sexta-feira, 30 de outubro de 2015

O caminho das pedras é o único que poderá conduzir o Sporting à glória!...


Vieira chamado à reacção


«Quase uma semana depois do clássico da Luz, ainda se sentem as réplicas do terramoto resultante da vitória clara do Sporting. Um terramoto que, tudo bem pesado na balança, até nem terá sido tão inesperado quanto isso. Tanto pela consistência que cada uma das equipas vinha apresentando, como pela incomparavelmente maior importância que os leões, através de Bruno de Carvalho, foram dando a todo e qualquer pormenor que colocasse os dois rivais de Lisboa em lados opostos da barricada.

Não professo o conflito de discurso por si só. Considero, como tantos outros, que o futebol português precisa de menos conversa fiada sobre algo que nada tem a ver com o jogo e muito mais sobre o que se passa em campo. No entanto, parece-me que também aqui, como em quase tudo na vida, o equilíbrio é a melhor receita.

Serve isto de introdução para o pesado silêncio que o Benfica manteve ao longo das últimas semanas - Vieira chegou a falar de uma resposta no "sítio certo" mas ficou-se por aí - e para a razão, parte dela pelo menos, que entrego neste parâmetro a Rui Gomes da Silva. Quando o vice-presidente do clube disse que o Benfica se furtou em demasia ao conflito, acertou. Falhou apenas quando deu a entender que deveriam ser outros que não o presidente a dar o peito às balas. Gomes da Silva saberá, como aconteceu no seu clube, que muitas vozes a quererem tempo de antena não dá bom resultado...

Retomando a questão, a imagem de controlo e serenidade que as águias tentaram transmitir resultou numa fotografia final de fragilidade e passividade. Não foi assim que Luís Filipe Vieira reergueu o Benfica. Foi como Bruno de Carvalho tem feito, foi como Pinto da Costa o fez há bastantes anos atrás. Foi disparando a cada oportunidade, reavivando a chama própria de um clube adormecido. Enfim, foi segundo o lema do 'nós contra o mundo'.

Luís Filipe Vieira voltou a falar esta quinta-feira, na homenagem a Armando Jorge Carneiro. Mas não o fez como antigamente. Puxou pela recuperação do Benfica como marca global ao longo dos últimos anos, aplaudiu o minuto 70, promoveu Nuno Gomes e admitiu o risco desportivo que resulta da aposta feita nos jovens da formação. Não foi, como disse, à moda antiga de Luís Filipe Vieira.

Como disse, não defendo o conflito por si só. Mas ao afastar-se tanto dele, parece-me que Vieira não está a defender o Benfica da melhor forma. Rui Gomes da Silva, por vezes exagerado nas suas palavras e até convicções, desta vez, acertou.

O Benfica está obrigado a reagir, não só dentro de campo mas também fora dele. Sob pena do trabalho liderado por Luís Filipe Vieira ao longo dos últimos anos se deteriorar muito mais do que a erosão provocada desde logo pela saída de Jorge Jesus. Vieira, como Pinto da Costa e também já Bruno de Carvalho, são a prova viva de que os grandes portugueses precisam de quem esteja disponível para fazer barulho. É triste que assim seja, mas a história dos últimos 30 anos de futebol português não deixa margem para dúvidas.»
(André Monteiro, Linha Directa, in Record)


Seria suspeito se porventura tecesse comentários a esta excelente crónica de André Monteiro. Renuncio a correr esse risco, em tempos que entendo muito complicados para Alvalade e em que o factor união poderá ser decisivo para a concretização das nossas mais profundas aspirações.

Nesta condição limito-me a sugerir aos meus ilustres consócíos sportinguistas, bem como a todos aqueles que não o sendo, se acolhem debaixo da mesma bandeira, a leitura atenta do muito que de importante o jornalista transmite, pese embora o seu alvo não seja esse,  a todos nós sportinguistas.

Há muito que me obriguei a silenciar todas as críticas a que este meu temperamento impulsivo me levava, mesmo que pontualmente, a fazer ao presidente do Sporting Clube de Portugal. Exactamente a partir do dia em que compreendi que não haveria outro caminho a seguir, para afirmar o Sporting Clube de Portugal, que não fosse "o caminha das pedras" que corajosamente encetou e que, ironicamente, André Monteiro agora recomenda ao desgraçado do outro lado da rua.

Hoje, estou-me marimbando para pruridos estéreis de donzela virgem ofendida. Para a eventual exibição de narcisismos, arrogâncias, faltas de chá, de brazões na lapela e sentido de estado que ontem condenei. Olho para o pés do homem e vejo-os em sangue e vejo-o, corajosamente, a prosseguir o caminho porque, como hoje eu sei e reconheço, e muitos de nós que hoje lhe apontam o dedo um dia também reconhecerão, há muito que ele sabe, e honra lhe deverá ser concedida, que...

O caminho das pedras é o único que poderá conduzir o Sporting à glória!...

Leoninamente,
Até à próxima

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