quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Será tudo uma questão de inteligência!...


PRODUÇÃO E VALORIZAÇÃO

«Jorge Jesus fala e o país futebolístico divide-se entre os que gostam dele e os que nem o podem ver. Era assim no Benfica. É assim no Sporting. Esse é o verdadeiro fenómeno: ninguém, no universo futebol, fica indiferente ao que diz, mas poucos aceitam reflectir de forma honesta sobre o pensamento que partilha.

Da entrevista que lhe fiz na passada semana, juntamente com o meu colega Alexandre Carvalho, retive duas ideias que sublinho aqui por correr-se o risco de as mesmas ficarem esquecidas devido ao ruído gerado no ‘day after’: o sucesso desportivo e financeiro de um clube português passa pela capacidade de produção, a qual é da total responsabilidade de treinadores e futebolistas; os jogadores têm de valorizar as camisolas em vez de serem valorizados pela grandeza do clube. Jesus confronta-nos com duas ideias que parecem simples, de tão óbvias. E são, realmente, óbvias. Mas então… porque nunca ouvimos líderes de clubes referirem-se a elas? Por pensarem que o sucesso na produção se deve mais à acção deles próprios? Por pensarem que deve ser a grandeza do clube a valorizar o jogador e não o contrário? 

O que diz Jesus sobre a questão da produção? Que se as escolhas forem bem feitas e melhor trabalhadas, esta aumenta e surge a valorização. E é por aqui que se inicia e prolonga o ciclo de sucesso desportivo e financeiro: a valorização faz crescer a capacidade financeira e com esta diminuem os riscos das escolhas no mercado. A questão da produção entronca directamente na que se prende com o valor dos jogadores: interessa pouco ter futebolistas que não aportam valorização e que só se valorizam porque vestem a camisola desse mesmo clube (daí as 14 dispensas que fez)? Nenhum treinador acerta todas as contratações por si patrocinadas, mas o importante é o balanço final: no caso dele, o resultado líquido entre custos e proveitos do Benfica nos 6 anos em que lá esteve; mais tarde, deverão ser feitas outras contas, quando terminar o ciclo Sporting. A valorização de jogadores é uma constante na carreira de Jesus. Desde o Felgueiras ao Sporting, passando por E. Amadora, V. Setúbal, U. Leiria, Belenenses, Sp. Braga e Benfica. Ele tem o crédito de saber do que fala. Mas se quiserem podem pensar que tem sido tudo simples coincidência.»
(José Ribeiro, Contas Feitas, in Record)


Com a classe, a categoria e a competência jornalística que lhe permitiram partilhar com Alexandre Carvalho uma das mais conseguidas e brilhantes entrevistas dos últimos anos no futebol português, José Ribeiro faz com esta crónica o favor de relembrar aos mais distraídos, as duas ideias mais importantes de todas as declarações de Jorge Jesus na mesma, a saber, produção e valorização, sendo exactamente este único caminho por onde se inicia, prolonga e consolida o sucesso desportivo e financeiro de qualquer clube.

Jorge Jesus protagonizou esse sucesso desportivo e financeiro no Benfica ao longo de um ciclo fabuloso de seis anos e acabou com um valente pontapé no cu, como medalha por ter tirado o clube da merda e catapultá-lo para o limiar de um novo ciclo hegemónico no futebol português, que o futuro dirá se será capaz de ultrapassar e consolidar, agora sem o mentor.

Ao fim do seu primeiro ano no Sporting, contribuiu decisivamente para as medalhas de ouro alcançadas por Portugal no "França 2016" e fez regressar o Sporting, finalmente, à primeira linha do futebol nacional, tanto em termos desportivos quanto económicos e financeiros.

Mas os "velhos do restelo" em Alvalade e os "dãmasos salcedes" do outro lado da rua, uns cegos e ciumentos e outros cegos e estúpidos, entendem passar os seus dias entoando cantigas de escárnio e mal dizer enquanto massajam com zurrapa de azeite os seus furunculosos e mal amanhados umbigos, verberando a "fortuna" que o Sporting, segundo La Gazzetta dello Sport, pagará ao 13º treinador com mais altos rendimentos em todo o mundo. Enquanto isso, para lá do Douro, o "velho d. bufas" lamentará não ter subido a parada para o dobro em vez de se remediar com as línguas de fogo fátuo do "espírito santo" à espera que Doyen faça milagres!... 

Será tudo uma questão de inteligência!...

Leoninamente,
Até à próxima

1 comentário:

  1. Bom dia, prezado Álamo.
    Sabe das minhas reservas (e críticas) aquando da entrada de Jorge Jesus. Fui dos que não esqueci facilmente o "limpinho, limpinho", particularmente pelo ênfase como foi proferido. Depois deu-se a vergonhosa campanha dos lampiões no início da época passada e, como Sportinguista acima de tudo que sou, essa e outras manifestações do seu tremendo ego, ficaram para trás. Como também hoje,
    perante o pântano em que está transformado este país, no caso presente, no futebol, compreendo bem melhor, não admirando o seu estilo, a posição de Bruno de Carvalho, a estratégia assumida contra os poderes maquiavelicamente "adquiridos".
    Recordar-se-á que foi para defender posições de BdC que pela primeira vez na vida apareci num espaço leonino. Depois, critiquei-o mais do que uma vez e fa-lo-ei sempre que a minha consciência o ditar... como já tem acontecido consigo.
    A minha enorme paixão pelo nosso Sporting, pode toldar-me episodicamente o discernimento, mas o meu apego vincado a alguns valores que reputo de essenciais, como a Justiça, impõem-me que o retome!
    Da excelente entrevista de JJ ao "Record" apenas lamento a história da "saída ao fim de um mês" mas o ego desmesurado faz parte do ADN do nosso (grande) treinador.
    Agora é ganhar ao Moreirense, não sem antes de nos lembrarmos de Tondelas e afins... Quanto a Madrid, "o sonho comanda a vida"...
    Saudações Leoninas

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