Mas depois passa...

Depois passa

«Quando escrevi a última crónica, nos idos de Julho, o país vibrava com a chegada de Jorge Jesus ao Sporting. E com a Supertaça acirrou-se o ressentimento que o treinador não tentou evitar. Insinuações, insultos, dramas, SMS, emails. Depois começou o campeonato e tudo indica que pode ser de novo a três.

Apesar do desaire europeu, que contou com uma participação exemplarmente parcial da arbitragem, a contratação de Jorge Jesus parece ter sido uma boa ideia. Fora e dentro de Portugal, Bruno de Carvalho mantém uma batalha por uma arbitragem limpa. E, acrescento eu, com meios tecnológicos que evitem tantos disparates. Errar é humano. Recusar as condições que permitem deixar de errar é promover a trafulhice.

Quase todas as polémicas em torno da chegada de Jesus se esvaziaram com um começo de época animador quanto baste para o Sporting. Não estou a falar dos resultados, mas de se perceber que há, no que está a ser feito, cabeça, tronco e membros. E é natural. Não foi por acaso que se gastou tanto para ter Jesus. O Benfica está a refazer-se da mudança de um treinador que o marcou. E é natural. O Porto tem a vantagem da estabilidade. E é natural.

As arbitragens continuam a favorecer quem ainda manda e a prejudicar quem, entre os grandes, tem menos poder. E é natural. Que tudo isto provoque sempre a sensação que o Mundo está a acabar também é natural. Depois passa. Sobretudo se o jogo for bom. Verão que daqui a uns meses é como se Jorge Jesus tivesse treinado sempre o Sporting.»

(Daniel Oliveira, Verde na Bola, in Record)

"As arbitragens continuam a favorecer quem ainda manda e a prejudicar quem, entre os grandes, tem menos poder. E é natural." Mas depois, um dia, há-de passar. Porque nada é eterno e imutável!...

Importante será "perceber que há, no que está a ser feito no Sporting, cabeça, tronco e membros". Importante e natural. "Não foi por acaso que se gastou tanto para ter Jorge Jesus"!...

"Daqui por uns meses, é como se Jorge Jesus tivesse treinado sempre o Sporting".

Sei que não corro o risco de ver Daniel Oliveira envaidecer-se, se confessar que já me fazia falta o seu Verde na Bola. Ele nunca será um leão desse tipo. Por isso digo que me fez bem voltar a tomar a habitual "aspirina leonina". E tenho também outra certeza: não estarei sózinho!...

Precisava que alguém me dissesse ser natural, face ao cheiro nauseabundo que vem do pântano, aos berros estridentes de papagaios, cucos e outros pássaros e à chuva ácida que por vezes nos irrita os olhos, esta sensação de que às vezes o mundo parece ir acabar...

Mas que depois passa!...

Leoninamente,

Até á próxima