Pese embora a minha opção de voto nas últimas eleições não ter sido favorável ao presidente empossado do Sporting Clube de Portugal, Godinho Lopes, quer-me parecer, vem desempenhando as funções, que já nesse dia se adivinhavam difíceis, com algum equilíbrio e moderação. Não posso ter a veleidade de pensar que alguma vez ele percorrerá os caminhos que eu desejaria para o meu Sporting. Julgo que essa capacidade não fará parte do seu "adn", mas tenho que lhe reconhecer uma vontade firme de fazer algo pelo clube, de mudar algo que todos nós sabemos estar bastante mal.
Com quase um mês de exercício no poder, não posso acusar Godinho Lopes de ter cometido algum erro maior, ou de ter desenvolvido alguma acção prejudicial aos interesses do clube. Se pecados cometeu, foram leves e prendem-se, em minha opinião, com a sua falta de capacidade para ser mais incisivo e severo nos julgamentos a alguns atropelos que o Sporting tem recebido do exterior. Mas tem a sua personalidade e terá há muito definido a sua melhor estratégia nos vários tabuleiros em que terá de intervir. Nesta condição, penso que se torna obrigatório por parte de todos os sportinguistas, concederem-lhe o benefício da dúvida e darem tempo ao tempo. O futuro há-de dizer da sua capacidade para recolocar o Sporting no caminho do respeito, por parte dos mais diversos agentes, que se habituaram a limpar os pés no tapete verde de Alvalade.
Tenho acompanhado com particular e cuidada atenção a sua postura, no que à renovação do plantel e equipa técnica diz respeito. Chovem críticas à indefinição, inacção, contemporização e laxismo que aparentemente estará a exibir. Os sportinguistas, cansados de tanto sofrer e de há muito terem deixado de assistir a bom futebol praticado pelo Sporting Clube de Portugal, estão sequiosos de novidades bombásticas, de aquisições fantásticas, de uma intervenção espectacular no mercado. Mas com a ligeireza que a sede atroz determina, não estarão, provavelmente, a apreciar devidamente aquela que eventualmente poderá estar a ser a melhor atitude que o Presidente do clube poderia tomar.
A Godinho Lopes seria extremamente fácil avançar e anunciar aquisições sonantes e dar a conhecer desde já, tudo o que ele e a sua equipa - Luis Duque e Carlos Freitas - já terão conseguido. Quer-me parecer porém, que terá decidido desde o início guardar no "baú", tudo o que já foi realizado e que traria alegria e satisfação aos sportinguistas, em troca da estabilidade do plantel e da prossecução do único objectivo que ainda resta, o 3º lugar !
Se alguém disser que esta estratégia pode encerrar riscos diversos, talvez esteja perto da verdade. Mas quem tem que decidir, terá sempre de optar pelo mal menor. E eu penso que Godinho Lopes terá optado bem. Está seguindo de forma firme e convicta a linha que lhe pareceu a melhor e só o futuro confirmará ou não o acerto da sua decisão. Para mais, se eventualmente foi esse o rumo que escolheu, nada o impede de continuar, no segredo dos deuses e bem longe das manchetes dos jornais, aquele trabalho que ninguém vê, valoriza e aplaude no imediato, mas que pode trazer uma contribuição importante para o clube.
Ironicamente, o processo que Godinho terá escolhido, encerra algumas vantagens. Nos últimos dias a CS trouxe-nos a notícia da decisão de um central brasileiro, que antes se tinha pintado de verde, de permanecer no Brasil em detrimento da vinda para o Sporting Clube de Portugal. Mais um mercenário de que nos livrámos e logo daqueles que gosta muito de falar. O SCP não tem necessidade de jogadores palavrosos, com "os pés no chão" e a "cabeça levantada". Necessita isso sim de, silenciosamente, colocar a bola na relva, tratá-la bem e enfiá-la de mansinho ou depressinha nas balizas dos adversários.
Vamos aguardar pelo final do jogo de Braga. Depois, em 3º ou em 4º, será o primeiro dia do resto das nossas vidas. E aí cobraremos ao presidente, ou aplaudi-lo-emos de pé, de preferência no local apropriado. Em Alvalade.
Leoninamente.
Até à próxima
Sem comentários:
Enviar um comentário