quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Amorim, ouve a voz da razão!...


O náufrago

«Escrevo antes do duelo com o Midtjylland onde se espera que o Sporting ganhe facilmente e daí parta para um final de época mais auspicioso, menos bipolar – a marca de água desta temporada que viu conviver o brilhantismo frente ao Tottenham, decepcionantes ‘performances’, por exemplo, com Marítimo, Chaves ou Arouca e uma saída trágica da Taça de Portugal na Póvoa de Varzim – e que consiga recuperar o atraso face ao Sp. Braga para atingir a Champions, senão o equilíbrio desportivo e financeiro num futuro próximo será colocado em causa.

O náufrago do título decorre de que há indícios perceptíveis e demasiado evidentes do desnorte de Ruben Amorim que tiveram o seu clímax na contenda com o FC Porto. Ele pode justificar todas as opções porque tem conhecimento de causa, contudo, tenho a certeza que ele compreende que o adepto, o jornalista, o comentador, podem também questionar tudo. Ruben Amorim parece um náufrago que vai perdendo o controlo tanto na estratégia em campo, como na presença mediática onde se revelou um mestre.

No campo, qualquer adepto temeu o pior quando viu Nuno Santos no banco, ele que é hoje um dos esteios da equipa; Trincão que teima em não deslumbrar e foi lançado com uma amigdalite; Bellerin sem rotina e rebentado aos 50 minutos; Esgaio queimado vivo em menos de 15 minutos, isto só no domingo. Sem falar do mau planeamento 2022/23 já reconhecido, em que só se arranjou uma alternativa a Paulinho em Chermiti; 9,5 milhões gastos num central, St. Juste, vindo do Mainz onde fez 8 jogos após lesões e parece ser atreito a essas lesões na mesma; uma ‘grande descoberta’ do ‘scouting’, Sotiris, que nem no banco se senta; já sem falar do mistério num clube sem dinheiro com os 10 milhões esbanjados em Ruben Vinagre.

Fora de campo Ruben Amorim não está a carburar bem. É um erro repetir "ad nauseam" que se vai embora sem receber indemnização ou o cúmulo de afirmar que "nem a Liga Europa salva a época". Ê que salvava mesmo, pela alegria da conquista, pelo prestígio e porque o vencedor tem acesso directo à Champions. E assim se constata que o treinador tem perdido frieza na análise e lucidez na mensagem. Dizia o escritor Amyr Klink que "o pior naufrágio é não partir", ora, nenhum sportinguista deseja que um dos seus melhores treinadores dos últimos 30 anos bata com a porta, pelo contrário, quer é que ele regresse ao melhor de si, à sua liderança carismática e à sua inteligência emocional.

O plantel está mais curto e fraco. Matheus Nunes, Porro (ambos bem vendidos financeiramente) e Palhinha fariam toda a diferença. Porém, é verdade que a união e a força moral do grupo de trabalho que foram couraças no passado parecem agora em escombros. É preciso ganhar rapidamente para voltar a confiança e a tranquilidade. E da administração da SAD é necessária racionalidade e não oscilar no caminho traçado. Sob pena do Sporting voltar a entrar em carnavais eleitorais. É que, apesar de tudo, Ruben Amorim continua a ser um bom seguro de vida. Quero acreditar que ainda é a melhor solução e não um problema. A gratidão leonina dá-lhe crédito.»
* Texto escrito com a antiga ortografia

Também vejo, neste texto, Rui Calafate de regresso à grande forma a que desde sempre habituou os Sportinguistas e o fez credor da minha partitular admiração, respeito e amizade. É incontornável: a sua estrela atinge o zenite sempre que o seu foco incide apenas em Alvalade!...

Amorim, ouve a voz da razão!...

Leoninamente,
Até à próxima

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