As nozes que os deuses lhe colocaram à frente!...

BRUNO DE CARVALHO E A POLUIÇÃO SONORA

«Há uns meses Bruno de Carvalho anunciou solenemente o fim da sua relação com o Facebook. Foi uma boa decisão. O presidente do Sporting tinha uma presença quase obsessiva na rede social, tipo disparava primeiro e perguntava depois, e esse comportamento lesava o clube mesmo que o próprio esteja convencido do contrário.

Os meses seguintes foram melhores. BdC não perdeu a sua matriz e uma certa serenidade permitiu preparar bem a época do futebol e ganhar títulos nas outras modalidades. Pelo meio houve a pulhice do pequeno almoço que caiu no YouTube. Quando voltou ao Facebook disse, sem se rir, que o fazia por causa da sua playlist do Spotify e mais a partilha de umas fotos da família. Não era verdade ou toda a verdade, como se viu.

Entendamo-nos: Bruno de Carvalho é sempre julgado pelo seu estilo e nunca pela substância do que diz. Estamos em Portugal, adoramos paninhos quentes. Tanto tempo depois parece que não há nada a fazer em relação a esse facto. Mas, dito isto, há mesmo um excesso no seu discurso público que é contraproducente. Será difícil, em pleno segundo mandato, encontrar o tom certo?

No caso da recente polémica com António Salvador o pecado original é o do presidente do Sp. Braga – não porque não tenha posto o dedo numa ou outra ferida – mas porque era desnecessário abrir mais uma frente. O presidente do Sporting deveria ter respondido uma vez, de forma contundente, e arrumado o assunto. Mas não. Foi sempre a descer. Bruno acha que esta é a única forma de defender o Sporting, muitos acham que esta é uma forma indigna de estar no Sporting, eu acho apenas que é ruído em excesso.
Mas há mais três casos – muito díspares. Com Paulo Pereira Cristóvão deixou-se levar para a lama. Erro. Se está seguro da posição do Sporting, e da sua própria, era apenas isso que devia ter sido dito, tudo o resto é cansaço. Óptimo para as televisões e afins.

No caso da resposta ao presidente do Benfica, também caiu com estrondo na vulgaridade. Luís Filipe Vieira deu a entrevista que entendeu dar, atacou os rivais, usou um tom paternalista para falar do Sporting. Duplo erro: Minimizou os leões e ter-lhe-á dado um suplemento para ir à luta. Esta parte não estava no guião. Bruno de Carvalho fez bem em responder. Fez bem em ser contundente. Escolheu mal as palavras.

Para terminar o menos importante, mas simbolicamente o pior em matéria de incontinência. O que faz o presidente do Sporting numa polémica (no Facebook, lá está) com Ribeiro e Castro, que sendo alguém que teve responsabilidades na sociedade portuguesa, não tem hoje nenhum cargo, em particular no desporto. O que deveria ter feito? Deixá-lo a falar sozinho.

Ora, eu acredito que Bruno esteja bem aconselhado e, mais, acredito que só sendo firme é possível impor o Sporting. Mas lamento que não tenha nervos de aço e antes o coração ao pé da boca...»

(Nuno Santos, Ângulo Inverso, in Record)

Com o devido respeito pela opinião de Nuno Santos e ao contrário do que escreve nesta crónica carregada de bom senso e que reunirá no universo sportinguista um consenso tão amplo que nem a Bruno de Carvalho passará pela cabeça, o presidente do Sporting nunca teve desde que se sentou na sua cadeira de sonho, alguém capaz de o aconselhar como a grandeza do Sporting mereceria, ou então com a coragem suficiente para recusar o indigno, mesquinho e contraproducente papel de "yes man". 

Só eu sei quanto lamento que Bruno de Carvalho não revele dentição capaz de devorar...

As nozes que os deuses lhe colocaram à frente!...

Leoninamente,

Até à próxima