Em nome do jogo
«Uma semana rica, a desfiar em interrogações. Que são nada mais nada menos do que reflexões.
1. Até quando permanecerá esta vontade de os 'adeptos' (??!!) se fazerem notar pelas piores razões num estádio de futebol e prejudicarem a reputação (e o interesse e, eventualmente, o percurso desportivos) dos clubes que 'apoiam'? Até quando se conservará o laxismo na regulamentação desportiva, que tornou cada vez mais difícil (tornando ilícitos de perigo em ilícitos de resultado) a censura jusdisciplinar para as hipóteses mais graves? Até quando é possível adiar um 'plano de erradicação' da violência (à inglesa), ao invés de se gastar tanto dinheiro em missões de 'acompanhamento' de claques absolutamente alheias à ordem pública e à preservação da integridade física? Esta semana Benfica e Belenenses já sofreram, nas competições europeias, com este alastrar que não pára. Veremos o que ainda vão sofrer.
2. Até quando se conservará esta descoberta diária de informação sobre contratos, transferências, cláusulas, arquitecturas financeiras, negociações, intervenção de 'empresários', incumprimentos e auditorias (e o mais que haverá) através do Football Leaks (alojado na Rússia)? Até quando será esta intolerável revelação de matérias reservadas para que se obriguem as (várias) autoridades a, para além de averiguar até ao limite a autoria, sindicar a veracidade e a legalidade das operações jurídicas e das comunicações oficiais feitas no mundo do futebol? Até quando é possível postergar o ajustamento dos procedimentos de regulação e supervisão da actuação dos administradores/colaboradores dos clubes/sociedades, dos 'agentes' e dos 'comissionistas'?
3. Até quando se manterá a ignorância sobre a necessidade de regular na lei estadual e nos instrumentos desportivos o processo negocial de contratação (e renovação contratual) dos atletas e treinadores, nomeadamente para adequar as exigências de actuação leal e conforme à boa fé às especificidades desse processo negocial?
4. Até quando se preserva esta espécie de paz podre e guerra encapotada entre os clubes nacionais e os dirigentes de topo da Federação Portuguesa de Futebol, mesmo quando há mecanismos para sanar, corrigir e sancionar os comportamentos ocorridos nos corredores e nos estádios?
Talvez até ao momento em que todo este edifício caia como um castelo de cartas, em prejuízo daquilo que é a base de tudo o resto: a paixão pelo jogo. Demasiado tarde.»
(Ricardo Costa, Por força da Lei, in Record)
Até quando?! Talvez até que seja demasiado tarde, quiçá... NUNCA!...
Leoninamente,
Até à próxima
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