quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Como é que se esquece o que se ama ?!...

 

Como é que se Esquece Alguém que se Ama?!!!...
 
Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?
As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguem antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar.



É preciso aceitar esta mágoa, esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si , isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos, aceitando que não têm solução.
Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só existe a agulha.

Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.

O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar. 
 
Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume'
Tema: Amor
 
Um hino ao amor! Um grito de revolta contra a eventual perda do que se ama! E a pergunta, sem resposta, de como se faz para esquecer! Um coração como o meu. Que ama como o meu. Que sente como o meu. Quero lá saber sobre os sujeitos dos seus amores. Serão naturalmente diferentes, eu sei que sim. Pouco conta isso agora. Porque o que abanou comigo, foram os seus sentimentos. Porque não haverá diferença entre os seus e os meus, quando não se sabe, ele e eu, como se faz para esquecer o que significou para nós, FELICIDADE?!...
 
Leoninamente,
Até à próxima

2 comentários:

  1. Só se esquece o que se ama... quem nunca amou verdadeiramente...!!!

    Mas isso tb não é importante... para mim o que é importante é o profissionalismo... e isso (exceptuando um ou outro arrufo...!!! muito condenável) Liedson foi... um profissional de mão cheia que nos deu muito...

    o resto são questões de índole pessoal, inquestionavelmente importantes mas que no caso em concreto não impediram o seu melhor rendimento...!!!

    Do ponto de vista estritamente emocional... preferiria que o "rapaz" tivesse estado calado... caladinho tudo isto teria tido um efeito muito menos corrosivo...!!! Mas a capacidade de utilizar o silêncio não é para quem quer...

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  2. O dramático texto de MEC e o mar de dúvidas e incapacidades que revela, conduziram-no e conduzirão porventura quem o ler, a uma quase impossibilidade: "... É preciso aceitar esta mágoa, esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução...", para depois concluir que "... Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar...".
    Não citei MEC, a pensar em problemas pessoais, nem sequer na aventura de Liedson. Citei-o, no desespero de me parecer assistir ao aproximar do fim de um grande amor na minha vida, SPORTING! Citei-o na angústia de também não saber como se faz para se esquecer algo que se ama muito. É que, ao contrário do pensa o gordo de físico e magro de intelecto, Manuel Serrão, o fim do Sporting não significaria nunca, a meu ver, uma transferência com armas e bagagens dos sportinguistas para as fileiras dos "andrades"! Ele ainda não descobriu que, "... Só se esquece o que se ama... quem nunca amou verdadeiramente...", como será o caso dele e, quiçá, o de muitos sportinguistas, que continuam de espadas desembainhadas, a matar o que resta do grande amor de tantos milhões!...

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