quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Jornalista licenciado por equivalência!...


Os vira-casacas e a arbitragem

Eram humanos coagidos há quinze dias e agora são maus árbitros. E o Conselho de Arbitragem, que fazia bem em calar-se, agora faria bem se falasse

«Há apenas duas semanas, os árbitros eram mártires sob coação infame e intolerável. Em quinze dias passaram a ser de qualidade muito duvidosa e os seus erros demasiado graves para que o Conselho de Arbitragem continue calado. No entanto, são as mesmas pessoas e os erros também não variam muito, excepto no nome das equipas beneficiadas ou prejudicadas. O que mudou foram algumas opiniões, antes muito severas com os críticos e meigas com os árbitros, agora muito severas com os árbitros e meigas com os críticos. Calculo que o contrário também seja verdade. A incoerência é o contributo dos jornalistas para o ruído e para a desinformação, com as mesmas responsabilidades dos directores de comunicação que todos gostamos de censurar ou das manobras de propaganda que ora denunciamos, ora aceitamos como acções legítimas dos clubes. Os árbitros não mudaram: o Conselho de Arbitragem (CA) continua a gerir um grupo enfraquecido pela inexperiência e, nalguns casos, falta de qualidade evidente; uma parte desse grupo continua marcada pelas ligações, justas ou injustas, a um processo judicial pendente que tornaria sempre inevitável a ultravigilância de Porto e Sporting (e dos portistas e sportinguistas), como aconteceria com quaisquer outros clubes na mesma situação. O VAR complica tudo, porque amplifica os erros que prometia atenuar e distribui as culpas pela arbitragem inteira. Por isso, partilho a opinião dos vira-casacas (ou melhor, são eles que agora partilham comigo) de que o CA deve ser o mais transparente possível quanto à mecânica do videoárbitro, quanto aos castigos pelos maus desempenhos e quanto ao esclarecimento dos erros. Era assim há duas semanas e continua a ser.»
(José Manuel Ribeiro, Opinião, in O Jogo)

Seria extraordinariamente fácil para qualquer leigo em matéria de jornalismo, futebol e arbitragem e que fosse capaz de alinhavar meia dúzia de frases estrutural e gramaticalmente correctas, produzir uma crónica semelhante àquela com que José Manuel Ribeiro, director do jornal O Jogo, hoje nos presenteou! No final da leitura, qualquer leitor ficaria exactamente com a mesma sensação: uma grande manada de bovinos habita o triste e maltratado futebol cá da terra, mas de bois e de nomes népia, nadica de nada! Até parece que os placebos terão decidido emigrar da área farmacêutica para os jornais...

Assim até eu poderia ser jornalista! E director de jornal desportivo! Quanto mais não fosse e como agora por cá virou moda...

Jornalista licenciado por equivalência!...

Leoninamente,
Até à próxima

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