Uma venda anunciada
«Ruben Amorim acordou um destes dias com a mesma sensação que Joan Didion descrevia no seu íntimo e genial livro "O ano do pensamento mágico": "despertei e senti o sentimento da escuridão, não do dia".
Há poucas semanas aqui escrevi, e o Record escolheu para destaque do texto, que a época futebolística do Sporting dependeria em grande medida da "performance" da dupla Ugarte-Matheus Nunes. O segundo apontado pelo próprio Guardiola como um dos melhores médios europeus, tinha o seu destino escrito nas estrelas a partir dessas palavras, a Premier League, só não sabíamos quando e para onde.
É compreensível, no entanto, que o técnico sportinguista, que é desde a sua chegada o verdadeiro cimento da união que ainda se respira no clube, não tenha ficado contente com a partida de uma pedra angular do seu modelo de jogo. Mas é a vida.
Nenhum clube português pode recusar 45+5 milhões. A sobrevivência dos emblemas depende da venda de activos e ver partir os seus melhores é uma lei inexorável que bem lá no fundo os adeptos sabem que tem de ser assim.
O que não compreendem é o cocktail de declarações e notícias avulsas que agora soam ridículas e não fazem qualquer sentido e daí a revolta de muitos leões - inclusive apoiantes de Varandas - com a saída do jogador que foi comprado ao Estoril.
Primeiro disse-se que com a Champions e a venda de Palhinha para o Fulham a situação financeira estava estabilizada, depois, que a venda de Tabata servia para segurar Matheus Nunes, logo a seguir, Ruben Amorim reiterou que mais do que a vinda de Cristiano Ronaldo o importante era a manutenção de quem estava sobretudo Matheus Nunes e a concluir o técnico reforçou que havia jogadores a recusarem 5 ou 6 vezes mais do que auferiam em Alvalade (Matheus Nunes, naturalmente).
Muita parra pouca uva, portanto. Muita conversa mas o internacional português foi parar ao mesmo de sempre, o Wolverhampton, que se tornou o melhor amigo de Jorge Mendes e das suas comissões.
Ora, o Wolves não é colosso nenhum, é "muita poucachinho" (como diria Jorge Jesus a quem desejo sorte na Turquia) para quem Guardiola promoveu aos píncaros e o momento é péssimo pois sem ele o Sporting será mais fraco no Dragão, apesar de ter outras armas para disputar o resultado.
Ouve-se no grande filme de Glauber Rocha, "Terra em Transe", que "não se muda a história com lágrimas". Também é assim no futebol. As páginas sublimes escrevem-se com vitórias e felicidade, cabe agora ao presidente e treinador encontrarem soluções, sucessor e fórmula para substituir Matheus Nunes. Será difícil, mas a venda estava anunciada. O momento é que foi péssimo.»
"Encontrar soluções, sucessor e fórmula"!...
E que Matheus Nunes tenha muita sorte!!!...
Leoninamente,
Até à próxima
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