A MÁQUINA E O HOMEM
«Fernando Gomes, presidente da FPF, teve a coragem de fazer avançar o vídeo-árbitro nesta época. Fê-lo, acredito, na presunção de garantir mais verdade ao futebol e tentar baixar o elevadíssimo ruído que se produz à volta do jogo. E por esta altura já deveria ser ele o grande vencedor do ano, não se desse o caso de à frente da ‘máquina’ estarem homens e de alguns deles cometerem erros inexplicáveis (prefiro pensar que é isso…). Os que sempre olharam de lado para este ‘big brother’, talvez por receio de não conseguirem exercer sobre ele total controlo, devem estar a esfregar as mãos de contentes. Mas aposto que no final não sairão vencedores, ou seja, o VAR veio para ficar.
O vídeo-árbitro é um instrumento decisivo para minorar, não o erro humano mas as suas consequências. Porque há humanos tão incompetentes naquilo que fazem que vão continuar a acumular erros de palmatória, mesmo a julgar imagens televisivas. Apesar de tudo, por cada Vasco Santos com problemas de visão (pisadela de Eliseu a Diogo Viana), haverá um Tiago Martins a garantir mais verdade a um resultado (golos anulados no Sporting-Estoril). É nisso que acredito. É por isso que defendo ser o VAR o grande ponto de viragem do futebol no século 21.
Na história mais ruidosa desta semana (Eliseu sem castigo), o vilão não pode ser José Manuel Meirim. Por isto: "Entendi no momento não ter existido qualquer agressão ou prática de jogo violento por parte do jogador do Benfica ." Este é o testemunho de Vasco Santos. Contra este comentário técnico, Meirim nada pode fazer. Mas o CA pode. E deve.»
Só no jornal Record, que com todos os seus defeitos e virtudes não deixa de ser o meu jornal desportivo e pelo facto, incontornável, de eu já não ter tempo, idade e pachorra para desmontar as "cartilhas" de outros jornais, direi que o primeiro a tentar vestir a pele de cordeiro a José Manuel Meirim terá sido Sérgio Krithinas, que li desarmado pela surpresa de não o julgar de tal capaz e apenas me atrevi a ironizar, numa circunstância em que a minha navalha estava sem fio.
Depois veio Bernardo Ribeiro, ligeiramente mais agreste e exigente e eu achei que a coisa estava a melhorar e admiti que no futuro talvez viesse a revelar a contundência que o contexto imperiosamente exige.
Agora surge José Ribeiro e a sensibilidade que me vinha parecendo reinar no jornal começa a transparecer, perigosamente, até nós leitores com laivos de "cartilha"!...
Pergunto aos três se o CJ não é um orgão de recurso para todas e quaisquer injustiças cometidos pelos juízes de "primeira instância" que são os árbitros?! Julgo que todos concordarão! Nesse caso então, deixo-lhes, de novo aos três, esta simples questão:
Quantas decisões de primeira instância a justiça comum não alterou radicalmente em instância superior?! E deverá terminar com o "testemunho absoluto do vilão Vasco Santos" a justiça federativa?! E o Conselho de Justiça da FPF?! E o Tribunal Arbitral de Desporto?!...
Não sou jurista, nem presumo sê-lo, seja de que modo for, mas incomoda-me esta sensação de poder haver na redacção do jornal Record...
Tabus que já não se usam no nosso tempo!...
Leoninamente,
Até à próxima
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