sábado, 4 de maio de 2019

Democracia de partido único!!!...


O castigo a Vieira e o ataque ao regime


«O presidente do Benfica, Luis Filipe Vieira, foi castigado pelo Conselho de Disciplina da FPF com 90 dias de suspensão, por declarações proferidas no final do jogo com o FC Porto para as meias-finais da Taça da Liga, dirigido pelo árbitro Carlos Xistra e com Fábio Veríssimo na função de VAR.

O Benfica via um seu segundo golo ser mal anulado (que faria o 2-2 num jogo que terminaria em 3-1 para o FC Porto), mas uma coisa é a identificação e a afirmação do erro; outra coisa é a forma como se faz. E os presidentes em Portugal, salvo algumas excepções, confundem as duas coisas.

É bom entender que quando Luís Filipe Vieira prestou as declarações no final do jogo ("esse homem não pode apitar mais") havia apenas percepções e certezas de nada. A existência de linhas certificadas de fora-de-jogo tinha muito provavelmente evitado um erro de avaliação da equipa de arbitragem; tinha dispensado Vieira de fazer as considerações que fez e tinha poupado o presidente do Benfica a um castigo e às manobras de comunicação oficiais que se lhe seguiram. O ‘futebol tecnológico’ tem de acelerar as soluções tecnológicas. Esse é um ponto essencial. Não pode ficar escravo de mentalidades obsoletas.

O jogo em causa realizou-se a 22 de Janeiro, em Braga, e depois disso Fábio Veríssimo nunca mais foi colocado a dirigir jogos do Benfica, nem no campo nem na função de videoárbitro. O que levanta uma questão sobre os ‘castigos’ do CA e sobre os vetos que o clubes querem sugerir ou forçar. No primeiro caso, não há um critério transparente sobre as consequências de um mau desempenho de um árbitro ou de uma equipa de arbitragem. E isso tem a ver com o facto, muito negativo, de não haver, entre a opinião pública em geral, o conhecimento de como os árbitros são avaliados. O processo é omisso, incompleto e nublado — e manter tudo ‘em segredo’ não parece boa política, num tempo em que tudo é escrutinado ao milímetro. O processo de classificações dos árbitros não pode ser tratado como se estivéssemos a falar de uma sociedade secreta. E, se é, tem de deixar de ser.

A ineficácia do sistema é medonha.

Vejamos este caso do castigo ao presidente do Benfica.

A via processual é a mesma de sempre: um grande protagonista é castigado, sai a respectiva ‘comunicação’ a fazer o espectáculo do crime lesa-futebol e perseguição à instituição, segue-se o recurso, com ou sem providências cautelares, consoante o que esteja em causa, para se conseguir o máximo efeito dilatório possível, os castigos são decididos, posteriormente, em momentos em que, perdoe-se-me a expressão, nada tem a ver com nada, instala-se a ideia de impunidade e a banda segue, quase sempre de forma a atenuar as sanções.

Toda a gente já percebeu a ‘técnica’ de Vieira. Não dar sossego a ninguém que tenha o desplante de colocar em causa o seu poder. Já foi assim historicamente com o FC Porto e, com o Sporting, com um canivete na mão, o ex-presidente tentou reclamar para si o mesmo quinhão de influência e de capacidade de resposta. É este princípio que está errado e que coloca numa posição de enorme fragilidade, como tenho dito, a Assembleia da República, o sistema judicial e a própria comunicação social. Neste tapete cheio de pregos e de coacção evidente, a maior parte fica pelo caminho. Porque acha que - nesse domínio da dependência e de um certo servilismo - tem sempre algo a ganhar, nem que sejam umas migalhas. É difícil de resistir e o sistema não se renova nem se regenera. Dramático.

O foco já esteve, e ainda está, de algum modo, em José Fontelas Gomes, mas rapidamente se virou para José Manuel Meirim, titular da ‘pasta’ da Disciplina, porque teve o desplante de castigar o presidente do Benfica com 3 meses de suspensão. O horror, a desgraça, a ousadia, o caos.

O Benfica gostaria de clonar os ‘Guerras’ desta vida e colocar a soldadesca, um por um, depois de saírem da linha de montagem, no Conselho de Arbitragem, no Conselho de Disciplina, nas bancadas parlamentares, nas Administrações das empresas privadas, para assim ter a certeza de que não é prejudicado. Mas sejamos justos: o FC Porto de Pinto da Costa fez escola, no futebol português, com a mesma mentalidade e o Sporting só não avançou nesses mesmos domínios por impotência e incompetência.

Em Portugal, falta uma escola de formação para dirigentes desportivos. Quando a base está errada, tudo o resto fica comprometido.

Por este andar, é uma questão de tempo. O futebol, em Portugal, já faz parte de uma indústria muito pouco credível. Os títulos podem valer muito dinheiro, mas na consciência das pessoas já valem muito pouco.

Esta coisa de os clubes quererem definir e ser os regimes e colocar os regimes ao seu serviço, para além de ser uma coisa muito pouco democrática, é nos seus impulsos um ataque inaceitável à propria Democracia...»
(Rui Santos, Pressão Alta, in Record)


"Posição de fragilidade da Assembleia da República, do sistema judicial e da própria comunicação social"?!... Ó Rui, tu vê lá se te botas a pau e não faças como o outro: não vás à guerra de 'canivete'! Até parece que estarás a esquecer que 'eles' têm a maioria absoluta dentro daquilo a que tu próprio chamas de 'regime' e que, se me permitires, eu preferiria chamar de...

Democracia de partido único!!!...


Leoninamente,
Até à próxima

2 comentários:

  1. Pode até o "caracolinhos" dizer que o Sporting "tentou" conseguir o que "os lampiões e os andrades"...
    Há muito "dividem entre si"...

    Até nem vou dizer que "não tenha tentado", a verdade porém é que "não conseguiu" e desse modo "os lamps e os dragos" continuam "à vez ou ao mesmo tempo" a serem " e senhores da pouca vergonha"...dividindo entre si "o bolo" de milhões...enquanto quem poderia pôr cobro a esta roubalheira, continua "a assobiar para o lado"...porque quem sabe...talvez "acabe também a comer na mesma manjedoura..."

    Um dia isto terá fim...mas será que "ainda vem a horas...?"

    SL

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    1. Caríssimo Amigo Max, o povo a que pertencemos dz, na sua imensa e poderosa sabedoria, que "não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe"! E diz também, quase premonitoriamente, que "em todo o tempo é tempo"!...
      Vamos continuar, com a certeza de que cedo ou tarde a Verdade triunfará!...

      Abraço e SL

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