terça-feira, 8 de novembro de 2011

Ser ou não ser... homenzinho

No último artigo que publiquei aqui e ainda sob o efeito devastador que a lesão de Rinaudo me (nos) provocou, falei, naturalmente, entre os vários cenários possíveis para colmatar a brecha que esse infortúnio determinou, de André Santos e da imperiosa necessidade de uma significativa alteração do seu comportamento competitivo. E "brinquei" com uma palavra que no contexto, nada tinha de depreciativo e muito menos insultuoso. Recordo que escrevi:
Sem colocar alguma vez em causa a honorabilidade de André Santos e com a certeza absoluta de que Cherbakov em "Cacifo do Paulinho" também não o pretendeu, também me questiono sobre se Domingos Paciência conseguirá fazer dele um homenzinho. Porque, para além da exibição dos já evidenciados - na Academia, U. Leiria e Sporting - atributos superiores de carácter, dimensão humana e capacidade técnica, André Santos pouco mais mostra em campo.
Parece-me que terei sido apenas eu e a pessoa de Cherbakov, a quem "roubei" a palavra, as únicas pessoas a entendê-la com a carga que ambos lhe quizemos atribuir. Por isso, desejaria, apesar da ressalva do parágrafo anterior, dizer que considero André Santos, como o exemplo genuíno de tudo o que penso ser exigível à formação do Sporting, exceptuadas que sejam, as vertentes tácticas e competitivas. Porque no rigor táctico e competitivo, na entrega, na agressividade, na garra, na raça, no querer e no inquebrantável desejo de vencer, André vem apresentando prestações defutebolista menino. Por isso eu desejei que Domingos pudesse ser capaz de fazer dele um futebolista homenzinho. E porque ainda é tempo de André o poder ser. Depende única e exclusivamente dele, pela razão simples de que nele estão reunidos todos os outros atributos necessários.
O que eu desejaria para André, era que ele não repetisse carreiras de predestinados que, de degrau em degrau, por erros próprios ou de quem lhes guiou os destinos desportivos, acabaram por passar ao lado do sucesso e da felicidade de serem ídolos e lembrados ao virar de cada esquina do futebol português. O que eu desejaria para André Santos, era que ele não seguisse as pisadas de outros que o antecederam na formação do Sporting e que vivem hoje esquecidos pelos adeptos e pela fortuna da vida que lhes passou de raspão sem sequer os beliscar. Não pretendi deter-me nos exemplos que, fora da nossa Academia ou nas estruturas que a antecederam, o Sporting foi buscar, perto ou longe, para vestirem a gloriosa camisola verde e branca e que terão, uns triunfado e glorificado o clube que os adoptou e outros nem tanto assim. Os desejos que expressei para André, foram a antítese de carreiras "pós-formação leonina" sempre a descer, até ao quase anonimato e esquecimento. Foram carreiras desperdiçadas, que lembro aqui e agora, ao correr das teclas, como as de Mário Jorge, Freire, Amaral, Litos, Paulo Santos, Peixe, Carlos Martins, Fábio Paim... Jogadores fabulosos, produtos genuínos do Sporting, cujas opções de vida e erros de percurso afastaram da felicidade, do êxito desportivo, da glória. Porque incumpridores do lema maior do nosso mundo sportinguista: esforço, dedicação e devoção. Que trocaram por vedetismos estéreis, facilitismo, comodismo, preguiça e vícios.
E o que está a acontecer com André Santos e muito provavelmente se repetirá noutros produtos da nossa Academia, ficará indelevelmente ligado a lacunas existentes na nossa escola. Dói-me atrozmente dizê-lo, como sportinguista e como adepto incondicional de Alcochete, cuja paternidade não contesto, não discuto, nem defendo, mas sei, de um saber que me advém do amor que o Sporting me merece e do facto de viver acordado para a realidade, que chega até mim de muitas, variadas, credíveis, conscientes e interessadas formas, mas o rei Leão passeia-se quase nu por Alcochete!...
E repito, agora de uma forma mais abrangente ainda, oxalá Domingos Paciência seja capaz de fazer de muitos deles uns homenzinhos. Porque valor terão, mas sobram-lhes muitos defeitos. Uns próprios, que há muito deveriam estar corrigidos. Outros que, sendo-lhes estranhos, acabam por neles se infitrar, resultado de erros estratégicos persistentes que acentuam em cada dia a nudez do rei Leão.
José Mourinho, o melhor treinador do Mundo da actualidade, por certo não desdenhará o elogio, de que terá feito ao longo da sua brilhante carreira, de muitos jogadores quase vulgares, uns homenzinhos. E atrever-me-ia a acrescentar, que nenhum desses jogadores desdenhará ser homenzinho!!!...
 
Leoninamente,
Até à próxima
 

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