Paradigmas
«Entre os méritos de Jorge Jesus, há alguns que parece não terem sido ainda devidamente dissecados, como, por exemplo, ter mudado o paradigma do treinador português de sucesso. Cerca de uma década depois de José Mourinho ter dado corpo ao conceito (e originado uma vaga de "clones"...), essa imagem do jovem lobo parece ter dado lugar - ou feito regressar - à ratice acumulada em anos de banco, muitas horas de treino e até contacto com jornalistas. Mas houve outros aspectos em que o treinador do Sporting também rompeu com essa que, a dada altura, parecia ser a única via do sucesso, em particular a famosa ideia de ter uma base de jogadores jovens à procura de projecção e sedentos de títulos. A necessidade de resultados foi comum a ambos os técnicos, mas a opção de Jesus levou-o a acumular uma longa lista, em apenas dois defesos, de aquisições de jogadores com anos no bilhete de identidade e no futebol nacional ou europeu. E, em vários casos, a procurarem relançar-se. Sem a pressão de rentabilizar jovens talentos mais do que a resultante do bom desempenho que possam ter, esta é a época do tudo ou nada do paradigma Jesus...»
(João Araújo, Opinião, in O Jogo)
Reconhecendo o mérito do raciocínio de João Araújo e concordando em grande parte com o facto quase pacífico de que Jorge Jesus, face ao relativo inêxito da época passada e pressionado pela necessidade de resultados imediatos, terá entendido ser chegada a hora de romper com aquela que até há bem pouco tempo parecia ser a sua única via de sucesso, julgo porém que a "revolução" acontecida este defeso no Sporting, não deverá restringir-se de forma tão simplista e redutora à personagem de Jorge Jesus.
Haverá uma porção de factores que terão contribuído para a citada revolução, a que não será estranho o êxito da nossa selecção em França e as consequências que acabou por determinar, com Bruno de Carvalho a aproveitar de forma magistral essa circunstância e a poder contribuir para o estabelecimento de uma "terrível" simbiose entre a sua ambição sem limites e o "novo paradigma" de Jorge Jesus.
Parecem-me para além disso insofismáveis, quer o brilhante conhecimento do mercado por parte de Jorge Jesus, quer a espectacular capacidade negocial de Bruno de Carvalho, para descobrirem e conseguirem trazer para Alvalade uma verdadeira parada de estrelas a quem, curiosamente, também se vinham colocando nas suas carreiras desportivas desafios "terrificamente" idênticos aos que se colocam a Jorge Jesus e Bruno de Carvalho: esta também será uma época do tudo ou nada para eles!...
José Ortega e Gasst disse um dia que "o homem, é o homem e as suas circunstâncias"! Pois bem, quem se atreverá a ignorar que, nas circunstâncias actuais do Sporting, nem a mais leve e ténue linha separará a motivação de toda esta autêntica "parada de estrelas" - Bas Dost, Castaignos, Campbell, Elias, André, Douglas e Markovic - da ambição de Bruno de Carvalho e Jorge Jesus?!...
Nestas circunstâncias, julgo não ser louco ao imaginar que o trabalho motivacional de Jorge Jesus perante esta formidável pleíade de artistas, ficou feito no exacto momento em que cada um deles aceitou o paradigmático desafio de Jorge Jesus e rubricou o respectivo contrato com o Sporting!...
Esta talvez seja verdadeiramente, uma época de "tudo ou nada" para todos!...
Leoninamente,
Até à próxima
Assim é de facto. O Sporting está vivo. O leão que parecia moribundo como que enjaulado, amarrado e com tiques próprios da sua condição.
ResponderEliminarMas Bruno de Carvalho primeiro e com o grande reforço Jorge Jesus, o Sporting parece outro, tem outro vigor tem outra força. Muito simplesmente obrigado por recuperar o nosso grande amor. Agora com o pavilhão para as nossas modalidades, só falta a Sporting TV brilhar mais um pouco. Lembro-me caro Álamo de consigo "travar uma luta" para se alterar o logo inicial do nosso canal. Aproveito este seu espaço de leonidade para lançar o repto à direção no sentido de melhorar o relógio/cronómetro nas transmissões televisivas. Era um importante upgrade! É bastante desagradável ter diferenças tão grandes em relação ao tempo real, já para não falar no jogo de andebol de ontem que chegado ao minuto 60 o tempo continuou a andar como se isso fosse possível. Pode não parecer importante, mas julgo que seria uma melhoria bem vinda no sentido de uma maior vivência do espetáculo a que se está a assistir. Obrigado. Um abraço!
Lembro-me bem amigo Ernesto Marques, da luta contra o estúpido logotipo que alguém inventou, substituindo o leão por qualquer coisa que mais parecia um cão escanzelado. Vencemos essa luta e outra havemos de vencer, como aquela que se refere ao relógio das transmissões em directo, que constitui o repto que muito justamente lança no seu comentário e com a qual me solidarizo inteiramente, que mais não será que puro amadorismo e intolerável displicência, laxismo ou mesmo incompetência!...
EliminarGrande abraço
Com um título destes ainda pensei que o autor ia desfazer a ideia do all in do SCP.
ResponderEliminarEsta época, é, efectivamente, tudo ou nada para todos.
Começando com o Porto.
Pode estar quarto ano sem ganhar? Quarto?!?
Benfica, depois de mais 80 milhões em compras, que se saiba mantem alguns tóxicos que não conseguiu vencer ou emprestar.. depois é não conseguir vender talisca ou salvio.
Depois de quase 30 m em rafa e carrillo não está num all in?!! É verdade que traz no bolso (literalmente) 3 campeonatos para sossegar as hostes mas financeiramente nao precisa tanto ou mais de sucesso?!
Quanto ao SCP. A ideia do all in, é tão fácil tentar "vende-la" nem que seja por outro prisma, o dos jogadores, Como este autor insinua.
Apesar, de que dos três, é o que está menos pressionado.
Mas que interessa falar dos outros dois, certo?
Caro Lourenço, o autor de cuja crónica apenas publiquei o excerto que ao Sporting se referia, também abordou a problemática de cada um desses dois clubes, que obviamente excluí, por não caber a um blog sportinguista dissecar os problemas dos outros. Será o lado para onde melhor durmo e quanto piores as coisas por lá andarem, melhor. Nunca serei hipócrita!...
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