quarta-feira, 30 de agosto de 2017

É que ainda havia por aí muito jóio escondido!...


Mais justiça é uma boa notícia

Primeiro balanço ao arranque do videoárbitro

«A primeira paragem do campeonato também é uma boa altura para um primeiro balanço ao funcionamento do videoárbitro (VAR). Ora, o VAR não resolveu todos os problemas da arbitragem, nem podia. Desde logo porque o âmbito limitado dos lances em que está autorizado a intervir deixa de fora dezenas de acções que qualquer adepto sabe serem capazes de influenciar o desenrolar de um jogo de forma decisiva. Depois porque, como já se previa, também pode falhar. Serve de exemplo o lance de Eliseu, que escapou ao vermelho depois de uma entrada destemperada sobre Diogo Viana, e que foi assumido pelo próprio Conselho de Arbitragem como um erro, em primeira instância do árbitro, mas também do VAR. Em contrapartida, há vários lances em que a intervenção do novo auxiliar se revelou decisiva para a correcção de decisões erradas e, consequentemente, para a defesa da verdade desportiva. E esse é o principal dado a reter: sem VAR, Eliseu também teria escapado à expulsão, mas dezenas de outros erros teriam passado em claro, influenciando talvez decisivamente o rumo da competição. Claro que há arestas por limar, é óbvio que sobra uma enorme margem para debater critérios e é evidente que o próprio funcionamento do sistema obriga a uma adaptação cultural, desde logo pelo hiato que impõe, por exemplo, entra a marcação de um golo e a respectiva oficialização/festejo. Ainda assim, é indiscutível que, sem ser perfeito, o sistema acrescenta justiça ao jogo. E mais justiça, mesmo que seja daquela que tarda uns segundos, é sempre uma boa notícia.»
(Jorge Maia, Opinião, in O Jogo)


Para além do que acontece em termos da escolha de trincheiras por parte dos adeptos do futebol, com uma larga e natural maioria a cobrir desabrida e desassombradamente o VAR de vicissitudes e impropérios, fosse a classe de jornalistas a essência daquilo que por definição deveria ser e estaríamos a assistir hoje à génese de um equilíbrio que há décadas reclamam os espíritos mais livres e progressistas da sociedade que ambicionamos.

Mas infelizmente não será esse o quadro que hoje por hoje se nos apresenta. O que vemos em cada dia demonstrado é um obscuro, iníquo e subserviente alinhamento por parte da fatia mais grossa de uma comunicação social alienada e cuja vida vegetativa provoca a mais  degradante náusea a todos quantos ainda conseguem ver nesta curta passagem que a cada um vier a  ser atribuída, um caminho para a realização e para a dignidade humanas.

E se recorrermos ao caso mais paradigmático que o advento do VAR terá acabado por despoletar nas instâncias disciplinares que, infelizmente, ainda vão impedindo a salubridade do "pantanal do futebol português", o "caso Eliseu", então seremos levados a admitir que, até para a importante avaliação dos jornalistas deste nosso pequeno mundo, o VAR trouxe um incalculável e provavelmente nunca antecipado benefício: permitir com filtro ainda mais fino, que todo o trigo seja separado do jóio!...

É que ainda havia por aí muito jóio escondido!...

Leoninamente,
Até à próxima

2 comentários:

  1. Só até ao dia... que, inexoravelmente, há-de chegar (quanto mais não seja para ser a excepção que confirma a regra...) em que o Lampiódromo festejará, sem mácula, a sua primeira contabilidade positiva e justa por via dos meios presentes no estádio... Nesse dia... será, objectivamente, primeira página dos jornais... e tudo ficará, para sempre, nos 'canhanhos' das mais belas páginas do futebolês porteguesinho...

    Enfim... coisas de gente menor...

    SAUDAÇÕES LEONINAS

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  2. O problema que eu sempre vi e receei no VAR, está na cor da estrutura: padres, cónegos, bispos, toda uma hierarquia disciplinar filiada na mesma igreja, que bloqueia quando é preciso empurrar a fogueira para certos frangos.

    Como diz o outro, "sejamos sérios": todos os verdadeiros erros verificados até agora são em favor do mesmo clube. Não há coincidências, nem almoços grátis, pois não?

    A grande questão: serão castigados (e bem!) os VAR que, em situações claras, falseiem as informações ao árbitro? Pois...

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