sábado, 10 de novembro de 2018

Este é Sporting que os sportinguistas sempre quiseram!...


Desculpem, mas ‘isto’ não é o Benfica


«Como diz o dirigente do Benfica, Sílvio Cervan, "não se pode negar a realidade". Agora não é António Simões, velha glória dos encarnados, a meter o dedo na ferida; agora é um ‘vice’ do Benfica a fugir do discurso oficial, segundo o qual, na maior parte das vezes, parece que está tudo bem quando está (quase) tudo mal. 

"Não se pode negar a realidade" – e qual é a realidade? A realidade é que, no plano desportivo, o Benfica soma o quarto jogo consecutivo sem vitórias. À 9.ª jornada, o Benfica é 5.º classificado, atrás de FC Porto, SC Braga, Sporting e Rio Ave e o apuramento para os ‘oitavos’ da Champions é quase uma miragem, decorrente de mais uma pobre participação na fase de grupos, quando o presidente Luís Filipe Vieira diz sonhar com o título de campeão europeu.

É preciso dizer que Rui Vitória, solução nos dois primeiros anos, passou a fazer parte do problema. Não está a lidar bem com a pressão do projecto – e isso foi evidente no jogo com o Moreirense. Não estavam os melhores do plantel; estava a expressão idílica do projecto, com muitos portugueses e jogadores da formação, e o desastre foi total. Não estar a lidar bem com a pressão do projecto significa cometer erros que um treinador ‘livre e independente’, com as soluções que têm à disposição, não cometeria. Rui Vitória foi obviamente contratado para isso, sabia ao que ia, mas está excessivamente colado ao projecto. Quando não coloca os melhores jogadores do plantel em acção, o pretexto é a rotatividade e a gestão físico-clínica, mas o principal bloqueio é mesmo imposto pelas amarras do projecto. Nem sempre se pode agradar a gregos e troianos e Rui Vitória, às vezes, mais parece político-treinador do que simplesmente treinador, e isso tem consequências que saltam à vista.

No jogo com o Ajax, deixou-se de ‘politiquices’ e colocou Salvio, Jonas e Cervi a titulares. Não faz sentido que estes três jogadores, em condições normais, não sejam titulares. Se não existem ‘condições normais’, por razões clínicas, Rui Vitória tem de se saber defender. Se Jonas não está em condições de ‘alto rendimento’ e se há uma situação crónica de muitas dependências, então o problema é de quem lhe renovou o contrato. O Benfica não pode ter jogadores a ganhar milhões se não estão aptos, nem nunca vão estar, a dar tudo à equipa. Com eles em campo, a equipa melhorou, mas tiveram de ser substituídos e a equipa ressentiu-se disso.

Se olharmos para o plantel do Benfica, o que vemos?
1. Os jogadores estão genericamente a render menos do que valem;
2. A instabilidade gerada em redor dos defesas centrais é um caso de estudo, mas não deve ser colocada a hipótese de a SAD ter falhado nas contratações (Lema + Conti), o que parece ser verdade, também, para os pontas-de-lança Ferreyra e Castillo ( afinal, o que valem os reforços do Benfica?).
3. Pizzi parece um elevador: ora está em cima, ora está em baixo;
4. Gedson ‘deu o berro’ cedo de mais e Fejsa parece, agora, um peixe fora de água.

Quer dizer: o melhor plantel da Liga portuguesa parece uma manta de retalhos. E das duas, uma: ou Rui Vitória não está a saber tirar tudo do plantel que tem; ou afinal o plantel do Benfica não foi reforçado como devia – e isso não é apenas uma responsabilidade do treinador.

Conclusão: ninguém parece disposto a assumir responsabilidades e, assim, continua o festim do faz-de-conta. Faz-de-conta que está tudo bem. Em nome do projecto, está tudo bem. Não está.

" Não se pode negar a realidade". Outra realidade que não se pode negar é a de que o Ministério Público (MP) pede mais tempo para investigar "actividade criminosa num esquema altamente organizado" e de "especial complexidade". O MP tem – segundo o ‘Expresso’ – fortes indícios de que o Benfica tenha influenciado equipas adversárias de forma a obter resultados favoráveis à equipa. Fala-se em pressão sobre "arbitragens e outras estruturas do futebol português".

Chegamos, pois, ao ponto essencial: aos sinais e aos indícios, quer no plano desportivo, quer no plano das investigações judiciais, o ‘Benfica de Vieira’, que arrasta consigo dezenas de pessoas supostamente responsáveis, diz não. Não à reprovação do comportamento de Paulo Gonçalves e dos Guerras desta vida; não à constatação de que existe uma crise desportiva e de identidade na equipa (quando se espera que Tondela, Arouca, Feirense e Paços de Ferreira ‘aliviem a crise’… está tudo dito?); não à evidência da existência de cartilhas; não à evidência de problemas com as claques. Este Benfica em negação, fechado em si próprio e na sua sacrossanta organização, nega também muita daquela que foi a sua história.

Faltará ao presidente do Benfica o essencial para ser menos ambíguo e mais claro em tudo o que se relacione com o Benfica – e acabar com o jogo duplo?

Este Benfica de duas caras (disponível para vender Vitória e também para o defender ou deixar que ele se farte), impoluto na assumpção das aparências e implacável na edificação do controlo das instituições, é tóxico e não faz bem à saúde do futebol. Desculpem, mas ‘isto’ não é o Benfica. E essa realidade não pode ser negada.

O CACTO -- Bons e maus exemplos

São claques ou grupos organizados de adeptos? Continua a ignorar-se olimpicamente o risco enorme que é deixar as ‘claques’ ou os ‘grupos organizados de adeptos’ ou seja lá o que querem chamar a ‘adeptos’ que estão, na maior parte dos casos, identificados quer pelas forças policiais quer pelos próprios clubes e não fazem falta ao ‘espectáculo-futebol’. Estamos a falar de ‘adeptos’ que utilizam o futebol não exactamente para fazerem parte dele mas, sem desprezar outros interesses (atenção ao negócio com os bilhetes e a outros negócios), para gerarem distúrbio, confusão e muitas vezes, como aconteceu em Lisboa, violência gratuita. Não deve vir aí ‘coisa boa’ da UEFA em relação ao Benfica-Ajax e os clubes não podem hesitar em: 1. Actuar de acordo com a lei (discordar dela e da sua eficácia é outra coisa). 2. Tomar a iniciativa de ajudar a fazer a separação entre adeptos-necessários-ao-espectáculo e adeptos-problemáticos. 

Nesse sentido, é preciso acabar com esta bestialidade de alguns clubes colocarem as claques junto dos centros de decisão. O exemplo recente do Sporting foi caótico e deixou muita gente detida. Por isso, é de sublinhar não apenas o posicionamento de Frederico Varandas em relação às claques (no sentido de lhes esvaziar o enorme poder que chegaram a ter), mas fundamentalmente o majestático apoio dos cerca de 5000 adeptos presentes no ‘Emirates’ prestado à equipa. Aquele é o verdadeiro papel das claques, gerando muito justamente comentários positivos entre os ‘supporters’ londrinos.»
(Rui Santos, Pressão Alta, in Record)

Desculpem mas isto é mesmo aquilo em que se transformou o Benfica! É o Benfica de hoje, aqui e agora, doa a quem doer e tenha o guarda-chuva vermelho a dimensão que lhe pretendam atribuir!...

Por outro lado... 

Este é Sporting que os sportinguistas sempre quiseram!...

Leoninamente,
Até à próxima

2 comentários:

  1. Foi fantástico o apoio dos nossos adeptos e, também, o espectáculo que deram nas bancadas.
    Não houve tochas, não houve fumos, nem foram precisos; aquele entusiasmo genuíno arrastou os jogadores para uma lição de querer solidário e saber que os adeptos gunners reconheceram, com elogios. o comportamento desse nossa claque pelo que fizeram dentro e fora do estádio, deixa-me... orgulhoso.

    Mas porque não são sempre assim?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Estão a voltar a ser, meu amigo! Olhe bem para o que lhe digo e volto a repetir, estão a voltara a ser aquilo que sempre foram!...

      Eliminar