Sporting e Paulinho tonificados
«Ainda é cedo para tirar conclusões categóricas sobre os efeitos da despudorada decisão de disputar o Mundial nas arábias quando os campeonatos caseiros ainda não haviam disputado um terço dos jogos. O calendário ficou de pernas para o ar, a Liga dos Campeões e as restantes provas europeias tiveram igualmente de ser compactadas e há mais incertezas e más sensações do que nunca. Há danos mais ou menos evidentes: o FC Porto, por exemplo, está a lidar com as lesões de Pepe e Eustáquio ao serviço das respectivas selecções e não parece totalmente descabido considerar que o recente empate do Benfica em Moreira de Cónegos, com o inerente afastamento da ‘final four’ da Taça da Liga, também possa ser contabilizado como um efeito colateral. A verdade é que nem os astrólogos e os tarólogos que sempre ganham mediatismo nesta altura do ano saberão ao certo como irá decorrer a reintegração nas respectivas equipas dos internacionais que regressaram do Qatar ou como esses mesmos clubes se irão exibir, principalmente na vertente física, quando chegarem os momentos finais e mais deliberativos da temporada. Mas, neste horizonte de enorme obscuridade, também há a sensação de que houve quem beneficiasse da situação e do remanso no calendário. O exemplo que temos mais próximo é o do Sporting. E, se quisermos ser ainda específicos, o avançado Paulinho é bem capaz de ser a amostra individual mais ilustre e notória do revigoramento conseguido com o hiato para a consumação do Mundial da vergonha.
O Sporting continua a ter os mesmíssimos 18 pontos de atraso total para o trio que segue à sua frente na liga portuguesa (12 para o Benfica, 4 para o FC Porto e 2 para o Sp. Braga). Mas a suspensão do campeonato, a par da carreira vitoriosa e goleadora na Taça da Liga, serviu para lhe lavar a alma e para tonificar a própria equipa leonina. É verdade que, após os fiascos em Arouca e na recepção ao Eintracht de Frankfurt, os primeiros sinais de retoma surgiram ainda antes da interrupção, primeiro com o triunfo tranquilo (3-0) sobre o V. Guimarães e, depois, com a vitória proveitosa em Famalicão (2-1). Mas o leão verdadeiramente arrebitado e empolgante viu-se nos êxitos quase sempre gordos conseguidos sobre Farense (6-0), Rio Ave (2-0), Marítimo (5-0) e Sp. Braga (5-0), conjunto de jogos da Taça da Liga que resultou num total de 18 golos marcados e nenhum sofrido. Registou assim uma média goleadora de 4,5 golos, quando nos primeiros 34 jogos da época não tinha passado de 1,7 golos, em média.
Rúben Amorim aproveitou o tempo para trabalhar o balneário do ponto de vista emocional, mas também para recuperar a fiabilidade defensiva que se havia perdido esta época. Vários jogadores cresceram imenso de rendimento (Porro e Nuno Santos são casos evidentes), resultando também muito bem a colocação de Edwards a partir do corredor direito, passando para o lado contrário um Trincão que está finalmente a cumprir as expectativas da sua contratação. Foi lançado Mateus Fernandes, que tem muito potencial, e foi dado tempo de jogo a Essugo e a Jovane, que pode ser opção até como ponta-de-lança. Pote voltou ao miolo (no que parece mais uma solução alternativa) e Arthur Gomes provou que também dá conta do recado na ala direita.
Mas o mais significativo foi a reabilitação de Paulinho, que os adeptos já aplaudem de pé. É possível que, como foi noticiado, Paulinho esteja a beneficiar do trabalho de um psicólogo competente. E não me custa a crer que, aos 30 anos e com a reputação e a confiança recuperadas, ainda possa superar os números conseguidos no Gil Vicente (20 golos), no Braga (25) e no próprio Sporting (14). Os seis golos e as duas assistências que somou nos últimos quatros jogos regeneraram-no até aos olhos de certos estrábicos que chegaram a tratá-lo como um inapto caro. Esses agora até já lhe exaltam o poder de acelerar pela ala, como se ele antes andasse a passo de tartaruga. Nunca irão enxergar que a sua qualidade e o que ele dá à equipa nunca poderão ser avaliados apenas em função dos golos que marca.
Frederico Varandas
Para a tonificação do Sporting terão contribuído as mensagens de tranquilidade e de rumo bem definido emanadas pela liderança de Frederico Varandas e Hugo Viana. E, neste âmbito, deve incluir-se a própria renovação do contrato do treinador. Isso e também uma entrevista do presidente tiveram até a serventia de ajudarem a desmobilizar a oposição artificial de uma claque liderada por belzebus usurpadores e com cadastro...»
Veremos depois de amanhã em paços. Mas, na verdade...
Serão grandes as expectativas!!!...
Leoninamente,
Até à próxima
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