sábado, 3 de novembro de 2018

Quem sabe se o Natal este ano não chega em Novembro?!...


O treinador ni-nó-ni e o técnico faz-de-conta


«Frederico Varandas tomou a sua primeira grande decisão como presidente do Sporting: despedir José Peseiro, treinador contratado por Sousa Cintra, no período de vigência da Comissão de Gestão, na sequência da dinâmica de autodestruição protagonizada por Bruno de Carvalho e antes de umas eleições muito participadas, que o colocaram na liderança do clube leonino.

Bastaram 54 dias de presidência – cerca de dois meses – para Frederico Varandas perceber que José Peseiro já não era solução para a liderança técnica do futebol verde-branco,

Bastaram 121 dias de trabalho na área técnico-desportiva, durante os quais realizou 14 jogos, com um registo de 64,3% de vitórias, para José Peseiro perder a confiança de Frederico Varandas, que feitas as contas provavelmente nunca a teve. Foram 4 derrotas (Sp. Braga e Portimonense, fora; Arsenal e Estoril, casa) e 1 empate (Benfica, fora), cujo registo, à data da sua saída, deu para deixar o Sporting a 2 pontos dois líderes e ‘em jogo’ na Liga Europa, Taça de Portugal e Taça da Liga.

O primeiro ponto da ‘queda’ de José Peseiro teve a ver, fundamentalmente, com confiança. Não obstante a boa relação estabelecida entre a Comissão de Gestão e o então candidato á presidência do Sporting, Frederico Varandas nunca olhou para José Peseiro como ‘a’ solução.

As recentes entrevistas de Sousa Cintra e, posteriormente, do próprio Frederico Varandas foram sinais de que José Peseiro tinha a a cama feita. Era uma questão de (pouco) tempo. Quando quem contrata diz o que Sousa Cintra disse de Peseiro, já se sabe que, a seguir, a porta fica aberta para a entrada do ‘carrasco’.

No futebol, não vale a pena perder tempo com sentimentos de culpa, de justiça ou de injustiça.
Esta semana, em particular, tivemos dois treinadores na berlinda. O próprio Peseiro e o técnico do Benfica, Rui Vitória. O primeiro por ter sido despedido; o segundo desgastado pelas derrotas consecutivas frente ao Ajax, Belenenses e Moreirense e por se ter descoberto que Luís Filipe Vieira, em Dezembro de 2017, já aceitava negociar a saída do seu actual treinador, se o Everton se chegasse à frente com 10M€, menos 5M€ em relação ao valor da cláusula de rescisão.

Quer dizer: na semana em que se discutia o futuro de Rui Vitória no Benfica, e muito por força de um desaire em casa com o Estoril, para a Taça da Liga, é o treinador do Sporting, José Peseiro, a ser despedido.

É preciso não perder de vista os contextos. Peseiro foi o treinador-SOS, o treinador-‘ni-no-ni’, que aceitou treinar o Sporting, em condições que nenhum treinador minimamente preocupado com a sua carreira e o seu futuro, e até com o seu amor-próprio, aceitaria. E aqui regressamos aos sentimentos e aos estados de espírito, no futebol. Não existem. Não há nenhuma crueldade. Peseiro aceitou atirar-se para uma piscina com decilitros de água. Era muito improvável que não partisse a cabeça. O contrato que fez dá-lhe para pagar os curativos e algo mais. Sabia que era um treinador a curto-prazo. Arriscou e… perdeu? Fez o que pôde, isto é, adiar ao máximo as consequências de uma conjuntura singularmente negativa? Nenhuma dúvida. Foi… "quase milagreiro". Mas também é preciso dizer que a tolerância tem limites. Não se pode aceitar que o Sporting jogue aquilo que (não) jogou frente ao Portimonense, Loures e Estoril.

No caso de Rui Vitória, o contexto é abissalmente diferente. Foi contratado para ser o treinador-oposição. Oposição a Jorge Jesus, o seu antecessor, e oposição aos defensores de Jorge Jesus. Rui Vitória foi contratado para ser, no banco, na cabina e no relvado a bandeira da ‘estrutura’ e da Formação. O rosto do projecto de Vieira e o porta-voz da ‘estrutura’ que sustenta o projecto — todos aqueles que são, á sua volta, o sustentáculo do regime de Vieira. Quando a parte da Formação e do Seixal atingem uma maior fase de maturidade, Rui Vitória não deixa de ter alguma importância, mas passa a ser negociável. Porque, entretanto, Vieira - a ver o Benfica acossado pela profusão de processos judiciais - quer acelerar o passo seguinte do projecto. A construção de um ‘Benfica europeu’. E percebe que, para um Benfica com dimensão europeia, um Benfica ‘de Champions’, Rui Vitória já não preenche os requisitos necessários. Não se pode é confessar e por isso entrámos na fase do ‘treinador-faz-de-conta’. Faz de conta que é mas não é. E que pode deixar de ser, agora que ficou ainda mais claro que a piscina do Benfica é demasiado grande para Rui Vitória, na qual perdeu o pé e já não sabe nadar.

Frederico Varandas teve pressa de assumir, finalmente, o seu treinador e perceberá que esta sua decisão encerra uma enorme responsabilidade. Se escolher bem (e tem de ser um nome suficientemente convincente), e se esse técnico conseguir dar à equipa uma vertente de um futebol mais atractivo e que leve adeptos ao estádio, recolherá os louros dessa decisão; se não acertar no nome, recomeçará aquilo que nunca acabou no Sporting, isto é, a vontade de deitas abaixo não apenas Varandas mas tudo o que mexa em Alvalade.

No caso de Luís Filipe Vieira e Rui Vitória, o mais importante é perceber em que ponto vão ficar as mais recentes palavras do presidente do Benfica. Vai continuar a fazer-de-conta?…

JARDIM DAS ESTRELAS (2 estrelas)

A pungência de Vieira

Luís Filipe Vieira é o presidente que tem a maior ‘máquina’ a trabalhar para ele. Soube construir essa ‘máquina’ e colocá-la em movimento e a Justiça tem a obrigação de apurar, sem sofismas, se essa ‘máquina’, implacável na sua marcha de galgar poderes, ultrapassou ou não – para além das aparências e das convicções – os limites impostos pela lei. Até porque Vieira, pela primeira vez, não negou poder haver corrupção, adiantando mesmo que, "se houver corrupção, demito-me". Nesse sentido, a entrevista que concedeu esta semana conheceu alguns aspectos positivos e mostrou, sobretudo, a força da organização que o rodeia. Contudo, houve um aspecto que mostrou como Vieira sabia ao que ia e sabia que tinha de representar um papel: a forma como verbalizou o desconhecimento em relação à existência das cartilhas. Foi, talvez, a parte mais chocante da entrevista, porque toda a gente sabe que as cartilhas existem, foram alvo de discussão pública durante meses e ninguém aguardaria que Vieira tivesse o supremo desplante de se fazer desentendido e dizer que até ia averiguar para, se fosse o caso, acabar com isso. O jogo de palavras foi evidente mas algumas pungências também, como no caso de Paulo Gonçalves, deixando muito vincada a ideia de que ele era bestial, prestou grandes serviços ao Benfica, mas não tem nada a ver com o Benfica. Pungente, de facto.

O cacto -- Ai o VAR

José Fontelas Gomes continua ‘agarrado’ a esta inaceitável decisão de colocar maus árbitros na videoarbitragem, em exclusivo. Resultado: agora, temos maus VAR que eram maus árbitros. Levar a subjectividade das decisões no terreno para a área da videoarbitragem, considerando o protocolo, é inaceitável. O que já aconteceu esta época com Bruno Paixão e Vasco Santos merece outro tipo de medidas e não apenas… conversa. Aguardemos.»
(Rui Santos, Pressão Alta, in Record)

Uma leitura que recomendo a todos os meus leitores para início de um sábado que desejo seja um bom dia para todos...

Quem sabe se o Natal este ano não chega em Novembro?!...

Leoninamente,
Até à próxima

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