sábado, 20 de outubro de 2012

Descansa em paz, Velho Leão !...

in Jornal de Notícias
 
Não é fácil ser um homem de esquerda no Norte. Não que o povo nortenho vá na conversa das criancinhas e dos velhos, que 48 anos de ditadura fizeram crer vítimas do comunismo. Nada disso. Apenas porque a gentes do Norte são mais conservadoras, apegadas a uma tradição de séculos, que nem os novos rumos da educação e do saber conseguiram modificar. 
Também não é fácil ser sportinguista e atravessar, descer ou subir todos os dias, o rio Douro. Não por culpa do rio, que corre, indiferente a essas questões menores, ao encontro do seu destino. Mas por culpa de "profetas novos", que encontraram na "mourama" as suas criancinhas e velhos!...
Manuel António Pina foi, durante toda a sua vida e empedernidamente, as duas coisas. E foi, a par disso, muitas outras coisas de que vou ter uma imensa saudade. "Por outras palavras", não vai ser apenas aquele espaço vazio que o director do JN, enquanto o for, reservará para essa mesma saudade. Será, desde a sua partida, a tristeza e a saudade de não mais repetir aquele meu gesto diário e mecânico de começar pelo fim...
Associo-me à homenagem hoje aqui depositada por Ricardo Nabais e que tem quase cinco anos, no tempo em que Manuel António Pina declarava com o desassombro que sempre lhe conhecemos:
 
O futebol não tem interesse só pelo jogo. Quando o Sporting perde não tem interesse nenhum!...
 
Tombou um Velho Leão, da minha geração! E aflige-me pensar na possibilidade dos tempos que correm, tornarem utópico o desígnio que um dia António Oliveira, circunstancialmente, terá pronunciado!...
Descansa em paz, Manuel António Pina! Tentaremos saber merecer-te...
 
Leoninamente,
Até à próxima

2 comentários:

  1. Imagino quantas vezes terá dito aos amigos detratores que "não se pode ser perfeito".

    Deixa lá Manuel António... para nós eras e continuarás a ser.

    Até sempre!

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  2. Vamos ficando mais pobres, amiga!...
    Vai fazer muita falta. Ao Sporting e à esquerda portuguesa!...
    E às letras e ao jornalismo português...
    Fica a recordação e... a saudade.

    Até sempre!

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