qual tanto tem de verídico, como de infeliz realidade, que comumente perdura há décadas, assim como, da igual proporcionalidade objectiva quanto às inequivocas e irrefutáveis ações de trapaça, batota, vigarice e tráfico de influencias, a que todos assistimos.
    Tais ações e intentos, encontram-se ancorados e funcionam de maneira articulada e infecciosa, nas estruturas esclerosadas do futebol, sem supervisão independente, sem juris prudência, com decisões díspares consoante os alegados infratores, com total, absurda e inadmissível impunidade de alguns dos agentes desportivos, que intervêm de forma directa, decisiva e determinante, nos espectáculos e nos resultados desportivos, econômicos, financeiros e volume de negócios das instituições e sociedades, e por reflexo, no próprio País.
    Existem evidentes casos de desavergonhada parcialidade, de "modus operandi" viciador da verdade nas competições, em benefício sempre dos mesmos ou em detrimento dos demais.
    Tal, leva-me a uma questão que gostaria de ver dessiminada e discutida nos fóruns de inspiração e ideal Sportinguista, que se resume ao seguinte:
    - creio que à luz da actual legislação, a actividade dos clubes v.s. SAD's, se integram no código e reconhecido âmbito, das entidades promotoras de espectáculos de matrizes "desportivas e recreativas";
    - assim sendo, gostaria que fosse colocada à consideração e debate, se não seria de ponderar no interesse geral dos clubes, que esta actividade passasse para o domínio e abrangência, legal e fiscal, das "actividades empresariais", logo, submetendo-se aos regimes de harmonização legal, beneficiando dos supervenientes mecanismos de apoio, controlo e fiscalização, auditoria e supervisão independente, da intervalo das diferentes e conexas entidades reguladoras, quanto ao respeito e obrigatoriedade dos princípios da livre concorrência, isenção, transparência, proporcionalidade, imparcialidade e igualdade entre concorrentes.
    Estando a colocar no mesmo saco clubes e SAD's, qual o formato, recomendações e alterações, que esta probabilidade implicaria obrigatoriamente?
    Julgo de capital importância e muito interesse, que fossem aduzidos comentários e opiniões, quanto aos benefícios e eventuais prejuízos dessa profunda alteração, que impactos positivos e negativos, resultariam para os clubes e para a actividade.
    Tenho a convicção pessoal, que o Sporting Clube de Portugal e não só, atendendo aos enormes prejuízos que ostensivamente lhe têm sido de forma vil e espúria, sonegados, pela diferenciação de trato e falta de verdade desportiva das competições (estarão em causa, muitos milhões de euros), certa e eventualmente, pouco ou nada teria a perder, talvez, muito pelo contrário.
    SL

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    1. Receio bem que a pretensão do estimado leitor e sportinguista "Rumo Certo - Ventos Favoráveis" esbarre inapelavelmente na Lei de Bases do Sistema Desportivo actualmente em vigor - Decreto-lei nº 93/2014 -, cujo histórico das reduzidíssimas alterações da Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto que já vinha de 2007 - Lei nº5/2007 de 16 de Janeiro -, talvez não coubesse numa "nova torre do tombo" que expressamente fosse construída para tal se acaso tivesse dimensões próximas da original!...
      E note o caro, que ao tempo, a AR era controlada maioritariamente pelo PSD liderado por Passos Coelho e ainda não havia "travões" como a IL, Chega ou outros quaisquer "atrasos de vida" como os que hoje o povo português nos fez o favor de colocar na Casa da Democracia.
      Já vai esta lei a caminho dos sete (7) anos desde que entrou em vigor e, face ao que vamos vendo, talvez outros sete não sejam suficientes para que possamos vê-la actualizada, quando mais "radicalmente alterada"!...
      É que se oferece dizer a este leigo em matéria jurídica, mas atento à realidade política que nos envolve.
      SL

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  3. Meu caro, muito obrigado pelo esclarecimento e aduzidos comentários, que partilho quanto a "travões" e "atrasos de vida".
    Lamentavelmente, é o que temos.
    SL

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