quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

"Oitos fora com os pés no chão"!!!...


Oitos fora nada

«No campeonato do detalhe só se desilude quem se deixa iludir. Em Alvalade, frente ao Casa Pia, os orientados de Amorim assinaram uma exibição que se situa muito para lá de qualquer adjectivação. Do primeiro ao último minuto, os leões trataram de cuidar do esférico, como o poeta trata uma grande paixão.

A dimensão do perfeito bailado só é mensurável com recurso aos saberes da História. Da última vez que o Sporting desfrutou de uma dança assim, Yazalde assinava uma ‘manita’, a ditadura portuguesa exalava o seu último suspiro, o muro de Berlim ainda se erguia e a vastíssima maioria dos 35.000 espectadores, que assistiram ao jogo contra os gansos, não eram tão pouco nascidos. Nem eles, nem Amorim, Adán, Quaresma, Coates, Inácio, Esgaio, Hjulmand, Pote, Nuno Santos, Edwards, Trincão, Bragança, Catamo, Paulinho, Matheus e, pasme-se, até os pais de Dário Essugo estavam por nascer.

Glorificado que está o feito, imortalizados que estão os artistas, digerida que está a emoção, é imperativo declarar o óbvio: nem tudo o que é grande e belo termina bem. Três pontos são apenas três pontos e os nossos rivais continuam tão distantes em qualidade futebolística, quanto próximos na tabela classificativa.

A massa adepta, como Portugal inteiro, já se rendeu à qualidade, entrega e comunhão deste grupo de trabalho, porém vivemos sem espaço para a mínima distracção ou deslumbramento. Com 15 jogos e 45 pontos por disputar, a humildade e o realismo são os melhores escudos protectores contra a má-sorte, as forças ocultas de perturbação e os erros não forçados que, invariavelmente, acabarão por ocorrer.

No meio da mais exaltada emoção, ainda que sinta a hiperventilação no seu peito, cabe ao sábio não perder a noção do real. Neste contexto, vale a pena destacar que temos fundadas razões para sentir uma tremenda confiança, mas que as devemos alicerçar no essencial, que por fim nos trará felicidade.

Superámos as ausências da CAN que se perspectivavam fatais, como se Morita, Catamo e Diomande não fossem peças-chave. Ultrapassámos, psicologicamente, o desperdício que, em Leiria, nos fez inesperadamente tombar. Por várias vezes, transformámos adversidade em sucesso, especialmente em deslocações tradicionalmente difíceis. A equipa respira fome de treino e isso vê-se na transpiração e garra visível a cada partida.

No futebol, como na meteorologia dos Açores, é possível viver na mesma época todas as estações do ano. O Sporting merece ser feliz. Oitos fora, com os pés no chão se fará do Sporting campeão.»

"Oitos fora com os pés no chão"!!!...

Leoninamente,
Até à próxima

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