«Descansem os leitores que não vou transformar esta crónica numa apreciação literária do magnífico livro de António Tabucchi, mas, em última análise, até seria melhor.
O enredo não é ficção, mas triste realidade.
O presidente da ANTF, José Pereira, na cerimónia de (justa) homenagem a alguns treinadores, transmitiu que Rúben Amorim continuava sem ter a licença UEFA Pro, correspondente ao famigerado IV grau.
Note-se que a preocupação do dito presidente não foram as condições laborais, o desemprego, os salários em atraso, a dignificação da classe, a ética das relações entre profissionais, nada disso. O tema foi, espantosamente, Rúben Amorim.
O dito presidente nada disse sobre a circunstância de o último curso ter sido organizado pela FPF, em novembro de 2020, circunscrito a 20 candidatos e deixando de fora 199 (!) pretendentes, corporizando uma violação enviesada do direito ao trabalho. Se calhar essa circunstância não o apoquenta, porque na prática são menos os concorrentes para os escassos lugares vagos.
A queixa da ANTF no Conselho de Disciplina da FPF é de uma deprimente sibilinidade. Não diz simplesmente que Rúben não tem as certificações exigidas, outrossim acusa-o, a ele e ao Sporting, de simulação e fraude, na elaboração do contrato de trabalho, pondo em causa o poder conformativo da prestação laboral, que assiste ao Sporting, enquanto entidade patronal, e o dever de obediência que impende sobre Rúben, enquanto trabalhador.
Rúben já deu a resposta em campo e, sem a UEFA Pro, ganhou o campeonato. Eu sei que do ponto de vista legal não tem relevância, mas é uma bofetada de luva branca no corporativismo da ANTF, que, por exemplo, ficou calada perante as cenas macacas de Sérgio Conceição e Paulo Sérgio ou na pública descortesia de Jorge Jesus com Lito Vidigal, assuntos que deve ter considerado menores.
Tive de fazer uma busca na internet, para saber que clubes o presidente da ANTF tinha treinado, antes de se alcandorar à posição cimeira da classe e fiquei elucidado. Com treinador e como presidente, o registo é igual: fraca figura.»
E é o que temos: bimbos e bombos!...
Leoninamente,
Até à próxima
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