O presidente do Benfica desceu das montanhas, tomou o palácio e agora quer boas maneiras à mesa
«A semana que acabou foi a dos cortes anunciados. O Porto quer cortar na despesa, o Benfica quer cortar na injúria. São dois tipos muito diferentes de economia. O primeiro faz-se, normalmente, quando se perde; o segundo faz-se quando se ganha. Se estamos escondidos no mato, vestidos de camuflado e em acções de guerrilha, as maneiras à mesa não interessam, mas quando se ocupa o palácio e se começa a receber embaixadores, já chateia muito, perdão, apoquenta muito que um antigo camarada mastigue de boca aberta e pique o faisão com o garfo do peixe. Luís Filipe Vieira é uma espécie de Xanana Gusmão. Teve a sua fase Che Guevara, não muito diferente daquela em que está Bruno de Carvalho, nem menos ofensiva para quem se lhe atravessou no caminho, mas já assaltou o trono há três anos e até se emancipou dos poderes miraculosos do Rasputine Jorge Jesus. Um estadista não pode dar-se com um bombista, pelo menos em público. Foi assim que o ideólogo do Benfica animal feroz (não foi só ele, atenção, e nem todos saíram da Luz), Rui Gomes da Silva, acabou recambiado para a floresta e reduzido à pequena esperança de que, um dia, apeteça a Vieira assinar um cessar-fogo com as FARC. Não sei se há adeptos que nasceram para perder, mesmo quando ganham, mas sei que há adeptos cujo habitat é o da derrota, tal como o cabelo é o habitat do piolho. Percebe-se a comichão do presidente do Benfica, embora fique no ar a pergunta: e quando não ganhar, onda parará a etiqueta? Talvez dependa do tempo que passar, entretanto. No Porto, a etiqueta foi tudo o que sobrou. Pinto da Costa desceu das montanhas há trinta anos (e terraplanou-as para construir um condomínio), a ferrugem levou-lhe a Kalashnikov e deixou no lugar dela um grosso livro de cheques, que era suposto não enferrujar também, mas nenhum Gomes da Silva que saiba o caminho volta ao mato.»
(José Manuel Ribeiro, Opinião, in O Jogo)
Tomates! Tudo gira à volta deles na pasquinada que se dedica a enganar os "papalvos da bola" e a viver à custa disso.
Uns cultivam-nos, mas na hora da monda e da poda - termo erudito do acto de os capar! - desculpam-se com as dores do lumbago para justificarem a proliferação das ervas daninhas e os tomates, consequentemente, acabam por desaguar numa natural condição de raquitismo, estiolam, fenecem e acabam num monte nauseabundo no meio da seara, que os tractores mais tarde hão-de sepultar na preparação para nova safra.
Outros arriscam a construção de estufas e o recurso à monda química e ao condenado e forçado crescimento por processos pouco naturais e ortodoxos, também químicos, e acabam por ser capazes de rechear as prateleiras das grandes superfícies...
E nesta estranha dicotomia vão vivendo a bola indígena mai-la porca da política nacional, numa manifestação de folclore rasca, onde predominam os bombos, os adufes, os cântaros com abanadores, as gaitas de foles, as concertinas e os ferrinhos...
José Manuel Ribeiro lá vai conseguindo uma produção razoável de tomates, ainda que a qualidade deixe por vezes a desejar. Facto que muito dificilmente ocorrerá com os seus homólogos Serpa e Magalhães...
Uns cultivam-nos, mas na hora da monda e da poda - termo erudito do acto de os capar! - desculpam-se com as dores do lumbago para justificarem a proliferação das ervas daninhas e os tomates, consequentemente, acabam por desaguar numa natural condição de raquitismo, estiolam, fenecem e acabam num monte nauseabundo no meio da seara, que os tractores mais tarde hão-de sepultar na preparação para nova safra.
Outros arriscam a construção de estufas e o recurso à monda química e ao condenado e forçado crescimento por processos pouco naturais e ortodoxos, também químicos, e acabam por ser capazes de rechear as prateleiras das grandes superfícies...
E nesta estranha dicotomia vão vivendo a bola indígena mai-la porca da política nacional, numa manifestação de folclore rasca, onde predominam os bombos, os adufes, os cântaros com abanadores, as gaitas de foles, as concertinas e os ferrinhos...
José Manuel Ribeiro lá vai conseguindo uma produção razoável de tomates, ainda que a qualidade deixe por vezes a desejar. Facto que muito dificilmente ocorrerá com os seus homólogos Serpa e Magalhães...
São lixadas as dores de lumbago!...
Leoninamente,
Até à próxima
Esta prosa peripatética é um monumento à lisonja e à sabujice do mais reles que há. Sem maneiras nenhumas. À grande e à pasquineira.
ResponderEliminarOh noureddine e se contactasses o Alexandre Soares dos Santos. É que o homem talvez esteja interessado nos teus tomates p'ró Pingo Doce!...
EliminarAmigo Álamo, JMR vai escapando com as suas crónicas mais ou menos razoáveis, por entre os pingos da chuva, mas considero, a analogia que fez entre Filipe Vieira e Xanana Gusmão, como uma forma de branqueamento do passado tenebroso do rei dos peneus, teria sido mais justo utilizar a saga dos "Corleones italianos" como comparação....
ResponderEliminarSL