DEZ ANOS À FRENTE E OUTRAS QUESTÕES
«Há frases que são ditas para produzir um determinado efeito. Quando Luís Filipe Vieira enunciou que o Benfica tinha dez anos de avanço sobre os seus rivais – falando, claro, da organizaçao e da forma como o clube estava estruturado – isso visou dar conta da excelência do trabalho produzido no consulado do actual presidente mas, não nos iludamos, mostrar também a fragilidade das organizações dos adversários que teriam sido (e foram) incapazes em muitos domínios de se modernizarem ou, "simplesmente", de acompanharem o passo do Benfica. Vieira, nesse desenho, quis enfatizar outro ponto: o futebol, sejam jogadores, seja a equipa técnica, é instrumental. O primado é o da macroestrutura e o centro é ele mesmo. Esta época, mesmo que acabe bem, revelou que o líder das águias estava enganado ou que, no mínimo, minimizou a importância do futebol e da microestrutura que está directamente ligada ao plantel, sendo a equipa técnica uma parte relevante desta equação. Julgo que a mudança de algumas peças e a forma como essa mudança sucedeu está na base de várias decisões erradas.
Como entender, por exemplo, o que está a acontecer com a baliza do Benfica? Como classificar a situação ridícula de um guarda-redes, apresentado como o futuro do clube, que vem da bancada do Atlético de Madrid (não do banco), treina no Seixal e acaba em Braga? E, ainda na baliza, como entender – senão como uma necessidade – a recente contratação feita na Grécia? Será isto um procedimento de um clube com uma organização à prova de bala?
A mesma questão é válida para a posição - chave de defesa central porque não é preciso ser um analista de excepção para entender que o Benfica tinha um problema e estava a acreditar excessivamente, como em anos anteriores, nos jovens que tinha em casa e nos valores seguros do plantel. Está à vista o resultado desse exercício de fé.
Sobre a equipa há estes dois casos exemplares amplamente discutidos. Mas não são os únicos. A ideia que fica é a de que Luís Filipe Vieira minimizou os perigos, não levou a sério o esforço e o método dos adversários e tendo colocado o foco na questão do passivo nem sequer nesse domínio conseguiu resultados assinaláveis. O Benfica tem boas contas, mas seria expectável que tivesse contas muito melhores.
Subsiste a pergunta: está ou não o clube "dez anos à frente"? À frente está. Os resultados são o barómetro e os resultados falam por Vieira, mas, como na canção, dez anos é muito tempo. Se o Benfica estiver, por exemplo, duas épocas em branco tem que começar (quase) tudo outra vez. Ao menos aos olhos dos adeptos. E a receita também vem, em grande medida, dos adeptos. O futebol é implacável. Há cinco anos o Porto ainda era a força dominante em Portugal e veja-se como tudo mudou. Pode mudar outra vez...»
«Há frases que são ditas para produzir um determinado efeito. Quando Luís Filipe Vieira enunciou que o Benfica tinha dez anos de avanço sobre os seus rivais – falando, claro, da organizaçao e da forma como o clube estava estruturado – isso visou dar conta da excelência do trabalho produzido no consulado do actual presidente mas, não nos iludamos, mostrar também a fragilidade das organizações dos adversários que teriam sido (e foram) incapazes em muitos domínios de se modernizarem ou, "simplesmente", de acompanharem o passo do Benfica. Vieira, nesse desenho, quis enfatizar outro ponto: o futebol, sejam jogadores, seja a equipa técnica, é instrumental. O primado é o da macroestrutura e o centro é ele mesmo. Esta época, mesmo que acabe bem, revelou que o líder das águias estava enganado ou que, no mínimo, minimizou a importância do futebol e da microestrutura que está directamente ligada ao plantel, sendo a equipa técnica uma parte relevante desta equação. Julgo que a mudança de algumas peças e a forma como essa mudança sucedeu está na base de várias decisões erradas.
Como entender, por exemplo, o que está a acontecer com a baliza do Benfica? Como classificar a situação ridícula de um guarda-redes, apresentado como o futuro do clube, que vem da bancada do Atlético de Madrid (não do banco), treina no Seixal e acaba em Braga? E, ainda na baliza, como entender – senão como uma necessidade – a recente contratação feita na Grécia? Será isto um procedimento de um clube com uma organização à prova de bala?
A mesma questão é válida para a posição - chave de defesa central porque não é preciso ser um analista de excepção para entender que o Benfica tinha um problema e estava a acreditar excessivamente, como em anos anteriores, nos jovens que tinha em casa e nos valores seguros do plantel. Está à vista o resultado desse exercício de fé.
Sobre a equipa há estes dois casos exemplares amplamente discutidos. Mas não são os únicos. A ideia que fica é a de que Luís Filipe Vieira minimizou os perigos, não levou a sério o esforço e o método dos adversários e tendo colocado o foco na questão do passivo nem sequer nesse domínio conseguiu resultados assinaláveis. O Benfica tem boas contas, mas seria expectável que tivesse contas muito melhores.
Subsiste a pergunta: está ou não o clube "dez anos à frente"? À frente está. Os resultados são o barómetro e os resultados falam por Vieira, mas, como na canção, dez anos é muito tempo. Se o Benfica estiver, por exemplo, duas épocas em branco tem que começar (quase) tudo outra vez. Ao menos aos olhos dos adeptos. E a receita também vem, em grande medida, dos adeptos. O futebol é implacável. Há cinco anos o Porto ainda era a força dominante em Portugal e veja-se como tudo mudou. Pode mudar outra vez...»
"... E veja-se como tudo mudou. Pode mudar outra vez"!... Todavia, mesmo que consideremos a visão de Nuno Santos como lúcida, implacável e em adequada sintonia com o tempo e o modo como a "crise do Benfica" explodiu e se vem acentuando em cada dia, pesem embora as cortinas de fumo que uma quase "goebbelsiana máquina de propaganda" tenta lançar para absoluto consumo interno, já que no exterior deixou de convencer quem quer que seja, considero ainda demasiado cautelosa a sua posição de evitar prever o apocalipse, que nem Rui Gomes da Silva, insuspeito, fanático, fundamentalista e jactante benfiquista, resistiu a anunciar com o impacto a que todos assistimos. Salvo muito raras e honrosas excepções, este é o diapasão pelo qual afina uma significativa maioria dos jornalistas desportivos portugueses: um cuidado extremo, quase petrificante terror, de desafiar o "regime escarlate"! Até daquela considerável franja de jornalistas afectos a outras cores, nos chega diariamente uma exuberante demonstração de incompreensível libertação da adrenalina do medo, tal a evidência da abrangência do poder do "polvo escarlate" e o potencial impacto que alegadamente determinará, não apenas na verdade da vertente desportiva de um pobre, desprotegido e controlado país, mas na própria vida de todos aqueles que ousem questioná-lo...
Mas se em milhares e milhares de anos da história do homem no planeta, nenhum dos muitos impérios fugiu ao incontornável ciclo de "nascimento, apogeu e queda", por que carga de água o "império escarlate" terá de ser excepção?!...
Note-se a propósito, que a "história da crise escarlate" ainda é uma criança! Outubro ainda nem a meio vai, depois e antes de Janeiro - que todos julgarão redentor - ainda virão Novembro e Dezembro e, inevitavelmente, acabarão por ser escritos muitos mais capítulos, quiçá ainda mais dramáticos e traumatizantes. E então Nuno Santos talvez volte a ter alguma razão...
Mas se em milhares e milhares de anos da história do homem no planeta, nenhum dos muitos impérios fugiu ao incontornável ciclo de "nascimento, apogeu e queda", por que carga de água o "império escarlate" terá de ser excepção?!...
Note-se a propósito, que a "história da crise escarlate" ainda é uma criança! Outubro ainda nem a meio vai, depois e antes de Janeiro - que todos julgarão redentor - ainda virão Novembro e Dezembro e, inevitavelmente, acabarão por ser escritos muitos mais capítulos, quiçá ainda mais dramáticos e traumatizantes. E então Nuno Santos talvez volte a ter alguma razão...
"... Duas épocas em branco e tudo terá de começar outra vez"!...
Leoninamente,
Até à próxima
Não "me façam rir..."...
ResponderEliminarOs lampiões "estavam certos" de que nunca ninguém "descobria a tramoia" dos e-mails e outras "maningancias" que efectivamente "colocavam os lampiões 10 anos à frente..."...
Não "brinquem" comigo (e com todas as outras pessoas que "não comem gelados com a testa...")...é que embora ainda existam "padrecos" que vão "rezando as missinhas encarnadas"...já há por aí muito apitador...que já se colocam algumas interrogações...se podem (sem consequências) continuar a fazer o frete que vinham fazendo..."
E isso quer se queira quer não..."é que está a fazer toda a diferença..."
SL
Subscrevo o comentário do amigo MaximinoMartins!...
EliminarSL