sábado, 25 de fevereiro de 2023

Ainda há quem acredite na nossa Justiça Desportiva?!...


«Face à condenação por corrupção activa do antigo director jurídico e assessor da administração do SL Benfica, Paulo Gonçalves, no processo E-Toupeira, a Sporting Clube de Portugal – Futebol SAD mostra-se surpreendida por o Tribunal ter considerado plausível que esse agente desportivo, apesar de ter sido “o elemento preponderante que desencadeou toda a sequência de crimes”, nada tenha informado das suas acções e do resultado das suas diligências ao então presidente da SLB SAD, Luís Filipe Vieira, nem tão pouco os seus vice-presidentes ou Administração.

Ainda que o Tribunal admita que existiria vontade e interesse de Paulo Gonçalves em ter acesso a informações variadas de processos para alegado benefício do SLB, considerou que a concretização de possíveis vantagens não foi demonstrada.

Provou-se (mais um) corruptor activo, concluiu-se que “a conduta de Paulo Gonçalves foi ilícita, porque contrária à Lei” e que por isso teve acesso a informação indevida, mas não se demonstrou que o arguido tenha partilhado essa informação. Ou seja, Paulo Gonçalves corrompeu, teve acesso a informação privilegiada, mas teria agido apenas por sua iniciativa e recreio.

A relação laboral entre o SLB e Paulo Gonçalves terá terminado em finais de 2018, mas este, além de presença assídua no estádio do clube, surge associado ao SLB como intermediário em vários negócios posteriores, como a transferência de Darwin Nuñez do SLB para o Liverpool, com a qual, segundo notícias públicas, terá lucrado cinco milhões de euros. Fica a dúvida sobre o porquê desta intermediação por parte do advogado que já não tinha ligação ao SLB e sobre o qual já recaíam suspeitas e acusações de corrupção.

Este é mais um de vários processos cujos graves contornos colocam em causa o funcionamento e reputação do futebol português e a verdade desportiva das nossas competições: tráfico de influências, corrupção, entregas de malas com dinheiro, jogadores no activo que dizem ter sido aliciados – um sem número de negócios duvidosos e práticas criminosas que mancham o Desporto nacional.

A Justiça falhou no chamado processo do Apito Dourado. É fundamental que desta vez não volte a ficar tudo na mesma, com os intervenientes a fingir que nada se passou, que não existem escutas disponíveis na internet, que o crime teve o castigo merecido. Não teve. E o crime não pode compensar, porque a percepção de que o crime compensa mina totalmente a confiança dos cidadãos nas instituições.

Neste, e noutros casos, tenhamos referência do que é feito lá fora, como é exemplo o caso italiano que levou a Juventus à descida de divisão.

A Sporting SAD já se constituiu assistente em todos estes processos que envolvem o Desporto português e partilhou todas as informações relevantes com as autoridades, nas devidas instâncias, para que a verdade desportiva não seja constantemente deturpada por este tipo de práticas e comportamentos.

O caminho será duro, mas será a única forma de legitimar, de uma vez por todas, o Desporto nacional e o futebol em particular.»

Ainda há quem acredite na nossa Justiça Desportiva?!...

Leoninamente,
Até à próxima

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