sábado, 6 de abril de 2019

Ao cu ou às calças?!...

Unidos: relação de reciprocidade tem sido benéfica para treinador e jogador

NÚMEROS DE BRUNO CRESCERAM COM KEIZER

Números do médio português dispararam desde a chegada do treinador holandês ao comando da equipa leonina

«Há dedo de Marcel Keizer no sucesso de Bruno Fernandes, que embalou já, em definitivo, para a melhor temporada da sua carreira. E de que forma é que o treinador holandês influenciou o rendimento do médio internacional português? Alterando o seu posicionamento em campo, dando-lhe liberdade para criar e confiança para poder fazer a diferença sem medo de errar.

Em termos tácticos, o camisola 8 passou da segunda para a terceira fase de construção. Deixou de actuar numa zona normalmente definida como meio-campo defensivo e passou a ocupar uma região entre o meio-campo e a grande área contrária, mais próxima das zonas de finalização. Tal mudança permitiu a Bruno Fernandes passar a preocupar-se menos com tarefas defensivas – embora mantenha essa obrigação – e com o transporte de bola, nas transições defesa/ataque.

No esquema de Marcel Keizer, essas missões estão hoje a cargo de Wendel, outro futebolista altamente valorizado após a chegada, em Novembro, do ex-treinador do Al Jazira.

Mas, regressemos a Bruno Fernandes e às mudanças que lhe permitiram pulverizar todos os registos que estabelecera de leão ao peito. Ora, com menores preocupações defensivas e maior liberdade para soltar todo o seu potencial, o camisola 8 começou a arriscar mais, a pisar terrenos normalmente reservados aos extremos e ao ponta-de-lança e a rematar com mais confiança, com menos medo de errar. Os resultados estão à vista.

Trabalho invisível

É evidente que existem outros aspectos que também contribuem para o êxito do médio, de 24 anos. Referimo-nos particularmente à forma como, com o passar dos meses, Bruno Fernandes tem aprimorado os lances de bola parada. Na retina de muitos estará ainda o livre directo marcado ao Benfica, no Estádio da Luz, ou o disparo à barra, contra o mesmo adversário, em Alvalade, nos dois jogos da meia-final da Taça de Portugal. Tanta qualidade só se explica com um trabalho sistemático – e repetido até à perfeição – que, diz quem o conhece, é outra das características que diferenciam Keizer.

Braçadeira ajudou a dar estabilidade

É do conhecimento público que a saída de Nani, para o Orlando City, dos Estados Unidos, ficou a dever-se, não a questões desportivas, mas a motivações financeiras. No entanto, não deixa de ser curioso verificar que, após a saída do anterior capitão e a consequente conquista da braçadeira, Bruno Fernandes parece ter ‘renascido’. Desde 3 de Fevereiro – data do último jogo de Nani – o camisola 8 marcou oito golos e fez quatro assistências, em apenas 11 jogos. É caso para afirmar que hoje, sem Nani, a equipa do Sporting gravita em torno de uma estrela maior: Bruno Fernandes.

Estatística comprova influência holandesa



Os números de Bruno Fernandes de leão ao peito atestam que, de facto, Marcel Keizer tem conseguido retirar o melhor de si. Desde que chegou a Alvalade, no Verão de 2017, o médio já conheceu quatro treinadores e todos eles o rotularam como titular indiscutível da equipa. Porém, só com o treinador holandês é que Bruno Fernandes se tornou verdadeiramente goleador, facturando a cada 124 minutos. Aliás, também nas assistências (14 em 28 jogos) a diferença é notória.
(João Lopes, in Record , em 6 de Abril de 2019)

Faz parte do quotidiano de todos os adeptos de todos os clubes, deixarem-se embalar por injustas ondas de crítica a tudo e a todos, sempre que são surpreendidos por resultados menos satisfatórios. Os adeptos sportinguistas, por mais que desejemos ser diferentes, também não fogem a essa espécie de desígnio. Se perguntassem a Marcel Keizer sobre o 'conforto' de que certamente se sentiria rodeado por parte da massa adepta leonina num passado bem recente, talvez apenas a sua tão característica e nórdica elegância o impedisse de confirmar ter-se apercebido desse sentimento, que todos nós, veladamente ou de forma directa e exuberante, fomos expressando perante alguns momentos menos bons da equipa que desde Novembro - ainda nem se completaram seis meses! - e nas condições por todos conhecidas, vem liderando.

Hoje João Lopes, jornalista do jornal Record cujos afectos e 'saber estar' nem todos conhecerão, em boa hora decidiu lançar um inteligente alerta a um certo radicalismo que não lhe terá passado despercebido nas hostes leoninas. E apenas com o brilhante exemplo de Bruno Fernandes, talvez possa vir a receber a muito curto prazo, a compensação por esse digno esforço, que aqui e agora aplaudo com muito respeito.

Estará ainda para nascer o primeiro treinador de futebol, ou de qualquer outra modalidade, que possa vir a apresentar um curriculum apenas preenchido com vitórias e êxitos rotundos. Marcel Keizer nasceu há 50 anos e, exactamente como toda a vasta plêiade de treinadores universalmente consagrados, já não se poderá alcandorar a esse inatingível pináculo. Será bom que todos nós, sportinguistas, tenhamos a noção do trabalho ciclópico que vem desenvolvendo neste primeiro meio ano no Sporting, em vez de, injustamente, o crucificarmos na primeira curva do caminho.

E talvez seja hora de todos nós, sportinguistas, uma vez por todas, nos interrogarmos sobre se o falhanço que, aparentemente, vem sendo atribuído a Marcel Keizer, sobre muita gente da nossa formação a quem, pretensamente, o técnico leonino não estará a dar as oportunidade que eventualmente mereceriam, deverá ser atribuído...

Ao cu ou às calças?!...

Leoninamente,
Até à próxima 

2 comentários:

  1. Da mesma forma que o Bruno ganhou destaque com Keizer, Bas Dost perdeu relevancia no esquema tactico.

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    1. Sem negar essa aparente evidência, haverá que ter em conta as lesões que têm apoquentado o holandês!...

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