A libertação de Paulinho
«O nosso campeonato arrancou e em duas jornadas sentiu-se uma forte tremideira dos quatro principais candidatos ao título. Benfica e Braga já perderam (Boavista e Famalicão), o FC Porto foi salvo no gongo por São Marcano, que fulminou o Farense, e o Sporting sofreu com o Vizela após um erro amador de Adán e com o Casa Pia não se superiorizou categoricamente. A dúvida é a do costume. Estão os mais pequenos a crescer ou os mais fortes cada vez mais debilitados? Salomonicamente, temos de reconhecer que há um bocadinho destas duas realidades.
Já não basta a força do emblema dos três grandes e das suas massas associativas para assustar os que menos armas têm, contudo, também se mantém o paradigma de que peixe pequeno não mata tubarão. Este dilema não obnubila um facto indesmentivel: a nossa Liga está a nivelar-se por baixo. Daí que nem França, nem Brasil, nem Inglaterra tenham interesse em transmitir um jogo semanal do nosso campeonato. É triste, porém, a pobreza franciscana exibicional e de tempo de jogo, aliada à moldura inóspita de diversos estádios vazios, não é uma boa promoção do nosso futebol.
E, para já, há três factos marcantes neste regresso aos relvados. No Benfica, a novela Vlachodimos, que nunca foi um raiozinho de sol para os encarnados, mas que merecia pelo menos mais gratidão da parte de Roger Schmidt pois em inúmeros momentos foi ele o obstáculo intransponível de desaires quase cantados. Como escrevi há duas semanas, as águias parecem viver uma crise de abundância. Pode haver mais rotatividade do que na temporada transacta, no entanto, há sempre uma constelação de estrelas que vai estar no banco. E isso, por muito que falem de união, abana sempre o barco.
No FC Porto, a partida de Otávio faz-me lembrar um diálogo no filme 'A Noite' do Michelangelo Antonioni: "Sabes quem é? É riquíssimo. Tem milhões em dívidas." Os dragões são a imagem do aristocrata falido, vão vendendo as pratas para sobreviver. E no caso em apreço, a melhor prata que ainda por ali andava. Lá tem Sérgio Conceição de fintar adversidades (foi assim em toda a sua vida para ter sucesso), incutir a sua alma e o seu talento táctico para manter o FC competitivo. É tarefa hercúlea mas já nos habituou a ultrapassar as dificuldades.
A grande novidade está no Sporting e é Paulinho. Um patinho feio para muitos adeptos que desatou a marcar e a corresponder ao investimento feito. Ora, Gyokeres desinibiu-o. Já não é a aquisição mais cara de sempre dos leões, o sueco libertou-o desse pesado fardo. E sem pressão e com o estimulante mais importante para um avançado em alta, o golo, promete uma época como nunca teve em Alvalade. A esperança mora ali.
PS: é bizarro e obsceno que Luis Rubiales se mantenha como presidente da Real Federação Espanhola de Futebol.»
Seria muito mau para o Sporting que a libertação de Paulinho acabasse por desaguar num intrincado, turvo e quase inexplicável "complexo de Édipo"!...
Viktor Einar Gyökeres não tem culpa nenhuma!!!...
Leoninamente,
Até à próxima
Sem comentários:
Enviar um comentário