quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Continuamos a amar!...


As duas faces do futebol

«O futebol muitas vezes assemelha-se a Jano, o deus romano das duas faces. É o mais belo e espectacular desporto do mundo, mas depois aparece a lama das negociatas obscuras. O futebol é luz dada pelas estrelas, jogadores e treinadores, pelo calor dos adeptos, contudo, permite na sua engrenagem uma série de criaturas e práticas que deviam ser eliminadas.

Na Champions vivemos a expectativa de um trio luso nos oitavos-de-final. O Sporting já lá está com indiscutível mérito, FC Porto e Benfica estão próximo. Em Barcelona, Jorge Jesus ajoelhou-se porque tinha esse objectivo na bota esquerda de Seferovic. Falta uma ajudinha do Bayern e uns encarnados sem mácula frente ao Dínamo de Kiev para caçar mais uns milhões.

Os dragões não podem desperdiçar tanto. Contra uma equipa veloz e feroz como o Liverpool, não marcar é quase um "hara-kiri". E começa a ser visível que Pepe, um dos melhores centrais da história do futebol português, à beira dos 39 anos, já não pode ser titular em todos os jogos simplesmente porque a máquina vai falhando. Não é falta de empenho e abnegação de um grande profissional, são apenas as limitações da idade.

Quanto ao Sporting o que neste momento faltam são adjectivos para brindar todo o trabalho de excelência de Rúben Amorim. Quando veio, o seu preço gerou dúvidas de todos os adeptos racionais, sobretudo após as apostas falhadas de Varandas em Marcel Keizer, Leonel Pontes e Silas. Não era o seu talento que era questionado, apenas os milhões que iam parar ao bolso do Braga. Hoje, se há uma unanimidade inquestionável entre os leões ela chama-se Rúben Amorim. Sem esquecer que a sua equipa de autor tem como argamassa a força do colectivo, a união que se sente no balneário, a fiabilidade de uma máquina que parece ela sim mais alemã que portuguesa. Assim se compreende a corrosão provocada por três golos num dos potentados da Bundesliga. Dizem que o treinador tem "pé quente", mas julgo que ainda existe outra coisa. Como se lê em "O Conde de Monte Cristo", de Alexandre Dumas, "há um Deus que cuida dos que merecem". Ruben Amorim merece porque a sua competência está só ao alcance dos predestinados.

Mas depois vem a lama. Na comunidade todos se revoltam contra acusações a banqueiros e gestores, a todos causa repulsa suspeitas de corrupção entre as elites. Os nomes de Ricardo Salgado ou João Rendeiro, entre tantos outros, suscitam o asco da generalidade das pessoas, no entanto, no futebol parece que ninguém se importa com negócios duvidosos e opacos desde que o seu clube ganhe. Ora, é tempo do desporto-rei deixar de ser arena para os bailados do Ministério Público e da PJ que esta semana visitaram FC Porto, Braga e Vitória de Guimarães. E tempo também de uma série de criaturas pouco recomendáveis deixarem de andar na órbita desta indústria.»

Que os deuses sempre cuidem de quem merece e sejam implacáveis para os abutres deste nosso podre e obsceno futebol que nós, contudo...

Continuamos a amar!...

Leoninamente,
Até à próxima

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