Entrevista a Daniel Oliveira. “Bruno de Carvalho é um homem fraco e de uma fragilidade perturbante”
19/6/2018, 8:47
O comentador falou do seu novo podcast, do voto contra a eutanásia e de Bruno de Carvalho. Não dorme há um mês por causa do Sporting. (LINK)
Por Fábio Martins
«... E como é ser sportinguista numa altura tão conturbada do clube?
É ser uma pessoa que sofre, que está profundamente triste e que não dorme há um mês. Sou um sportinguista ferrenho e sempre sofri muito com o meu clube, mas era um sofrimento saudável. Ficava feliz quando a equipa ganhava e triste quando perdia. Mas neste momento vivo quase numa crise existencial.
Eu já me zanguei muitas vezes na política, mas na política é fácil. Zangamo-mos, aguentamos até ao limite e no limite saímos e até estamos livres para mudar de partido ou criar um novo. Eu vou ser sportinguista até morrer e assistir a este espectáculo deprimente revela um sentimento de impotência enorme. A única coisa que eu quero neste momento é correr com este homem [Bruno de Carvalho] do Sporting.
Onde é que Bruno de Carvalho perdeu o controlo?
Há quatro meses, entre aquela publicação idiota e a marcação de uma assembleia geral que já não foi idiota, mas sim uma coisa pensada para aproveitar o primeiro ano do Sporting para tentar reforçar o seu poder. Claro que há sempre pessoas que viram isto acontecer muito tempo antes e, na minha opinião, viram mal porque o que está a acontecer não esteve sempre a acontecer. Houve um momento em que Bruno de Carvalho acordou para uma realidade em que o poder é transitório e que provavelmente o iria perder. É um homem sem estrutura emocional e psicológica para suportar a ideia de que o poder é transitório.
Nós temos a mania de dizer que os ditadores são pessoas fortes, mas eu acredito que os ditadores são pessoas fracas de espírito, que não aguentam perder aquilo que pessoas que não são ditadoras aguentam perder. Eu tinha uma amiga que me dizia uma frase que ainda hoje repito muitas vezes, que os fracos são os nossos carrascos. Bruno de Carvalho é um homem fraco e de uma fragilidade perturbante. E cabe aos sportinguistas remover a pessoa que está a criar um problema no clube e assegurar que o clube continua na mão dos sócios. É uma tarefa que vai demorar uns anos.
Como é que se salva o Sporting de Bruno de Carvalho?
As pessoas a quem entregamos poder absoluto para salvar as instituições rapidamente as começam a destruir. Como é que se reverte uma situação destas? É difícil. Se fosse fácil acho que já estava feito, mas acho que não vai demorar assim tanto tempo. Bruno de Carvalho já não controla rigorosamente nada no clube e toda a estratégia que lhe resta é dizer que a culpa é dos jogadores ou de outra pessoa qualquer que não ele.
E alguém que tem como legado o facto de (no dia da entrevista) em Junho não termos treinador e termos acabado de perder quase metade da equipa a custo zero, digamos que não tem propriamente grande rival a nível de legado. E acho que a maior parte dos sócios já percebeu isto. Esta novela vai demorar muito a terminar mas já sabemos como é que vai acabar. Não vai ser um final feliz para Bruno de Carvalho e, infelizmente, para o Sporting...»
É ser uma pessoa que sofre, que está profundamente triste e que não dorme há um mês. Sou um sportinguista ferrenho e sempre sofri muito com o meu clube, mas era um sofrimento saudável. Ficava feliz quando a equipa ganhava e triste quando perdia. Mas neste momento vivo quase numa crise existencial.
Eu já me zanguei muitas vezes na política, mas na política é fácil. Zangamo-mos, aguentamos até ao limite e no limite saímos e até estamos livres para mudar de partido ou criar um novo. Eu vou ser sportinguista até morrer e assistir a este espectáculo deprimente revela um sentimento de impotência enorme. A única coisa que eu quero neste momento é correr com este homem [Bruno de Carvalho] do Sporting.
Onde é que Bruno de Carvalho perdeu o controlo?
Há quatro meses, entre aquela publicação idiota e a marcação de uma assembleia geral que já não foi idiota, mas sim uma coisa pensada para aproveitar o primeiro ano do Sporting para tentar reforçar o seu poder. Claro que há sempre pessoas que viram isto acontecer muito tempo antes e, na minha opinião, viram mal porque o que está a acontecer não esteve sempre a acontecer. Houve um momento em que Bruno de Carvalho acordou para uma realidade em que o poder é transitório e que provavelmente o iria perder. É um homem sem estrutura emocional e psicológica para suportar a ideia de que o poder é transitório.
Nós temos a mania de dizer que os ditadores são pessoas fortes, mas eu acredito que os ditadores são pessoas fracas de espírito, que não aguentam perder aquilo que pessoas que não são ditadoras aguentam perder. Eu tinha uma amiga que me dizia uma frase que ainda hoje repito muitas vezes, que os fracos são os nossos carrascos. Bruno de Carvalho é um homem fraco e de uma fragilidade perturbante. E cabe aos sportinguistas remover a pessoa que está a criar um problema no clube e assegurar que o clube continua na mão dos sócios. É uma tarefa que vai demorar uns anos.
Como é que se salva o Sporting de Bruno de Carvalho?
As pessoas a quem entregamos poder absoluto para salvar as instituições rapidamente as começam a destruir. Como é que se reverte uma situação destas? É difícil. Se fosse fácil acho que já estava feito, mas acho que não vai demorar assim tanto tempo. Bruno de Carvalho já não controla rigorosamente nada no clube e toda a estratégia que lhe resta é dizer que a culpa é dos jogadores ou de outra pessoa qualquer que não ele.
E alguém que tem como legado o facto de (no dia da entrevista) em Junho não termos treinador e termos acabado de perder quase metade da equipa a custo zero, digamos que não tem propriamente grande rival a nível de legado. E acho que a maior parte dos sócios já percebeu isto. Esta novela vai demorar muito a terminar mas já sabemos como é que vai acabar. Não vai ser um final feliz para Bruno de Carvalho e, infelizmente, para o Sporting...»
É muito difícil prever o início de um regime autocrático cuja génese resultou de uma manifestação democrática. Mais difícil será estabelecer o momento da usurpação e não raras vezes e durante inacreditáveis espaços de tempo em que falham rotundamente os alertas da nossa razão, julgamos como democrata o autocrata que nos espezinha numa espiral absurda de que não damos conta. Quase impossível será adivinhar o seu fim!...
Amanhã? Ninguém sabe!!!...
Leoninamente,
Até à próxima
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