Essa espécie de 'adeptos'
«Diz o Benfica que não tem claques. Apenas sócios. Apenas adeptos. Simplesmente uns organizam-se e vão à bola em grupos maiores e ficam todos na mesma zona. Podem os encarnados acreditar no que quiserem. Podem querer passar para o exterior o que entenderem. Mas o que fica claro é que o Benfica, como tem acontecido com outros clubes portugueses em diferentes momentos, tem hoje um problema de claques. E um problema sério.
A provar-se, como parece, que o ataque ao autocarro das águias, acompanhado pelas mensagens na casa de jogadores e treinador, vem de uma ala radical dos No Name Boys, o que está aqui em causa é o maior golpe de benfiquistas contra o próprio clube. Este episódio bem poderia ter sido a Academia de Alcochete do Benfica. Só não foi por sorte. Zivkovic e Weigl não ganharam para o susto. Mas um despiste, caso aquela pedra acertasse no condutor, talvez fosse toda uma outra história. Bem mais grave e bem mais trágica. E é assustador pensar que há quem saiba a morada de todos os jogadores e até a porta do apartamento de Bruno Lage.
A direcção encarnada terá de ser implacável contra os autores e aproveitar esta oportunidade para, finalmente, pôr fim à influência e margem de manobra destes elementos. Se não o fizer, o que está aqui em causa é a própria liberdade e segurança da instituição. Mas os clubes não podem estar sozinhos nesta luta. A violência associada ao futebol português está em crescendo e tem de ser um assunto de Estado. Não há outra forma.»
(Luís Aguilar, "Off the record", in jornal Record, hoje às 16:42)
Concordo em absoluto com Luís Aguilar quando diz que "A violência associada ao futebol português está em crescendo e tem de ser um assunto de Estado. Não há outra forma..."!...
Mas lamento que muitos jornalistas que, tal como Luís Aguilar, só agora venham a terreiro reclamar do Estado, depois "das pedras lhes ferirem a carne das próprias mãos com que alinhavam estes 'indignados' libelos acusatórios"! Nunca vi tamanha indignação quando foram colocados perante "a Academia de Alcochete do Sporting", mas já perante a mera eventualidade de a Academia de Alcochete passar a ser do Benfica, aqui del-rei, que o "assunto é de Estado"!...
Que me perdoem todos os que não estiverem de acordo com o paralelo, apenas paralelo, nada mais e... "off the record", que me apetece estabelecer com outro enorme "assunto" que está neste momento a ser colocado à sociedade global que somos: será quase preciso ser preto no meio do poder discricionário dos brancos, ou quase preciso ser branco no meio do poder discricionário dos pretos, para alguém ser capaz de perceber...
A verdadeira dimensão do racismo!...
Leoninamente,
Até à próxima
«A direcção encarnada terá de ser implacável contra os autores...»
ResponderEliminarCertamente que o Luis Aguilar, pessoa atenta e conhecedora, já forneceu a identificação dos autores à direcção do Benfica, pois, se assim não fosse, não se atreveria a escrever esta frase.
Ou será Luis Aguilar a lavar as mãos do problema, como se não fosse um dos participantes nos programas ditos desportivos, mas que mais não são que programas diários de fomento da violência e do ódio no desporto.
Andam há vários anos a lançar lenha para a fogueira, depois, como virgens, queixam-se dos resultados.
Não seria mais produtivo começarem a fazer programas e artigos para desmascarar a marginalidade e os "negócios" em que estão envolvidas as claques de futebol, pugnado pela sua extinção pura e simples?