terça-feira, 10 de setembro de 2019

Mais importante será sempre a substância!...


O vice-presidente do Sporting Clube de Portugal e consequente administrador da Sporting Futebol SAD, Francisco Salgado Zenha, na sequência do R&C referente ao exercício anual 2018/19, ontem comunicado à CMVM, concedeu à agência Lusa uma extensa entrevista, divulgada durante a tarde de hoje, de que me permito destacar alguns dos pontos do seu discurso, que me pareceram relevantes:

Jorge Mendes é um parceiro entre muitos

"Jorge Mendes é um parceiro, como é uma quantidade enorme de agentes, porque sempre dissemos que trabalhamos com todos os agentes, mas defendendo os nossos interesses. (...) Por curiosidade, não comprámos nenhum jogador com o Jorge Mendes, só vendemos, tendo contribuído nas operações de Rui Patrício, Gelson Martins, Daniel Podence e Thierry Correia."

Remuneração dos administradores da Sporting SAD

"Em primeiro lugar, quem decide a política de remunerações é uma comissão accionista e, em segundo, esta direcção prometeu manter os vencimentos da anterior e recebeu menos, porque todos abdicaram do 'bolo' dos prémios colectivos indexados aos resultados desportivos. {...] 
Não somos nós que decidimos, mas não sou hipócrita, faz sentido porque temos um estudo de 'benchmarking' que mostra que o agora sugerido está muito abaixo da mediana do mercado e, se formos ver, os administradores dos nossos rivais ganham mais do que nós, e não estou a falar de variáveis. [...]
Relativamente à época 2018/19, à Assembleia-Geral da SAD, convocada para 01 de Outubro, caberá ratificar a ausência de remuneração variável para os elementos da sociedade, que foi abdicada por todos os elementos, assim como os montantes a receber mensalmente pelo presidente Frederico Varandas (10.500 euros) e os três vogais da administração (7.000).

Mercado e remuneração do jogadores profissionais do Sporting

"O resultado final (do mercado) foi muitíssimo positivo. Foi o segundo maior rendimento com venda de jogadores que tivemos na história da SAD. Depois, na própria janela, se atendermos ao volume de vendas e compras, temos uma receita líquida de cerca de 62 ME. [...]
Do ponto de vista desportivo, conseguimos manter a 'espinha' dorsal do plantel profissional, reforçar posições que achámos fundamentais e manter o nosso melhor jogador. Se tivéssemos tido esta conversa no início do mercado, pouca gente acharia que o Bruno Fernandes ficaria, a verdade é que ficou e conseguimos manter aquele que será o ativo desportivo mais importante. [...]
Percebemos que conseguíamos ter tanto ou mais rendimento desportivo ao retirar esses excedentários, que recebiam muitíssimo bem e estavam desajustados ao mercado, e introduzindo novos jogadores, nomeadamente, da formação e mais ajustados ao que vão jogar ao longo da época. [...] Conseguimos, com isso, fazer uma redução líquida de custos anualizada de 10 milhões de euros, logo em Janeiro, que se reflecte [no relatório e contas] em cerca de cinco milhões de euros no ano. [...] Desta forma,, os jogadores do plantel têm um salário ajustado ao mercado e serão facilitadas futuras transferências, mesmo com o eventual aumento do vencimento do capitão da equipa. [...]
Não vou lançar números, porque o mercado é dinâmico e eu até estaria disposto a vender o Bruno por um valor, mas, depois de o Raphinha sair, já só estou disposto por outro. É dinâmico, não vou deixar um número que pode ancorar uma negociação, que depois não faz sentido, porque tem de se analisar o momento do jogador e o momento do rendimento desportivo. [...]
Temos de ser pacientes. Eu oiço muitas vezes que os sportinguistas são pacientes há muito tempo, pois são. Eu também sou sportinguista, sou sócio há 26 anos, e também tenho de ser paciente e tenho de ter consciência disso. Se quisermos dar um passo maior do que a perna, vamos ficar pelo caminho e isso não queremos. O que queremos é criar os alicerces para lá chegar."

Contas do Sporting

"Este ano, sendo um ano de transição, até porque este conselho de administração entrou já com o ano fiscal a decorrer, foi um ano em que fizemos os ajustamentos que achámos necessários do ponto de vista do equilíbrio financeiro. [...]
Recuperámos de um défice operacional de 35 milhões de euros, com um fluxo de pagamentos estimado para este ano de 225 milhões de euros, que acabou por se concretizar, tendo procedido, para fazer a estas necessidades prementes que, inclusivamente, colocariam em risco o cumprimento do 'fair-play' financeiro", a um empréstimo obrigacionista [25,922 ME] e operação de titularização de créditos do contrato da NOS em março de 2019 [65 ME]. [...]
Esta administração não vai entrar em loucuras, mas também não vai fazer apertos de cinto sem estratégia. Não andamos a cortar a eito, precisamos de equilíbrio porque não podemos viver acima das nossas possibilidades e vamos ter de arranjar uma maneira de ajustar sem pôr em causa a competitividade e o rendimento desportivo. [...]
Este défice operacional não dá um sinal de equilíbrio financeiro, temos de ir mais longe, e a prova disso é que no ano anterior [2017/18], com 'Champions', não conseguimos ter resultados líquidos positivos - é óbvio que os eventos do Verão não ajudaram -, mas foi um ano de recorde de fluxo de pagamentos na altura - este ano acabou por ser mais alto - com 215 milhões de euros. De tal maneira que a antiga administração se viu aflita e chegou a falhar um pagamento de impostos, numa altura em que não estava aberto o mercado de transferências. Isso prova que, já naquela altura, a situação financeira do clube estava desequilibrada. [...]
Se há coisa que não somos é populares, estamos aqui para fazer o nosso melhor e construir. E dou a minha palavra de que quem entrar depois de nós vai estar melhor do que estavámos."

Direitos de transmissão e 'namings'

"Estamos a estudar tudo. Sento-me à mesa com quem quiser falar connosco. Depois a questão é saber se o valor e o parceiro fazem sentido, em termos estratégicos. Se fizerem, o tema é tão relevante que os sócios devem ter uma palavra a dizer e ser consultados. Só levarei algo que eu acredite que faça sentido, por ligação estratégica e posicionamento da marca. [Valores?] Não tenho nenhum número agora. Mas podem pôr vários zeros à frente, muitos zeros."

Não fora o desapropriado e nefasto - para a imagem do próprio, obviamente! - erro comunicacional demasiadas vezes cometido por Salgado Zenha, de trocar a primeira pessoa do plural pela do singular, eu permitir-me-ia, como sócio e adepto sportinguista, entender esta entrevista como muito positiva e esclarecedora. Mas tentarei relevar esse 'passo em falso', atribuindo-o a outros factores ligados a impulsos naturais de juventude e falta de experiência, porque, para mim...

Mais importante será sempre a substância!...

Leoninamente,
Até à próxima

3 comentários:

  1. Cá estaremos para ver até onde chegam os números (talvez numa próxima auditoria)... Substancialmente mais importante era vê-los preocupados em potenciar a marca sem danos de juventude do que preocupados em receber o que ainda não demonstraram serem merecedores... E se a bitola são ' os outros'... então que no dêem o que 'os outros' também recebem... Podem começar pelos títulos a sério

    p.s. A questão Mendilhões deve ser para rir... Não é... é agora...

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    1. Com certeza, cá estaremos. No final do mandato, avaliaremos. Decerto cada um de nós com esperanças diferentes. Torna-se ca da vez mais óbvio...
      E a questão dos "Mendilhões" também! Para já, o resultado está em 4-0 e 'vantagem' para o Sporting. Aguardemos os próximos 'sets'...

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    2. Não é uma questão de esperança, caro amigo... É que não é mesmo...!!! (Antes fosse) É a questão de não achar, mesmo, que o Sporting leva 4 de avanço... (O futuro, passado, já nos provou, e comprovou, isso mesmo) Opiniões..!!!

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