BENFICA MAIS PAPISTA... QUE O PAPA
«A minha posição em relação ao ‘caso dos ‘emails’, de acordo com o ‘material’ colocado na praça pública por Porto e Benfica, foi desde o início muito clara, na sequência da quebra da opacidade que tenho defendido há muitos anos sobre a ‘indústria’ do futebol português: as acusações eram tão graves — títulos conquistados pelo Benfica nas últimas quatro épocas colocados sob suspeita — que era preciso investigar, até às últimas consequências, doesse a quem doesse.
As informações que havia particularmente reunido, no âmbito do meu papel de analista e comentador, e que fui dando conta no Tempo Extra, da Sic Notícias, levaram-me à conclusão de que, não obstante a força do vento que sempre sopra em várias direcções nestes momentos de borrasca, a investigação estava a realizar-se, mesmo considerando os incidentes processuais que já todos percebemos terem acontecido nas últimas semanas e que atrasaram as buscas (não) domiciliárias aos principais suspeitos. Se queremos a verdade, doa a quem doer, todos concordamos que as buscas deveriam ter-se realizado mais cedo…
Estas últimas diligências da PJ, arrastando 28 inspectores, 4 magistrados do Ministério Público e 2 juízes de instrução, conferem ao processo uma dimensão e um interesse indiscutíveis. Não faz mais sentido pensar que se trata de uma brincadeira, apenas para ocupar o tempo das pessoas e delapidar ainda mais o erário público. Tentar esconder atrás de certas ‘tecnicalidades jurídicas’, segundo as quais se é ou não arguido, ou por que motivo se é arguido, é não querer assumir que o caso tomou, de vez, uma nova dimensão, independentemente dos resultados que ele vier a conhecer.
As informações que havia particularmente reunido, no âmbito do meu papel de analista e comentador, e que fui dando conta no Tempo Extra, da Sic Notícias, levaram-me à conclusão de que, não obstante a força do vento que sempre sopra em várias direcções nestes momentos de borrasca, a investigação estava a realizar-se, mesmo considerando os incidentes processuais que já todos percebemos terem acontecido nas últimas semanas e que atrasaram as buscas (não) domiciliárias aos principais suspeitos. Se queremos a verdade, doa a quem doer, todos concordamos que as buscas deveriam ter-se realizado mais cedo…
Estas últimas diligências da PJ, arrastando 28 inspectores, 4 magistrados do Ministério Público e 2 juízes de instrução, conferem ao processo uma dimensão e um interesse indiscutíveis. Não faz mais sentido pensar que se trata de uma brincadeira, apenas para ocupar o tempo das pessoas e delapidar ainda mais o erário público. Tentar esconder atrás de certas ‘tecnicalidades jurídicas’, segundo as quais se é ou não arguido, ou por que motivo se é arguido, é não querer assumir que o caso tomou, de vez, uma nova dimensão, independentemente dos resultados que ele vier a conhecer.
O director de comunicação do Porto, Francisco Marques, revelou finalmente como obteve acesso aos emails; a ser verdade, colocavam o Benfica numa situação muito comprometedora: através de um email que trazia, em anexo, uma cartilha. O Benfica vem falando de "violação do sistema informático", mas o Porto assume agora uma posição mais clara: depois de verificar a veracidade daquilo que resultava de um primeiro email, passou a receber outros, agora através de uma conta encriptada. Estamos de volta à ‘casa de partida’: o papel das cartilhas e dos cartilheiros.
Já disse e volto a dizer que é preciso apurar aquilo que são mecanismos geradores de promiscuidades várias daquilo que é efectivamente crime.
Como venho reflectindo, no auge do crescimento da sua organização interna e do melhor aproveitamento daquilo que é a força resultante da ‘marca’ Benfica, municiadora de vários poderes, Luís Filipe Vieira — depois de alimentar uma estratégia de eliminação dos focos de oposição — começou a ver os resultados de uma política de atracção e de expansão da sua política de gerir influências.
Estamos a falar de uma estratégia: que começou a ser concebida e preparada ainda antes de o Benfica reconquistar o seu estatuto de ‘clube dominante’.
É por isso que volto a dizer, na sequência do que escrevi em artigo anterior, que ‘o caso dos emails’ é uma extensão do ‘caso dos vouchers’ — e as cartilhas seriam a cereja em cima do bolo, para quem pensava que era possível, sem ninguém desconfiar, ter a comunicação externa uniformizada e superiormente controlada.
O papel de Carlos Janela, enquanto coordenador-mor das cartilhas, era talvez observada no Benfica, não como uma ilicitude, mas como um sinal de maioridade estrutural e comunicacional, de um clube que ‘estava muito à frente’, neste e noutros aspectos, em relação aos principais adversários. Foi também por isto que o Benfica não se conformou quando percebeu que Jorge Jesus ia mesmo para o Sporting. Fazia parte do plano de controlo e expansão ter JJ longe do território e da dialéctica nacionais. Até à revelação dos primeiros e-mails, a estrutura do Benfica achava-se a máxima eficácia, depois das críticas aos procedimentos e aos métodos que culminaram no Apito Dourado, o Benfica foi mais papista que o Papa. A avaliar pelo conteúdo dos e-mails (é muito importante apurar a veracidade do conteúdo dos emails, ao contrário do que afirma João Correia…) há muita gente que terá exorbitado, designadamente Paulo Gonçalves, que há muito deveria ter tomado uma posição sobre o caso e o seu alegado envolvimento.
A recusa da providência cautelar, as buscas ao Benfica e os diferentes planos de (contra) argumentação, colocam o Porto, nesta fase, a ganhar pontos. O Benfica ainda não conseguiu impor um argumento indiscutivelmente forte, em nome da sua completa inocência. Ou os porta-vozes do Porto são verdadeiramente irresponsáveis e capazes de montar uma cilada criminosa, tese que tem vindo a ser esvaziada, ou o Benfica está mesmo (auto)entalado.
Como sempre disse, igualmente, desde o início, cabe à investigação determinar o que é crime e o que não é. Esta é mais uma oportunidade para limpar o que tem de ser limpo, seja a Norte ou a Sul. O futebol em Portugal precisa, urgentemente, de entrar num novo ciclo. [...]
O CACTO
"Até que enfim!"
Questões de comunicação também associadas ao ‘mailinGate’: nunca tinha visto uma recepção de uma brigada da PJ, no âmbito das respectivas buscas (não) domiciliárias, ser celebrada tão entusiasticamente por quem está a ser investigado pelos crimes de corrupção passiva e activa. "Até que enfim!" - proclamou o advogado e porta-voz da equipa de juristas que representa o Benfica. Extraordinário.»
(Rui Santos, Pressão Alta, in Record)
Para além de toda a alegada e cada vez mais notória criminalidade que o processo dos emails possa envolver da parte do Benfica e da capacidade, convicção e determinação de que estejam embuídas "as entidades competentes - até agora bem mais evidentes as preocupações de fornecer armas aos presumíveis arguidos, quer no tempo quer no modo de actuação! - o Benfica terá cometido, em todo este processo, um erro capital: julgar mal idealizada, planeada e deficientemente levada à prática a estratégia desenvolvida pelo Porto, na pessoa do seu Director de Comunicção e, eventualmente, por outras forças que desde o ínício lhe pareceram estar associadas.
O Benfica do alto da sua proverbial jactância e suportado por colossais erros de análise da multidão de juristas que sempre o assessoraram, engrossada ultimamente, quando sentiu o fogo a chegar-lhe ao rabo, por "escritórios de advogados" de inestimável peso na praça, na influência no sistema judicial e na na bolsa de quem um dia lhes terá de pagar ganhe ou não a causa em apreço, julgou, erradamente, que todo este processo não passaria de uma "reprise" do famigerado "apito dourado", facilmente anulável com armas parecidas à que fizeram abortar esse "furação" que acabaria transformado em leve e cálida "brisa vespertina" de final tarde de fim de Verão...
Mas a montanha desta vez parece não estar disposta a "parir um rato"! Em vez de um minúsculo roedor, tudo indica que a montanha acabará por parir um colossal paquiderme, porque a inseminação não terá partido de um inocente e amador conjunto de "dadores de esperma", antes de experimentados procriadores jubilados da mais fina água, calejados por décadas e décadas de experiência nas mais altas instâncias da nossa arquitectura judiciária.
E tudo aquilo a que vimos assistindo de há quatro meses para cá, mais não será que o rigoroso cumprimento ao micron, de um plano minuciosamente traçado e superiormente cumprido para, aproveitando todos os passos em falso cometidos por uma estrutura que afinal sempre parece ter assentado a sua prática em processos pecaminosos, colocar o Benfica a breve trecho no escalão secundário do futebol nacional.
Rui Santos parece desde o início e a meu ver, ter recolhido a exacta percepção do que estava a acontecer e tem vindo a ser, ultimamente, em cada crónica e no Tempo Extra da SIC, cada vez mais preciso e contundente.
Por alguma razão também e jamais fruto do acaso, alguém já terá colocado no Twitter o danado do cão a rir em gargalhadas sem fim e anunciando pelo meio...
Uma luz ao fundo do túnel!...
Leoninamente,
Até à próxima
O Benfica do alto da sua proverbial jactância e suportado por colossais erros de análise da multidão de juristas que sempre o assessoraram, engrossada ultimamente, quando sentiu o fogo a chegar-lhe ao rabo, por "escritórios de advogados" de inestimável peso na praça, na influência no sistema judicial e na na bolsa de quem um dia lhes terá de pagar ganhe ou não a causa em apreço, julgou, erradamente, que todo este processo não passaria de uma "reprise" do famigerado "apito dourado", facilmente anulável com armas parecidas à que fizeram abortar esse "furação" que acabaria transformado em leve e cálida "brisa vespertina" de final tarde de fim de Verão...
Mas a montanha desta vez parece não estar disposta a "parir um rato"! Em vez de um minúsculo roedor, tudo indica que a montanha acabará por parir um colossal paquiderme, porque a inseminação não terá partido de um inocente e amador conjunto de "dadores de esperma", antes de experimentados procriadores jubilados da mais fina água, calejados por décadas e décadas de experiência nas mais altas instâncias da nossa arquitectura judiciária.
E tudo aquilo a que vimos assistindo de há quatro meses para cá, mais não será que o rigoroso cumprimento ao micron, de um plano minuciosamente traçado e superiormente cumprido para, aproveitando todos os passos em falso cometidos por uma estrutura que afinal sempre parece ter assentado a sua prática em processos pecaminosos, colocar o Benfica a breve trecho no escalão secundário do futebol nacional.
Rui Santos parece desde o início e a meu ver, ter recolhido a exacta percepção do que estava a acontecer e tem vindo a ser, ultimamente, em cada crónica e no Tempo Extra da SIC, cada vez mais preciso e contundente.
Por alguma razão também e jamais fruto do acaso, alguém já terá colocado no Twitter o danado do cão a rir em gargalhadas sem fim e anunciando pelo meio...
Uma luz ao fundo do túnel!...
Leoninamente,
Até à próxima
O advogado dos lampiões diz: "até que enfim..." (ele la sabe se "já limparam tudo")...
ResponderEliminarPelo contrário eu direi...: "só agora...?"
É que seria tudo certamente diferente,. se as investigações tivessem sido feitas...antes de poderem ter sido "destruídas" as provas...
SL
São uns "águias" todos estes elementos do Ministério Público e da Polícia Judiciária: primeiro atiram um foguete e depois, quando as perdizes fogem para longe é que põem a espingarda ao ombro e vão à caça! E o advogado dos benfas, em vez de estar calado e salvar as aparências ainda vem arrotar postas de pescada, prova provada da pouca inteligência que o assiste!...
EliminarO amigo Max já reparou, que de todos aqueles benfiquistas que nós conhecemos e que merecem respeito, nem um ainda veio a terreiro dizer o que quer que seja?!...
SL
É verdade...mas também "dos que se aproveitam", são tão poucos...que até passam despercebidos...
EliminarTenho quase a certeza que "oficialmente não acontecerá nada", as história está tão mal contada...que "todos ficarão mal na fotografia..."
Esta situação ainda é mais escandalosa (em termos do trabalho da justiça), do que propriamente o "apito dourado" (no qual recorde-se) o LFV também estava implicado...
SL