quinta-feira, 26 de julho de 2012

"Rampante", orgulhoso e sedento de vitórias !...

Até sempre e obrigado Matias!...

Não quero entrar em polémicas estéreis com nenhum sportinguista, sobretudo com tantos e tantos que aqui na blogosfera leonina muito prezo, estimo e respeito. Mas tenho que confessar-me surpreendido com a expressão de uma decepção generalizada a que aqui venho assistindo nas últimas horas, por via da quase consumada saída de Matias Fernandez para a Fiorentina.
Matias Fernandez seria porventura, sob o aspecto técnico, o expoente máximo de quantos compunham o plantel actual do Sporting. Daquela figura franzina e de portentosa técnica tudo era espectável: abre-latas, cobrador de livres e penalties, mola de cadeira, aquecedor de mãos, sinfonia ziguezaguente e desconcertante sobre o esplendor da relva, humildade, alegria, tudo isso e porventura muitos outros atributos estavam lá. Mas, qual bela sem senão, também lhe emoldurava o quadro, um horriplilante passe social transatlântico, um seguro de saúde dispendioso e dissipador de tempo de competição, com a concumitante retoma, a pedir meças à economia globalizada que nos envolve e, a tudo isso, teremos de acrescentar ainda, o seu elevado salário, o célere aproximar do fim de contrato, com as inexoráveis dificuldades de renovação que significariam, no mínimo, alguma turbulência que inevitavelmente se repercutiria no seu rendimento e num acréscimo dos custos, já de si elevados, dos seus salários ou na sua inglória perda sem quaisquer benefícios no curto prazo.
Tenho como dado adquirido, que este não terá sido negócio de ocasião, nem enfermará da precipitação com que vejo acusados os responsáveis. O namoro já terá alguma duração, suficiente para que Ricardo Sá Pinto tenha dormido muitas noites sobre ele e, pesados prós e contras, tenha dado o seu "agreement". E terá vindo provar que os valores por que se rege actualmente o mercado, estarão bem distantes dos números que tenho visto serem apontados pelos "decepcionados"! Com esta "venda", ter-se-ão calado definitivamente os que acharam irrisórios os números da "venda" de João Pereira, como irrisórias serão as pretensões dos "papas" e "aves" da nossa praça. A presunção e a água benta, deixaram de ser, definitivamente, agentes de futebol. Hoje imperam os números que a crise global impõe e o resto serão figuras mitológicas gregas ou romanas e últimamente espanholas.
Agora, perante este facto praticamente consumado, será positivo carpirmos mágoas sobre a saída de Matias, como se de um episódio irreversível e insolúvel se tratasse?!... Entendo que não devemos cair no exagero. Todos os grandes ídolos arrumam as chuteiras e o futebol nunca parou ou estagnou por isso. A saída de Matias tanto obrigará a uma inteligente adaptação táctica e a uma reformulação dos processos até agora utilizados, como proporcionará o emergir de outros valores que porventura a aura do chileno viesse ofuscando e impossibilitando até a sua explosão. Acredito com uma fé muito grande, que dentro de um meio-campo recheado de qualidade e quantidade superiores, Ricardo Sá Pinto conseguirá, com maior ou menor grau de dificuldade, ultrapassar a ausência de "El Crá".
O leão continuará, "rampante", orgulhoso e sedento de vitórias!...

Leoninamente,
Até à próxima


8 comentários:

  1. A sua lógica parece-me coerente, mas esbarra nos 4 milhões que desenbolsámos por um jovem chamado Rojo com 9 internacionalizações (a maior parte em particulares sem expressão) e uma passagem muito discreta pelo Spartak. Ah...de salientar que o jogador antes de vir para o Sporting treinava à parte do plantel há mais de 3 semanas e não era chamado a competir desde que entrou em rota de colisão com Karpin, que recusou a sua saída (consta que a oferta rondava os 1.8 M) para um clube de meio da tabela espanhol.

    Concordo com a recessão nos valores de transferências e no que representa, mas veremos quais os valores das próximas vendas dos nosso rivais, elas vão acontecer e tenho dúvidas que serão por 4 M. Normalmente não ando preocupado com o que os outros fazem, mas neste caso, é a melhor forma de estabelecer um parametro.

    Por mais que seja levado a racionalizar a saida de Matias, não consigo ultrapassar o facto de, mesmo em tempo de crise, 4 milhões não compra sequer um aspirante decente a número 10, ou melhor, por quanto venderíamos André Martins?

    Até breve

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    1. Caro Violino,
      Grato pelo comentário, com o qual concordo na generalidade. Mas a venda de Matias, fez-me lembrar um episódio da minha vida académica. Estava no último ano da Escola Náutica, ali à Rua do Arsenal e era necessário comprar a farda. Sabendo que o meu pai não tinha possibilidade de suportar os custos, empenhei ali para os lados de Santos, uma valiosa pulseira de ouro, prenda da minha madrinha quando fiz 18 anos. Eu sabia o real valor da pulseira, mas tive de aceitar uma avaliação 4 vezes inferior. Resgatei-a com o primeiro dinheiro que ganhei, mas a quantia que me foi adiantada custou-me quase 40% de juros. Posição igual à minha de então, é hoje representada pelo Sporting e a Fiorentina estará muito próxima do usurário que me roubou. Uma posição negocial forte, faz disparar os preços de venda e coloca as compras em valor de saldo. Todos desejaríamos que o nosso Sporting estivesse no mercado de forma robusta, que lhe permitisse ser um feroz negociador. Mas isso é uma tremenda ilusão.
      Acrescentarei ainda uma convicção pessoal: a razão da disponibilidade para o negócio por parte do Sporting, não terá sido apenas a necessidade. Penso que algo mais, ligado com a produtividade do atleta, terá estado na base da decisão.
      Foi apenas isto que tive em conta quando escrevi este último artigo de opinião. Mas reconheco-lhe razão em todos os outros aspectos.

      Um abraço e a minha admiração

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  2. Tenho com o Matias uma "relação" de amor/ódio. Se por um lado o considero um talento que a todo o momento pode fazer a diferença, por outro sinto que nunca deu aquilo que era expectável. Foi mesmo um jogador atraído pelas lesões e que nunca teve pulmão para os 90 minutos.

    No entanto, mais do que a sua saída, e sendo que o nosso meio-campo tem muitos jogadores, e alguns de classe, não temos nenhum "10" puro como o Matias. Acredito que Labyad ou mesmo André Martins possam suprir a falta. Não estou no entanto demasiado optimista quanto a isso.

    Vamos aguardar. Penso que o plantel estará longe de estar fechado e no fim - até dia 31 de Agosto - faremos o balanço.

    SL

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  3. Estimado amigo Juvenal,

    A relação que diz ter com Matias, terá porventura milhares e milhares de exemplos no grande universo leonino, onde me incluirei, se bem que à segunda vertente me custe chamar-lhe ódio. É que é indubitável que Matias, sendo um "grandíssimo" jogador, nunca deu ao Sporting aquilo que todos esperariam. A escravatura e a vassalagem que a sua selecção sempre lhe determinou, será o principal responsável, mas a sua débil estrutura física também contará, naturalmente. O fenomenal poder técnico de Matias, nunca terá o alicerce físico que seria desejável.
    Às dúvidas que o meu amigo suscita, sobre quem o poderá substituir, eu contraporei a quantas jovens promessas leoninas Matias não terá limitado o caminho. Não me preocupa muito o futuro do Sporting sem Matias. Mas o futuro dirá qual de nós os dois estará com mais razão.
    Penso que à esperança subjacente à meta de 31 de Agosto que me parece implícita no que me diz, a condição actual do Sporting não lhe poderá trazer correspondência. Se conseguir contratar o avançado que me parece imperioso, o clube ficará exangue, a menos que outros Matias se perfilem no horizonte.
    Amanhã lá estaremos em Alvalade. Já conhece a minha localização.

    Um grande abraço

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  4. Caro Álamo
    À muito que não comento no entanto continuo a ler assiduamente as suas observações que muito admiro e corroboro.
    Também eu estou muito dividido relativamente a esta venda, se por um lado muito apreciava o Matias Fernandez, pela sua qualidade e pela forma como envergou tão gloriosa camisola por outro acho que nunca rendeu aquilo que as suas capacidades o exigiam.
    Gostaria que conseguissemos valorizar as nossas vendas mas quero acreditar que as pessoas que estão à frente do nosso Sporting têm tentado rentabilizar o melhor que podem os nossos ativos.
    Penso que o Matias poderia valer mais mas foi o negócio possível, também o João Perereira poderia ser talvez melhor rentabilizado, mas o meu amigo como bem sabe nunca fui um grande apreciador das suas capacidades uma vez que sempre entendi que para envergar a camisola do nosso Sporting não chegam só as capacidades dentro do campo.
    Por tudo o que referi penso que têm sido injustas as reações aos nossos dirigentes porque penso que têm feito os negócios possíveis com a conjetura atual.
    Acredito que esta época será melhor e que possamos estar mais próximos dos nossos rivais e no dia 18 lá estaremos em Guimarães para dar início a uma grande época do nosso Sporting.
    Um abraço amigo
    PC

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  5. Estimado e amigo PC,

    Obrigado pelo comentário. Sabe que a porta de "Leoninamente!!!..." está sempre aberta para si e o meu amigo nem precisa de bater!...
    Nas duas saídas que analisa, apenas a última me deixa saudades, mas compreendo-a, face ao que expus no artigo. Penso que as coisas não ficarão por aqui ainda, no que que respeita a saídas, já que na "caixa" apenas parece existir cotão e no plantel, a vir ainda mais um avançado, creio que existirá gente a mais.
    Se tem acompanhado o blogue, saberá que, na minha modesta opinião, só haverá uma forma de relançar económica e financeiramente o clube: SERMOS CAMPEÕES ESTA ÉPOCA !... Por isso será importante começar com uma vitória em Guimarães. Não pode ser de outro jeito...

    Um abraço amigo

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  6. Coincidências

    http://stasis-leonina.blogspot.pt/

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  7. Caro "Jansenista",

    Visitei o blogue, que não conhecia, deparando com um assunto que, a corresponder à verdade, desgostará qualquer sportinguista que se preze, tanto mais que estará em causa um dos actuais dirigentes do Sporting Clube de Portugal.
    Se eu estivesse no lugar do "feliz contemplado" com as duas passagens aéreas, desistiria de imediato dessa "benesse" e tornaria pública essa minha desistência. Assim como o dirigente do Sporting deveria vir a público, demarcar-se de toda e qualquer "coincidência" que lhe possa ser atribuída. Mas cada um tem o direito de seguir pelos caminhos que entenda como mais correctos.À mulher de César, não lhe bastará ser séria...
    Seguirei com interesse o desenrolar da "novela", na esperança de que o bonsenso e a honradez acabem por triunfar.

    SL

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