O fantasma de Paulinho Santos
«Lembro-me como se fosse hoje. Num jogo, salvo erro contra o Benfica, Paulinho Santos contorcendo-se no relvado, obrigou à interrupção do jogo, entrada da equipa médica, recurso à maca, acondicionamento do jogador e na saída, este a levantar o polegar para o seu banco, como que a dizer, missão cumprida, enganei-os e consegui quebrar o ímpeto do adversário. Tudo isto a televisão revelou e Paulinho, obviamente, regressou ao jogo.
Refiro este episódio, para sublinhar a figura de Paulinho Santos, um esforçado jogador, mas também um "troublemaker", conhecido sobretudo pelas suas perseguições aos árbitros e entradas a doer. Este Paulinho era a imagem de um certo FC Porto, com expedientes de fingimento e batalha campal, quando as coisas no relvado não corriam de feição, tudo isto piamente branqueado pelas instâncias, com o pretexto que era entrega e mangas arregaçadas.
Esta visão cavernícola do fair-play, foi sendo descartada, com treinadores mais evoluídos, como foi o caso de Mourinho e Vilas-Boas, que coincidiu com uma época em que o FC Porto tinha os melhores jogadores e não precisava tanto destes expedientes.
As considerações que antecedem, servem para tentar explicar as razões pelas quais o Sporting, tendo sido tão superior ao FC Porto na final da Taça da Liga, acabou por perder o jogo.
É simples: o Sporting não teve artes de contrariar o registo que, sobretudo na segunda parte, com o beneplácito do árbitro, o FC Porto imprimiu à contenda e, na qual, para encurtar razões, o fantasma de Paulinho Santos pairou vividamente.
Estamos perante um dilema ético, por um lado contende com os valores matriciais do Sporting, entrar neste tipo de jogo; por outro, se não entrar, não tem, por agora, a mínima hipótese de discutir o resultado.
Para mim, há declinações espúrias do futebol, dentro e fora do campo, que pesam decisivamente e às quais o Sporting tem sido, felizmente, alheio.
Resta saber se o futebol português algum dia se regenerará destes estigmas, que tanto o desprestigiam.
Sejamos claros, com esta organização, esta arbitragem, esta disciplina e estas demoras judiciais, o Sporting não risca. Para ganhar, precisa de ter melhor equipa, melhores jogadores e mais recursos, como outros o fizeram com sucesso.
Estou a ser claro?»
Claríssimo!!!...
Leoninamente,
Até à próxima
Claríssimo é redutor, pois o texto do comentário e exemplificação justificativa é também, cristalina, eloquente e inquestionável.
ResponderEliminarUma vez mais, um agradecimento ao Dr. Barbosa da Cruz, pela excelência, conhecimento e clarividência.
São estas e outras pessoas, de carácter, honorabilidade e competência, que deveriam estar ao serviço das instituições.
Penso que este texto responde cabalmente àquela figura de opereta chamada Francisco J. Marques no Canal Porto, sobre o porquê do Sporting só ter ganho 3 campeonatos em 40 anos. E, já agora, sr. F. J. Marques: também somos incompetentes em apitos dourados e fruta. Aí o Bulhão ganha por goleada à Praça da Ribeira.
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