Teoria da evolução aplicada ao VAR
Reconhecer que há problemas de credibilidade que resultam da análise microscópica de cada lance e reduzir a margem para polémicas estéreis protege os árbitros e o espectáculo
Não foi preciso esperar muito: à 2.ª jornada, as polémicas com a arbitragem voltaram à ordem do dia na Liga Bwin, com o VAR inevitavelmente metido ao barulho.
Entretanto, na Premier League, o uso do videoárbitro foi revisto no arranque desta época com o principal objectivo de evitar a análise microscópica e a respectiva penalização de lances triviais. Seguindo o exemplo da Holanda, linhas mais grossas são usadas para avaliar todas as situações de fora de jogo e, em caso de sobreposição, o benefício volta a ser dado ao atacante, considerando-se o lance legal.
Bruno Fernandes já foi favorecido pelas alterações, ao marcar um dos seus três golos na vitória do Man United sobre o Leeds numa situação que, há um ano, provavelmente teria sido invalidada por deslocação. Claro que as polémicas não vão acabar por causa disso em Inglaterra e menos ainda acabariam por cá, onde a relação dos adeptos com a arbitragem se processa na base de disparar primeiro e fazer perguntas depois.
Ainda assim, é indiscutível que o futebol ganha com o facto de se "perderem" menos golos por uma mera unha. De resto, o mais relevante das experiências holandesas e inglesas é o reconhecimento de que o VAR é uma ferramenta recente que pode e deve ser melhorada. O uso da tecnologia de vídeo no râguebi, por exemplo, levou quase seis anos até atingir a eficácia e aceitação generalizada que se regista actualmente.
Reconhecer que há problemas de credibilidade que resultam da aplicação da tecnologia para uma análise forense de cada lance e assim reduzir a margem para polémicas estéreis protege os árbitros e, sobretudo, o espectáculo. Reconhecê-lo e agir em conformidade é só uma demonstração de bom senso.
Teria apreciado bem mais um artigo de opinião de Jorge Maia semelhante ao que agora publicou no jornal O Jogo, se tivesse sido escrito na época passada, após o encontro Moreirense-Sporting, em que aos 58 minutos Pote fez o que seria o 2-0 para os leões mas viu o golo ser-lhe anulado por pretensa deslocação, imagine-se, de... dois centímetros. Exactamente uma aberração do VAR em tudo semelhante àquela que agora lhe terá servido de mote e que suponho ter estado consubstanciada na anulação do golo a Bruno Rodrigues, quando aos 90+4 minutos fez o empate no recente Famalicão-Porto, que permitiu aos dragões vencer o jogo por 2-1.
De qualquer forma...
Mais vale tarde que nunca!...
Leoninamente,
Até à próxima
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