"... Quando Malcolm Allison chegou ao Sporting Clube de Portugal - época de 1981/82 -, agitou o país. Descontraído, enfrentava as conferências de imprensa de charuto e copo de vinho branco carbonatado, que provincianamente foi denominado de champanhe. As notícias eram profusas e as opiniões divergiam.
Uns, a maioria, anteviam-lhe uma estada curta. Poucos, divergiam. Faziam-se apostas. Os jornais vendiam e a imprensa sempre ávida de novidades deleitava-se. Allison, "one man show", andava feliz.
Uns, a maioria, anteviam-lhe uma estada curta. Poucos, divergiam. Faziam-se apostas. Os jornais vendiam e a imprensa sempre ávida de novidades deleitava-se. Allison, "one man show", andava feliz.
Confesso, custou-me a entender um treinador tão diferente dos que, até aí, tinha tido. A sua excentricidade, face aoa cãnones da altura chocou-me.
Até ao dia em que num treino matinal, interiorizei uma das maiores lições de vida. Allison pediu para nos agruparmos em círculo à sua volta. Com um sorriso, com uma bola na mão, perguntou a cada um se nos sentíamos bem.
Depois começou uma prelecção em que nos incentivava à concentração, a focarmo-nos nos objectivos, enfim, a não nos distrairmos face a esses mesmos objectivos.
Enquanto futebolistas. era (é) um discurso recorrente. O plantel ouvia, mas a maior parte deixava a mente divagar. De repente um sobressalto. Allison arremessou a bola que tinha entre as mãos, contra o peito do Lito (saudades amigo). Allison voltou a sorrir. Sereno. Confiante. Com carisma, deu-nos uma bela lição. Que a partir daí, em casa, na rua, no carro, no treino, no jogo, tínhamos de estar sempre atentos, alerta, preparados para reagir, tomar a iniciativa, competitivos, ganhadores, vencedores, campeões!..."
(José Eduardo, Porta 10A, hoje, in A Bola)
Malcolm Allison, treinador do Sporting campeão e vencedor da Taça de Portugal na temporada de 1981-1982, a penúltima "dobradinha" leonina, ter-nos-à deixado um formidável legado, que deveria ser afixado hoje, exactamente hoje, tanto nas paredes da nossa Academia, quanto em todos os locais do mundo onde respire um leão! Para que nenhum de nós esqueça, um segundo que seja, que...
Em casa, na rua, no carro, no treino, no jogo, temos de estar sempre atentos, alerta, preparados para reagir, tomar a iniciativa, competitivos, ganhadores, vencedores, campeões!...
Leoninamente,
Até à próxima
Álamo, já me "obrigou" a fazer uma partilha no facebook ;)
ResponderEliminarAs únicas coisas que leio dos pasquins da nossa praça são as que aqui nos deixa de quando em vez. Esta foi bem tirada!
Um abraço e SL
Caro "grandeartistagoleador", com o devido respeito por opiniões conrárias, continuo cultivando o lema de que, para combater o inimigo, será sempre incontornável conhecê-lo!
EliminarCerto que, há muito que não gasto um cêntimo em papel de qualidade tão baixa. Mas tenho os meus processos para aceder a quase tudo quanto os pasquins "vomitam", seja em papel seja online.
Também penso que José Eduardo foi muito feliz com o excelente texto que escreveu em vésperas do derbi. Era uma pena que não chegasse aos sportinguistas. Acho que a minha decisão de aqui o trazer foi boa. Deu algum trabalho estar a copiá-lo à mão na mesa do café de todos os dias, aturando as piadas de alguns benfas que lhe adivinharam o destino, porque são leitores diários. Mas... a juba do leão que existe em mim é tão grande que faz resvalar os seus "tiros"!
Abraço e SL
Caro Álamo:
ResponderEliminarO homem era uma enciclopédia de gestão motivacional e de atitude, décadas antes da mesma estar em voga.
Conto só outras duas que ele fazia:
- primeira, tinha o hábito de mandar os jogadores pintarem de preto a parte de baixo dos olhos, como fazem os jogadores de futebol americano, para poderem olhar para o sol quando disputavam bolas pelo ar;
- segunda: tinha o hábito de, quando iam da cabina para os treinos, ir de surra atrás dos jogadores, e dar um murro na cabeça ou uma estalada por trás no que apanhasse a jeito. Quando se viravam para responder da mesma moeda, ele dizia: "Há adversários que te vão fazer isto nos jogos. Não podes responder, senão quem vai para a rua és tu!".
Notável, dep facto, um homem à frente do seu tempo, também com os métodos de preparação física do seu adjunto Roger Spry!
Grande Abraço,
José Lopes
Amigo, depois de Malcolm Allison, foi a longa noite de 17 anos sem celebrarmos um único título de campeões!...
EliminarAgora, se nada fosse feito, se não estrebuchássemos, se não batessemos o pé, se não tivéssemos corrido com o "roquettismo", o "fado" seria o mesmo! E ainda há, até entre sportinguistas, infelizmente, quem critique "as nádegas e as bufas" que Bruno de Carvalho chamou a terreiro!...
Roger Spry, outro "monstro sagrado", que não me importaria nada se o visse regressar a Alvalade! Há histórias de ambos, de tão fantásticas e originais, que ainda hoje não se sabe ao certo o verdadeiro autor, se o "Big Mac" se esse "louco e revolucionário preparador físico"! Por exemplo, na pintura dos olhos, já ouvi contar as duas versões e sobre as marchas guerreiras difundidas pela aparelhagem do estádio em pleno treino, ainda não encontrei quem confirmasse ou desmentisse, mas o que nos chegou, dava para empolgar...
Grande Abraço e SL
Caro Álamo:
EliminarConfirmo as marchas, e também lhe digo que chegaram a entrar em campo ( contra o Setúbal, salvo o erro), com as pinturas, masforam obrigados pelo árbitro a retirá-las!
Grande Abraço,
José Lopes
Saudades deste Senhor. Um Senhor.
ResponderEliminarUma legenda, caríssimo Rui Paiva! Muita Saudade !!!...
EliminarRoger Spry,
ResponderEliminarGrande mérito teve esse homem
provando-o depois em Setúbal