Jorge Jesus não é racista mas está preso no seu universo sem perceber que o mundo mudou e ele não está a acompanhar a mudança. As suas declarações sobre "o racismo está na moda", foram profundamente infelizes, ao contrário de tantos outros que condenaram e reconheceram a gravidade do assunto.
Ainda há poucas semanas o jornal espanhol, "El Mundo", publicava um estudo sobre o impacto das palavras e imagem dos treinadores. "São avaliados pelo que as suas equipas fazem, mas cada vez mais pelo que dizem. São as caras dos clubes". E eu acrescentaria, os seus verdadeiros directores de comunicação e "influencers".
De pantufas, sem ninguém reparar porque se tornou um hábito, um treinador de futebol passou a ocupar horas de televisão com conferências de imprensa, antes e pós-jogo, "flash-interviews", ampliadas por rádio, imprensa e redes sociais. Antigamente não havia o mesmo protagonismo e esse advento surge com a necessidade das televisões de cariz noticioso no cabo terem conteúdos para preencher as grelhas.
Apesar dos jogadores gerarem a notoriedade e o negócio da indústria do futebol, a voz está no banco, contudo, os treinadores estão agora expostos como nunca estiveram. Ora, para lá do seu conhecimento técnico-táctico e da metodologia de treino, um treinador nos tempos modernos não pode descurar a vertente comunicacional e tem de a preparar como, e com, os melhores estrategas.
Já não basta ganhar se as palavras mal ponderadas e preparadas permitem um golo na própria baliza. A eficácia da mensagem é essencial. Astúcia, sedução, têm de estar no léxico de um grande treinador na sua relação com a arena mediática. A linguagem corporal, o vestuário, qualquer comentário, devido a essa enorme exposição mediática têm uma leitura pública. Todos os cuidados são poucos, como Jorge Jesus deve ter compreendido, a profissionalização da comunicação dos treinadores é uma exigência. Porque a palavra passou a ser uma das principais armas para as vitórias no campo e para a reputação das suas carreiras.
O Sporting foi melhor em Famalicão e merecia ganhar? Sem dúvida. Teve culpas próprias também? Sim. Nuno Santos falhou um penalty, Pedro Gonçalves foi expulso e Adán ofereceu um enorme frango. Luís Godinho contribuiu para o empate? Claramente. Mas mais chocante foi a rapidez com que o Conselho de Arbitragem, ainda a quente, já mandava um comunicado a decretar que a decisão de Luís Godinho estava correcta. Se a Justiça em Portugal fosse em todas as áreas tão célere, a opinião dos portugueses não era tão céptica e negativa quanto é sobre ela. Se perguntassem aos cidadãos qual a palavra que seria o melhor sinónimo para a Justiça actual, responderiam sem grandes hesitações: vergonha. E o Conselho de Arbitragem devia tomar um banho de coerência para ajudar a ter vergonha na cara.»
Duas mensagens importantes terá deixado Rui Calafate em mais uma rubrica Factor Racional. A primeira, embora endereçada directamente ao treinador do Benfica, julgo ser demasiado tardia para surtir efeito - "burro velho não aprende línguas"! Contudo, fiquei com a sensação de que também a Rúben Amorim o autor terá pretendido deixar recado. Perdoem se me tiver enganado, mas de qualquer modo ao treinador do Sporting não faria mal nenhum se pudesse ler e reflectir nas palavras de Calafate.
Já a segunda mensagem, pela oportunidade e pelo conteúdo, despoletou em mim o desejo de colocar ao Conselho de Arbitragem a mesma questão que o autor entendeu colocar à Justiça actual. "Se fosse possível perguntar aos cidadãos qual a palavra que seria o melhor sinónimo para o Conselho de Arbitragem actual da FPF", no meu modesto entender, nem uma réstia de dúvida ou hesitação restaria aos interpelados: porcos!...
Já não haverá "banho de coerência" que lhes valha!!!...
Leoninamente,
Até à próxima
Exatamente. A vergonha nao os faz corar, ja sao vermelhos
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