«Os trabalhos publicados ontem pela ‘Sábado’, Record e ‘CM’ sobre os negócios e o ambiente que se viveu no Benfica durante a presidência de Luís Filipe Vieira são uma exemplar radiografia sobre o estado do clube. Em grande medida, são um retrato implacável do próprio futebol português, da impunidade reinante, da promiscuidade com uma parte da banca, dos interesses transversais que não têm em mínima consideração os suportes essenciais da vida de um clube, como o são os seus adeptos e a sua história.
Luís Filipe Vieira seguiu o exemplo de Pinto da Costa, mais velho na arte de transformar o clube no seu próprio escudo e em rentável negócio pessoal. No momento em que se afirma "cansado", em que precisa de "descanso na cabeça", Vieira congratula-se por ser presidente do Benfica "porque, senão, fora daqui ainda era pior".
Na conversa com José António Santos, o ‘nadador salvador’, como o qualifica nas escutas do processo ‘Cartão Vermelho’, Vieira dá-nos a confirmação plena de que o clube é apenas a fortaleza que o defende dos inimigos, em particular da justiça. Felizmente, Viera enganou-se.
Em mais de 40 volumes, a justiça mostra como Vieira ganha dinheiro e como o clube é instrumental. Mostra que gere o Benfica quase exclusivamente em função dos seus interesses. Mostra como criou uma teia de cumplicidade num grupo de comissionistas e facturou em tudo o que foi transferência. Percebe-se, por ali, que é praticamente impossível que este ‘modus operandi’ fosse desconhecido de pessoas envolvidas directamente na gestão da SAD, em particular alguns dos seus mais altos responsáveis e que lá estão ainda. Percebe-se, também, como já aqui se escreveu, que esse ambiente putrefacto foi criando um pântano que não seca e desaparece de um dia para o outro.
Podem ficar à espera das provas que sustentem um julgamento em juízo mas o que o dinheiro e o seu rasto mostram, nas mais diversas operações, já deveria ter desencadeado punições na esfera dos reguladores e das autoridades que gerem o futebol. Se continuarem todos a meter a cabeça na areia, persistirá o futebol profissional português na marcha em direcção ao abismo. A caminho da extinção por manifesta falta de objecto, seja ela a verdade desportiva, que há muito se foi, ou o prazer dos adeptos, pelo menos daqueles que não estão fanatizados por claques que se movem apenas e só pelo seu quinhão no saque a que todos estamos a assistir. Em directo e a cores!»
Acredito na fé que Eduardo Dâmaso parece expressar hoje, aqui e agora, na Justiça Portuguesa! Mas a minha experiência de 75 anos de vida - 28 sob o jugo fascista e mas 47 sob o jugo da "nacional corrupção porreirista"! - diz-me que aquela, a Justiça Portuguesa, voltará a ter uma vitória de Pirro no 'Cartão Vermelho', em tudo semelhante, igual ou ainda pior, que aquela que outrora contabilizou no 'Apito Dourado'!...
É certo que os sacos terão mudado. Serão hoje mais atraentes para o comprador, de peso mais equilibrado e com maior resistência para quem tem a incumbência de os transportar. Porém...
A farinha continua a mesma!!!...
Leoninamente,
Até à próxima
Entre tanto desmando, processos judiciais, alegações, indícios, matéria probatória, comprovativos incriminatorios e arguidos, muito gostaria eu de entender, porque razão a entidade reguladora do mercado de capitais, ainda não suspendeu ou mesmo expulsou a SAD e organização de matriz malfeitora e promotora de tantos ilícitos?
ResponderEliminarComo é possível, que desde já não sejam tomadas providências, pese embora o direito à presunção de inocência?
Não existe sobejante matéria processual e gravíssimos indícios de fraude, branqueamento, evasão e abuso de confiança, que justifique a adoção de medidas de excepção, que salvaguardem o devido nível de credibilidade e confiança nas instituições financeiras?
Que bagunça é esta, em que uma organização beneficia de proteção e está acima da Lei, praticando actos e crimes que lesam o País, a população, as instituições públicas ou de direito privado e, terceiros?
Um autêntico Estado mafioso, corruptor, vivendo e alimentando-se à margem da Lei e em óbvia, clara e espúria violação dos elementares deveres e obrigações, perante o Estado de Direito.
Perdoem-me o termo e brejeirice, mas dá vontade de gritar bem alto - que porra de País é este?
Não há vergonha, nem dignidade, nem esperança?