segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Tempo e silêncio para Vercauteren...

Tempo e silêncio para Vercauteren...
 
Não dá!... A equipa tentou, lutou, fez o que pôde, mas... não dá!... Na minha opinião, só haverá um único culpado, responsável pelo facto de a equipa não revelar processos assimilidados, rotinas, mecanismos, numa palavra, não ser capaz de jogar futebol.
Franky Vercauteren vai ter de começar tudo do princípio. Não me lembro, desde que me conheço, de nenhum treinador que tenha passado pelo Sporting,  ter provocado um tal caos organizativo, uma tamanha negação deste desporto de multidões. Não me lembro de alguma vez ter visto o meu Sporting praticar tão mau futebol, nem de ver uma equipa verde e branca tão completamente arrasada, quer no aspecto anímico quer no aspecto psicológico.
E não me venham falar de erros de Godinho Lopes, Luís Duque ou Carlos Freitas. Não devo nada a nenhum deles para aqui e agora os defender ou atacar. Terão cometido apenas e tão só um único erro, quando escolheram o substituto de Domingos Paciência.  Ricardo Sá Pinto será, para mim, o responsável único por quatro meses de um  trabalho miserável, se é que não deveremos justamente somar algum tempo mais do final da época passada. Custou-me muito chegar a esta conclusão, pela admiração que por ele tinha enquanto jogador, mas há muito que deixei de ter dúvidas a esse respeito.
Vamos deixar Vercauteren trabalhar. Ele precisa de tempo e silêncio! Dentro de dois meses voltarei a falar sobre a equipa...
 
Leoninamente,
Até à próxima
 
 

2 comentários:

  1. Foi mau demais. Foi angustiante. Foi de levar ao desespero. Uma equipa perdida psicologicamente e sem capacidade para impor a sua qualidade em campo. Não há optimismo que consiga resistir ao que se tem passado, semana após semana, quando o Sporting entra em campo. Voltámos a não sofrer golos, algo que só tinha acontecido com V. Guimarães e Basileia, mas por outro lado o ataque foi miserável. Sem dinâmica, sem desequilíbrios e com uma estratégia muito mal pensada, à espera que uma consistência da mediocridade pudesse fazer a diferença. Oceano também é culpado, muito culpado. Afinal de contas, isto também é o Sporting.

    Gosto de acreditar que aprendi a ser do Sporting, ninguém me ensinou, ninguém me forçou ou indicou o caminho. Encontrei uma figura a copiar na família e percebi com ela o sportinguismo. Dava-me lições do que era o Sporting mas sem me impor o que quer que fosse. Mostrava-me o que o clube tinha de bom sem sequer precisar de dar a entender o que tinha de mau. Era a fase do jejum, ninguém deixava passar isso em claro. Não faltavam adultos a promover lavagens cerebrais, a ridicularizar o Sporting e a vangloriar o Benfica. Ser do Sporting era mais do que isso, era ter orgulho.

    É perfeitamente natural que tenha uma visão mais romântica daquele tempo, de achar que naquela fase, apesar de não ganharmos, é que era. Para mim, era porque havia Balakov, um mago búlgaro que fazia tudo. A classe abundava naquelas equipas, com Figo, Cadete, Peixe e até Nélson e Paulo Torres pareciam dois laterais de fazer inveja a todos os adversários. Ofensivos como se queria numa equipa com o Sporting. Mas sejamos honestos, essa geração apareceu num período em que o Sporting esteve 13 anos sem ganhar um único campeonato, uma única Taça de Portugal. Salvou-se uma Supertaça a que fomos por termos perdido a Taça de Portugal. Por outro lado, tenho a certeza que quem tenha nascido dez anos, dirá o mesmo do que eu mas sobre António Oliveira ou Manuel Fernandes. E que quem veio depois terá João Pinto ou Hugo Viana. É sinónimo do romantismo que sentimos quando estamos a crescer em volta de um fenómeno.

    O mundo mudou. O Sporting parece estar imerso numa nova fase terrível e leio constantemente desabafos de adolescentes que dizem que o Sporting não é isto. Têm 15, 16, 17 anos. Faço as contas e vejo que não sabem o que dizem. Só por terem aprendido a falar enquanto se ganhavam títulos, não quer dizer nada. O Sporting não devia ser isto, isso sim. Mas é isto. É isto agora, foi isto há 20 anos, foi isto praticamente desde a década de 60, em que se contentava por ganhar um título a cada três do Benfica.

    E o que posso dizer mais? Este Sporting está capaz de envergonhar o adepto mais optimista mas ser do Sporting continua a ser um orgulho. Ser do Sporting é ser diferente, sim. Não é melhor, nem pior, é diferente. Ter liberdade de escolha e optar pelo Sporting é único. Não é ser alternativo ou hipster, mas ter personalidade. Não é ser refém do "maior de Portugal" ou do que ganha mais. É abrir os olhos, ponderar e escolher um caminho, porque a vitória não pode ser o único fundamento de uma escolha, de uma paixão.

    Sofro com este Sporting. Sofro eu, sofres tu, sofrem os adolescentes que acreditam que isto não é o Sporting. Infelizmente, já não sofre quem me mostrou o que era ser do Sporting. Já morreu e é uma pena. Faz-me falta ter alguém tão próximo com quem partilhar este orgulho.

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    1. Caro "JN S",

      Imagino-o como um jovem sportinguista!Talvez "colado" aos 30, mas isso não será importante. Importante foi o comentário que eu tive o privilégio de acabar de ler. Porquê?!... Porque quem escreve com a alma e evidencia um tão raro sentimento de ternura e respeito pela pátria de Pessoa, me fascina sempre. E quando acontece ser racionalmente sportinguista e confessar a falta de já não poder contar com a presença de quem lhe indicou horizontes e teve a virtude de lhe dar a opção de escolha, o fascínio traz-me comoção e respeito.
      Também sofro com este Sporting que hoje vimos em Alvalade, meu amigo. Mas a tremenda dimensão do nosso amor, ameniza-nos a dor. Faça como eu. Pense no que de bom e bonito nos tem oferecido a nossa "B". E os nossos miúdos. E o nosso râguebi. E as nossas meninas do basquetebol. E todo o nosso tremendo ecletismo...
      Pense que num prazo que até poderá ser próximo, a situação terá hipóteses de ser modificada. E se não for tão rapidamente como desejaríamos, há-de ser depois... Saiba que a cada passo que dermos rumo ao horizonte dos nossos sonhos, esse "safado" afastar-se-á também um passo. Perguntar-me-á se isso não será utopia e eu responder-lhe-ei que sim. Mas ai estará a razão de sermos Sporting: carregamos a utopia connosco! Isso é tolice?!... Não, será apenas uma maneira de estarmos em paz connosco e... sermos felizes! Marx, Ghandi, Che, Mandela, eram utópicos?!... Foram sobretudo felizes. Nós sportinguistas, TAMBÉM !!!...

      Um leonino abraço e volte sempre


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