quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Às portas da História!!!...


Campeão às portas da história

«O talento individual continua a ser a base do futebol, mas o jogo só atinge o máximo do assombro quando a dimensão colectiva atinge igual influência na produção. As contribuições avulsas, incluindo as mais aclamadas, devem ser orientadas por um projecto futebolístico, à volta do qual todos se comprometam com o estímulo da felicidade comum. Por isso o treinador desempenha papel tão relevante: a ele cabe a coordenação de todos os elementos técnicos, tácticos e emocionais em causa, e zelar por uma atmosfera de convicção, harmonia e cultura de clube. Só com a sintonia instalada, do relvado às bancadas, e a qualidade dos jogadores dissolvida no bem maior que é a produção da equipa, o futebol atinge a expressão máxima. No Sporting de Rúben Amorim tudo funciona perto da perfeição: os futebolistas são cada vez melhores e todos acreditam no líder e no processo cuja consequência tem sido torná-los mais fortes.

O Sporting é uma comunidade na qual ninguém se esconde; todos sabem o que têm para fazer com e sem bola, atrás e à frente, mais perto ou mais longe das balizas; que conjuga ordem e entusiasmo, disciplina e liberdade, físico e talento, responsabilidade e aventura, em suma títulos e espectáculo. É uma equipa apetrechada para jogar de memória, por assimilação de processos, articulação de movimentos, entendimento global e conhecimento das regras que oleiam a máquina. Mas a firmeza das ideias, a eficácia do treino, transformado em aulas diárias apetecíveis, constituem apenas o ponto de partida para uma plenitude constante.

O campeão nacional vive em perfeita sintonia com os conceitos do seu treinador. Assim depurou estrutura com a estratégia delineada para sustentar a organização, acentuando em cada elemento o prazer de resolver os problemas em conjunto, esvaziando a influência de decisões avulsas. Apesar da forte estrutura que, no fim de contas, constitui a rede do trapézio, o Sporting de Rúben Amorim vive também do apelo à criatividade e inteligência de um naipe cada vez melhor de jogadores. Mesmo em equipas com funções e funcionamento rígidos, a exaltação individual é irreprimível e a inspiração presença assídua em cada um deles – a felicidade plena é o único estado através do qual se dá resposta às exigências físicas da competição e à implacável repressão da táctica.

Tornou-se muito difícil ganhar ao Sporting (só dois golos sofridos) e as soluções ofensivas são tantas que os 19 golos em cinco jornadas da Liga espelham o fulgor dos mecanismos ofensivos. Não se trata apenas de ter Gyökeres em estado de graça e o génio de Pote e Trincão sempre despertos: é estimular a cumplicidade entre todos e que, mesmo considerando o muito que cada um oferece, elevem os níveis de exuberância e intimidação pelo modo como conjugam acções de aproximação à baliza.

No final do jogo com o FC Porto, em Alvalade, Rúben Amorim fez um diagnóstico imperfeito do trajecto leonino e do ponto evolutivo em que se encontra. Disse o responsável verde e branco que, mesmo quando foi campeão, em 2020/21, sentia faltar-lhe algo para atingir o nível dos rivais e que, agora sim, estava convicto de que já os tinha igualado. É essa a imprecisão: o Sporting ultrapassou-os de modo tão claro; navega tão à frente, num esplendor nunca visto nos últimos 70 anos, que não se vislumbra quem o impeça de fazer história. O exército que durante décadas foi campeão nacional esporádico, transformou-se na potência vigente do futebol em Portugal. Só precisa agora de não se distrair e interpretar as exigências correspondentes ao estatuto conquistado.»

Às portas da História!!!...

Leoninamente,
Até à próxima

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