sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Sporting B, urgente, inadiável !...


Nas mais variadas áreas do conhecimento, qualquer jovem que termine o seu ciclo de formação académica, superior ou não, sabe que antes de entrar no mercado de trabalho, terá de enfrentar necessariamente um outro ciclo formativo que lhe complemente o conhecimento e o prepare para o confronto real com a profissão que escolheu. O estágio é hoje um lugar comum para onde confluem todas as preocupações dos candidatos a uma carreira profissional e tão evidente é a sua necessidade que a legislação já o impõe em quase todas as actividades, como condição “sine qua non” para o primeiro passo numa qualquer profissão.
Médicos, advogados, engenheiros, economistas, gestores, psicólogos, jornalistas e muitos outros debutantes nos mais variados sectores de actividade, sabem que antes da obtenção das respectivas carteiras profissionais, que lhes abrirão as portas de uma nova vida ocupacional, terão de atravessar o deserto de um obrigatório e exigente tirocínio. No desporto profissionalizado e em particular no futebol, esta regra de exigência nunca foi suficientemente aprofundada e na credenciação legal para o exercício de uma parte considerável das vertentes que compõem o edifício deste desporto, assiste-se a um desajustado, inqualificável  e comprometedor vazio. O empirismo sempre foi rei e senhor e se nas vertentes do treino e da organização temos vindo a assistir nas últimas décadas a um aperfeiçoamento galopante, traduzido na produção de qualificação cada vez mais apurada e a roçar actualmente uma trajectória tendencialmente académica de nível superior, na grande massa praticante o “status quo” é confrangedor.
Em Portugal, os sucessivos poderes estabelecidos, pouca ou nenhuma atenção dedicaram ao problema e as organizações específicas, pouco mais fizeram que colher os frutos que a natureza lhes foi colocando nas mãos. Embora este desporto de massas tenha vindo a sofrer uma inusitada expansão e signifique, hoje por hoje, uma indústria global florescente e geradora de números estratosféricos, a desatenção das altas instâncias desportivas para a vertente que envolve milhares de praticantes, continua a ser manifesta e desapontadora.
O Sporting Clube de Portugal foi pioneiro na atenção que deveria merecer a questão da formação do jogador de futebol em Portugal. Outros clubes, felizmente, lhe seguiram as pegadas e fazem hoje parte de uma elite formadora, cuja vanguarda permanece contudo em Alvalade. São disso prova os títulos que contabiliza, o prestígio alcançado fora de portas, consubstanciado nas estrelas todos os anos exportadas, que brilharam e continuam a brilhar na cena internacional do futebol e na presença – por honroso convite! – na última inovação Uefeira, o torneio NextGen, onde o Sporting vem brilhando e enchendo de espanto o mundo do futebol europeu. Mas o produto da fabulosa “cantera” leonina actual, volta a ter sobre a sua cabeça a espada do desencanto e da frustração, porque a inépcia do dirigismo português e a completa desadequação do quadro competitivo, não permite aos jovens recém-formados a realização de um estágio, um tirocínio, um complemento da sua acabada formação, que lhes permita enfrentar mais à frente, com naturalidade e potenciada capacidade, as dificuldades próprias do exigente quadro competitivo profissional que diante deles se apresenta.
Uma tentativa nesse sentido foi ensaiada há muitos anos atrás, com a criação das equipas B. A ideia estava correcta, mas quem a pensou, matou-a à partida, com a colocação dessas mesmas equipas num nível inferior. Agora é urgente que seja retomada. E é tão urgente adequar a Liga Orangina à entrada das equipas B dos principais clubes portugueses, como imperioso se torna dotar o futebol português de instrumentos que lhe permitam a renovação das suas selecções. E a urgência deveria levar os responsáveis federativos a pensarem na sua implementação já na próxima época. Sem esperas, sem dilacções! ...
Acredito que as próximas eleições de 10 de Dezembro possam contribuir para a resposta que todo o futebol português espera. E nem me passa pela cabeça que o Sporting Clube de Portugal não avance desde já para a preparação atempada e programada dessa possibilidade. O potencial humano é de excelência e a direcção técnica, por obra e graça de um sportinguista de excepção como é Ricardo Sá Pinto, não estará melhor entregue. Godinho Lopes e os seus pares, têm de pensar em grande e sempre com antecipação e, para além de internamente ser hora de começarem a organizar-se para essa eventualidade, não devem, nem podem descurar junto das entidades competentes, a insistência e a pressão para que essa possibilidade possa ser confirmada já na próxima época.

Leoninamente,
Até à próxima.

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