terça-feira, 18 de novembro de 2014

Rivalidade Sporting vs Benfica !...


O futebol suspenso

"São penosas estas semanas em que o futebol fica suspenso. Passam os dias, chega-se ao fim de semana e somos recebidos pelo vazio. Há, é verdade, umas selecções contra outras e até jogos de exibição, organizados para entreter. Futebol que nos comova, nada. E escrevo nada porque futebol é uma modalidade praticada entre clubes.

Não tomem esta opinião como a visão de um doente, contaminado pelo vírus da clubite aguda. Diria que estamos perante uma pandemia. Pese embora não conheça nenhum estudo epidemiológico, arrisco-me a afirmar – baseado numa sondagem com uma amostra representativa, composta pelos meus amigos – que quanto maior é a paixão pelo futebol, menor é o interesse pelas selecções.

Há nisto um paradoxo. Enquanto essa coisa do “amor à camisola” se tornou num anacronismo e as selecções são as únicas equipas a que os jogadores pertencem, os adeptos continuam amarrados sentimentalmente aos clubes. De tal forma que este fim de semana, e a sofrer de abstinência, fiquei convencido que nem o mais obscuro dos dérbis me seria estranho.

Há, certamente, muitas explicações para o fenómeno. Desde logo, a forma como se cimenta a pertença a um clube, fim de semana sim, fim de semana sim – em que o dia em que joga a nossa equipa é o ponto de viragem do calendário a que estamos mental e sentimentalmente obrigados. Mas a cultura de dependência, que organiza o quotidiano, não explica tudo.

O futebol não é um desporto movido a fair play. Pelo contrário. Necessitamos dos jogos, mas precisamos de prolongar o prazer sádico da vitória pelos dias que se seguem. É por isso que o Benfica poderia existir, mas não seria a mesma coisa sem o Sporting. Ora Portugal, que existe como nação e ideia, não mobiliza por aí além os doentes da bola. Afinal, não temos nenhum arménio à mão para humilhar durante a semana, até ao próximo jogo do campeonato."


Relembraria eu, no entanto, a PAS, que existe na língua portuguesa uma palavra importante, qual cereja no topo do bolo: vice-versa! Sim, porque o Sporting também poderia existir, mas não seria a mesma coisa sem o Benfica!...

Tanto assim que os leões, tendo mil e um motivos de regozijo na sua gloriosa história, jamais deixarão de lembrar, destacado, o célebre jogo dos 7-1, assim como, pela negativa nunca esquecerão o golo que Paraty validou, depois da carga assassina de Luisão sobre Ricardo e que viria a retirar um título ao Sporting, entregando-o numa bandeja ao Benfica!

Clássicos e derbies sempre houve e continuará a haver, mas nenhum alguma vez se poderá comparar àqueles em que Sporting e Benfica estejam presentes, seja qual for a modalidade e a circunstância!...

Dizem-nos os registos históricos, adulterados pelo emblema vermelho, que inexplicávelmente e decerto por razões de dignidade duvidosa, que "... o primeiro confronto entre Sporting e Benfica ocorreu em 1 de Dezembro de 1907, com vitória do Sporting por 2 a 1. Tal partida foi realizada em Carcavelos, no Campo da Quinta Nova, utilizado pelo Sport Lisboa, que só um ano mais tarde viria a transformar-se em Sport Lisboa e Benfica, depois da fusão com o Grupo Sport Benfica, uma associação praticante de ciclismo...".


Desde então e até aos nossos dias, negar que o equilíbrio tem sido a razão fundamental da rivalidade entre ambos ao longo de mais de um século, em defesa de conceitos pretensamente hegemónicos, viciados e mentirosos, será puro exercício de doentia visão da realidade e a negação completa do papel incontornável que ambos desempenharam na promoção do Desporto em Portugal.

Leoninamente,
Até à próxima

3 comentários:

  1. Entrada assassina? Figura de estilo ou é mesmo o que queria dizer?

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    1. Por quem me toma?! O contexto não é um jogo de futebol?! A entrada de Luisão, sobre Ricardo, na sua área de protecção, não "assassinou", à margem das leis, a intenção do guarda-redes?!...

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    2. Quando estamos cobertos de razão e exageramos um pouco para dar mais força aos argumentos, muitas vezes perdermos toda a credibilidade, e acabamos por perder mesmo os argumentos que são indiscutíveis.
      Felizmente que o Sporting Clube de Portugal é um clube suficientemente grande para caberem todas as sensibilizades. mesmo daqueles que acham que este assunto só é discutido porque em Portugal temos um futebol "sonso".
      Tenho a sorte de ver dezenas de jogos em directo na Europa e na América Latina e na maior parte dos campeonatos o árbitro apontava o centro do terreno e a discussão acabava ali.
      O SCP está muito viciado em ver a realidade do clube e do campeonato à custa de atribuições causais externas e tenho receio de que essa maneira de ver não potencie o crescimento.
      África passou grande parte do século XX a discutir o conceito de negritude, até que o nigeriano Wole Soynka (prémio nobel) introduziu o conceito de tigritude. "O tigre não passa a vida a reclamar a sua tigritude, ele exerce-a". Esta é a razão pela qual não aprecio particularmente as energias e o tempo que nós desperdiçamos a reclamar conceitos (maior potência desportiva, maior potência formadora, maior isto, maior aquilo, os penalties do capela, a falta do luisão, etc) quando podíamos gastar esse tempo e energias a exercitar a nossa tigritude (talvez por sermos leões não conseguimos). Se conseguissemos ser metade do que o nosso potencial exige, não era preciso as nossas virtudes serem auto-proclamadas, porque até os nossos adversários as reconheceriam.
      Caro Álamo, se me permite uma crítica, eu gosto imenso de todos os seus posts, reconheço-me na maioria, mas quando dou um passo atrás e tento ver toda a floresta em vez da árvore isolada, fico com a ideia de que a blogosfera Leonina passa mais tempo a discutir a agremiação galinácea, do que a exercer a nossa tigritude. SL/AS

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