"Bruno de Carvalho não está apenas interessado em cumprir uma comissão de serviço no Sporting – salta à vista que quer ser presidente durante muito tempo, o que é legítimo. Até por isso, precisa de fazer o inventário dos quase 20 primeiros meses do seu mandato e perceber que um dos principais comprovativos de (boa) liderança é a perícia de detectar um problema antes que ele se torne uma emergência e uma fatalidade. O presidente do Sporting foi eleito com pouco mais de 50 por cento dos votos, mas não tardou a crescer imenso em popularidade. Conseguiu-o à custa, é certo, de alguma propaganda mas principalmente de um conjunto de decisões que travaram a queda no precipício. Godinho Lopes até pode vir agora dizer que o seu sucessor se limitou a seguir a cartilha e a aplicar as soluções que lhe foram deixadas na gaveta. A verdade é que, independentemente de isso ser real ou não, ninguém poderá nunca retirar a Bruno de Carvalho o mérito de ter sido ele a perpetrar o que os seus antecessores falharam por falta de visão e/ou coragem. E fê-lo ao mesmo tempo que foi conseguindo renovar a ilusão aos adeptos (o empréstimo de Nani foi um acto muitíssimo sagaz) e reafirmar o Sporting como uma voz com peso no intrincado poder do futebol português, não sendo ainda de subestimar o dom mostrado na escolha de bons treinadores.
Aquela foi a fase napoleónica em que Bruno de Carvalho se envolveu num sem-número de batalhas e funcionou como um vendedor de esperança para os seus adeptos. A actual já é um pouco diferente e bem menos confortável e consensual, precisando o presidente do Sporting de arrepiar caminho, sob pena de se deixar envolver na sua Batalha de Waterloo... E é isso que pode acontecer se Bruno de Carvalho não perceber rapidamente que um líder que age como um autocrata na sua própria casa, não poderá nunca ter sucesso no combate a um regime que acusa de usurpador. Os últimos sinais já foram mais positivos, isto caso se confirme ir cair em saco roto a estapafúrdia tentação de instaurar processos disciplinares a Rui Patrício, Jefferson e Nani (que BdC negou ontem em entrevista à televisão do clube), que até foram civilizados e ajustados na forma como deixaram nas entrelinhas que um líder deve servir para inspirar e não para deprimir. Da mesma forma, será importante que se confirme que Marco Silva conseguiu blindar o balneário à presença e à influência de alienígenas – deverá continuar obviamente franqueado ao presidente, que, ali sim, deve poder dizer o que lhe vai na alma, embora sempre com critério no que respeita à gestão da oportunidade e da própria liderança do treinador (cuja autonomia no âmbito técnico, já agora, devia ser um dogma). E, com o mercado prestes a reabrir, seria importantíssimo que Marco Silva pudesse ter uma palavra decisiva nos ajustes do plantel, premissa que Bruno de Carvalho tem tido dificuldade em cumprir desde os tempos com Leonardo Jardim. Se o tivesse feito há mais tempo, talvez o Sporting pudesse hoje contar com as mais-valias de Evandro e Sebá em vez de se interrogar sobre a utilidade de Ryan Gauld e Tanaka. E provavelmente já teria começado com o defesa-central de qualidade que agora passou a ser prioridade...
Mas a verdadeira transformação só será possível se Bruno Carvalho perceber que não pode continuar a reflectir apenas o pensamento e o pulsar da turma mais radical com que criou laços fortes nos tempos em que se sentava anonimamente nas bancadas. Porque a muitos desses será sempre complicado fazer perceber que o facto de o Sporting só ter sido campeão duas vezes nas últimas três décadas não resultou apenas das malfeitorias dos árbitros e da Liga, mas também em função do mérito dos adversários e dos tiros que o Sporting foi dando nos seus próprios pés. Não é crível que Bruno de Carvalho possa, aos 42 anos, alterar substancialmente os seus traços de carácter. Mas há sempre a possibilidade de a maior experiência no cargo lhe acabar por ensinar que a função da liderança é produzir mais líderes e não apenas mais seguidores..."
Será difícl que alguma vez decida ir aos figos com Bruno Prata. Acho-o demasiado inconstante e egoísta e imagino-o a saltar na figueira de ramo para ramo, sempre com a preocupação de escolher os melhores.
Mas dentro da sua função de jornalista - não de comentador! - até aprecio alguns dos seus textos, particularmente aqueles que reflectem um óbvio amadurecimento da matéria, antes de a descarregar sobre as teclas.
Parece-me ser o caso particular do texto que hoje publicou no jornal Record. E atrever-me-ia a julgá-lo um bom ponto de partida para a refexão, a meu ver inadiável, que Bruno de Carvalho deverá fazer.
E vem-me à memória um pensamento de Martha Medeiros, que uma vez li por aí, já nem sei onde:
Mas dentro da sua função de jornalista - não de comentador! - até aprecio alguns dos seus textos, particularmente aqueles que reflectem um óbvio amadurecimento da matéria, antes de a descarregar sobre as teclas.
Parece-me ser o caso particular do texto que hoje publicou no jornal Record. E atrever-me-ia a julgá-lo um bom ponto de partida para a refexão, a meu ver inadiável, que Bruno de Carvalho deverá fazer.
E vem-me à memória um pensamento de Martha Medeiros, que uma vez li por aí, já nem sei onde:
"A maioria das pessoas comunga da ideia do ”falem mal, mas falem de mim”. Sempre achei meio suspeita essa necessidade de ser notado a qualquer custo, de preferir ser esculhambado a ser ignorado."
Julgo estar a acontecer isso! Bruno de Carvalho parece-me possuído de uma ridícula necessidade de ser notado a qualquer custo, de preferir ser esculhambado, a ser ignorado!
E não haverá palavra mais indicada para definir a forma galopante como Bruno de Carvalho tem vindo a ser tratado, numa primeira fase, pelos detractores naturais internos, depois, à medida que o estado de graça foi decaindo, pela generalidade dos orgãos de informação, para agora, bem mais grave do que as anteriores franjas, por uma grande parte daqueles que de alguma forma aderiram às suas ideias e se reviam na sua voluntariedade e no seu sportinguismo: ESCULHAMBADO !...
Ou será que até os "amigos" passaram a delatores?!...
Leoninamente,
Até á próxima
Tudo o que Bruno Prata possa escrever sobre o Sporting e BDC tem sempre uma intenção viperina. E é fácil descortinar esse intuíto neste texto.Se não vejamos: então não é que ele admite que o presidente tenha tido a intenção de levantar processos aos três jogadores! Então não é que ele admite que Marco Silva tenha querido fechar o balneário ao presidente. Este jornalista está ao serviço dos corruptos. Logo o que ele possa debitar sobre o atual grande inimigo dos sicilianos tem o objetivo claro e único de debitá-lo.
ResponderEliminarCaríssimo Caverna da Luxúria, julgo que o seu pensamento será demasiado redutor. Em qualquer debate ou discussão, eu procuro sempre encontrar elementos positivos nas ideias que se opõem às minhas e tento não associar as palavras que ouço ou leio, à opinião que tenho sobre o carácter do seu autor. O preâmbulo versus desenvolvimento do meu texto serão suficientemente elucidativos.
EliminarE meu caro, apesar dos desmentidos de BdC, que refere no seu comentário sobre processos e balneário, perdoar-me-à mas nunca colocarei as mãos no lume por eles, porque me obriguei a uma ponderação muito mais abrangente e concluí, que desde que Bruno Pires, no DN, retirou a espoleta da granada, nem toda a àgua que passou sobre as pontes terá sido límpida e transparente.
Terei obviamente dentro de mim, um conflito latente entre o coração e a razão, que já vem desde a tomada de posse de Bruno de Carvalho, a quem entreguei os meus votos. Mas em cada dia tenho tentado colocar a razão mais alto.
Foi com a razão que escrevi o meu texto, independentemente de quem seja e do que represente Bruno Prata. Apenas me servi das suas palavras como alicerce para dizer o que penso. E acompanhando-me com regularidade, como penso que acompanha, saberá bem que Bruno Prata nunca influenciou, influencia ou influenciará aquilo que penso sobre Bruno de Carvalho.
Continuaremos naturalmente, cada um com o seu pensamento, no óbvio respeito mútuo. O futuro trará a resposta a cada um de nós...
Mas enquanto o futuro não chega, Dias Ferreira disse isto:
“Acho que poderei não ser muito agradável para os directores dos jornais, mas parece-me que caíram numa armadilha. Esta entrevista, que mais foi uma conferência de imprensa, acho que foi inteligentemente montada, e na minha perspectiva os convidados caíram numa estratégia inteligente: foram convidados para o baile mas só um é que dançou. Nesse aspecto, o António Magalhães ainda tentou lutar e contestar, mas já tardiamente. Acho que não era aquilo que ele esperava, mas quando reagiu já era tarde. Houve questões sem resposta, houve respostas que precisavam de mais perguntas. Acho que Bruno de Carvalho conseguiu fugir aos problemas mais incómodos, especialmente estes últimos relacionados com a equipa de futebol. Assim, Bruno de Carvalho fez passar a mensagem que pretendia para combater as notícias dos jornais e conseguiu o que queria. Ele negou os problemas com os jogadores e será sempre a palavra de um contra a de outros e as fontes de informação dos jornais..."
Todos nós se tivermos um determinado objectivo ou uma agenda para cumprir, somos capazes de encontar inúmeros argumentos, exemplos e testemunhos que os suportem por mais absurdos ou falsos que o sejam e, nesta questão, nem preciso de de me escudar em António Aleixo, nem sequer recorrer a alguns ditados como, por exemplo, "de Espanha nem bons ventso nem bons casamento".
ResponderEliminarA a reta é a menor distância entre dois pontos mas para muitos a sinusoidal, por exemplo, pode ser o caminho mais rápido ou mais fácil de percorrer entre esses mesmos dois pontos. Álamo para os americanos significa heroísmo, rebeldia mas para os mexicanos Álamo é sinónimo de traição, deslealdade
Tudo, como é óbvio, é função do nosso carácter, motivações e do lado em que nos colocamos na apreciação dos assuntos.
Na enxurrada em curso na direcção de Bruno de Carvalho, há muita gente que se entretem a lançar detritos e toda a espécie de lixo sólido ao mesmo tempo que tudo fazem para comprimir (Brecht) as respectivas margens num processo de autofagia muito próprio do mundo sportinguista fazendo jus à frase, "com amigos assim quem precisa de inimigos?"
Outros, onde me incluo, rerconhecem erros ou que não se identifiquem com algumas atitudes de BdC, mas não alimentam essa enxurrada pois sabem que ainda não saímos do buraco, que os perigos e os detratores são muitos, que o trabalho em curso vai não só no rumo certo como é muito meritório e que, como em todos os processos revolucionários ou reformas, há sempre transformações dolorosas que causam vítimas inocentes, que geram insatisfações, incompreensões que crescem à medida que o tempo das transformasções se prolonga e os resultados não são ainda os desejados e é precisamente nesse período que somos mais vulneráveis aos ataques dos nosso inimigos internos e externos como, infelizmente e ruína dos meus sonhos, o 25 de Abril é um claro exemplo que no Sporting não gostaria de repetir.
Bem haja
Marco Lopes
Caro Marco Lopes, orgulhosamente, embora reconhecendo pecados quiçá inultrapassáveis, não corro atrás do heroísmo e rebeldia americanas e sempre recusei liminarmente a traição e deslealdade mexicanas. Escolhi, repito, orgulhosamente, uma terceira via: ser fiel à terra que me viu nascer e Álamo, para mim, será sempre uma das imponentes árvores que envolvem o meu mundo.
EliminarTambém entre dois pontos, nem escolhi a facilidade da recta, nem a complexidade da sinusóide. Talvez por deformação profissional, adoptei uma terceira via, a ortodrómia e tenho sabido ao longo da vida defender a razão científica da sua importância.e da sua, para muitos, inconcebível verdade.
Nesta condição, comungo completamente a ruína dos seus sonhos: o 25 de Abril! E nesta fase da minha vida em que o Sol, ultrapassado o zenite, já vai caindo para o mar, liberto das responsabilidades e da prisão que representaram o meu sustento e o dos meus, abracei uma causa, quiçá libertadora como Abril, embora circunscrita a uma dimensão menor, mas quase tão apaixonante.
E será por me aperceber dos riscos que corre a nossa causa, depois de impensável libertação, que vou manipulando o fole da forja, para que o aço não arrefeça e todos possamos ajudar a que o ferreiro consiga temperá-lo. Mas está difícil. O ferreiro parece ter herdado a teimosia dos velhos e... os burros velhos não aprendem línguas!...
Mas por cá continuarei a dar ao manipanço do fole! Apenas porque acredito que o aço pode ser temperado!...
SL