Ou será que vai jogar para o empate?!...

A França mostrou as limitações alemãs

O que se segue é o que se pode dizer do primeiro dia deste Europeu. Têm havido alguns jogos emocionantes e um par de jogos de classe elevada até aqui. Os belgas e os italianos, em particular, tiveram exibições convincentes, e os holandeses mostraram um futebol bonito. Campeão da Europa, Portugal ganhou merecidamente contra a Hungria, embora o resultado tenha sido algo exagerado. Campeã do Mundo, a França mostrou as limitações da Alemanha. Embora se tenha esforçado, alguns aspectos da equipa alemã fizeram-me lembrar a equipa de 2018.

No global, a qualidade do futebol tem sido algo medíocre, mas isso é normal após uma época longa. A juntar a isto há a estrutura da prova, na qual os quatro melhores terceiros na fase de grupos seguem em frente e apenas 8 das 24 equipas ficam fora das últimas 16. Assim, ninguém quer perder e as equipas assumem uma postura mais cautelosa, sabendo que seguem em frente com apenas uma vitória e um empate.

O 3-2 entre Países Baixos e Ucrânia foi uma excepção. É o futebol da forma como o queremos ver e para mim o ponto alto, até agora, do Euro 2020. Mas estou convencido de que assim que a fase de eliminação se aproximar e as primeiras decisões surgirem, vai aumentar a vontade de muitas das equipas em assumir o risco. O nível vai ser mais elevado em resultado disso. O espírito de equipa vai ser a chave para o êxito neste particular. Mesmo que os melhores jogadores formem uma equipa, a tentativa de chegar ao título vai sempre resultar em nada caso não se entendam.

A diferença que pode fazer o espírito de equipa pode observar-se no resultado de 0-0 entre Espanha e Suécia. Os suecos lutaram com enorme sacrifício e até podiam ter vencido, apesar da larga superioridade de Espanha. Mas os espanhóis não desapontaram; apenas falharam em termos de consistência e de finalização.

Os favoritos mostraram largamente a sua qualidade, o que também aconteceu no encontro entre Inglaterra e Croácia. Isso não pode ser atribuído apenas à qualidade. Tenho a impressão que os favoritos têm levado o torneio a sério desde início. Eles sabem que podem assegurar uma posição vantajosa nos últimos 16 caso vençam os seus grupos, porque eles podem assim ter uma tarefa mais facilitada contra um segundo ou terceiro classificado de outro grupo.

A maior surpresa até agora foi a vitória da Eslováquia sobre a Polónia. Ficou visível a todos que Lewandowski não tem na selecção o mesmo suporte de alta categoria que tem no Bayern. Até o melhor jogador do mundo depende de assistências. Ele recebe essas bolas no Bayern; ele teria essas bolas no Real Madrid ou no Barcelona. Mas os seus companheiros na equipa polaca não têm qualidade para este nível.

Embora o torneio ainda esteja no início, já temos o golo deste Europeu. Assumo: ninguém vai marcar um golo mais bonito neste torneio do que aquele que o checo Partrik Schick na vitória por 2-0 sobre a Escócia. Fico agradado ao ver recompensado um jogador com a coragem de tentar o golo a quase 50 metros da baliza. Fazer melhor vai implicar um lance como o de Maradona no Mundial de 1986. E mais: nenhum guarda-redes vai cair sobre as redes de forma mais espectacular do que aquela.

Também temos observado cenas que vão perdurar para sempre na memória. Só temos de estar agradecidos e felizes por o dinamarquês Christian Eriksen ter sido assistido tão rápido e conseguido sobreviver àquele colapso no campo. Assisti a tudo em direto na televisão e senti-me afectado, como tantas outras pessoas. Uma pessoa sente-se impotente em momentos assim, mas agora estamos todos mais aliviados. Espero que Eriksen recupere por completo. Se ele um dia voltar a campo, poderemos dizer que as coisas acabaram bem.»

(Lothar Matthäus, in Record, ontem às 23:32)

No sábado saberemos se Fernando Santos se terá mesmo apercebido das "limitações alemãs" que a França parece ter evidenciado de forma quase escandalosa!...

Ou será que vai jogar para o empate?!...

Leoninamente,

Até à próxima