O consumidor "pede": não pode ser uma obscenidade de apito a definir o campeão
«Hoje o rijo comandante - investido desse estatuto faz este domingo meio ano -, amanhã o obstinado perseguidor - há já mês e meio a apenas um ponto de distância do primeiro lugar -, Benfica e Porto gastam neste fim de semana as últimas moedas no carrossel de pressão em que ambos transformaram o campeonato, antes de ficarem cara a cara na próxima jornada na Luz para então batalharem pela definição do título. Esquecendo o que cada um de nós, apreciadores de futebol, come com os olhos e pesando apenas os números, a balança mostra-nos diferenças quase tão finas como um cabelo, embora seja a equipa portista a encimar os rankings de golos marcados (57-56) e sofridos (11-13). É só mais um espelho do equilíbrio e do suado combate pelas faixas de campeão, com primeiro e segundo classificados a recolherem ainda mais pontos nesta I Liga do que os principais competidores na edição anterior até se realizar a 26.ª jornada. Podemos esgaravatar mais, que arriscaremos o reforço da conclusão de equivalência. Por tudo isto, furando entre o ruído das mensagens cruzadas a partir das trincheiras de comunicação de cada um dos emblemas, o que é que nós, consumidores do fenómeno, podemos exigir? Que sejam os treinadores e os jogadores, em resultado das suas capacidades, habilidades ou decisões, a resolver uma discussão que não pode (não deve) ficar para a história por causa de um obsceno lapso de apito. Dos gabinetes aos relvados, a margem de erro é nula para todos os intervenientes.»
(João Sanches - Opinião, in O Jogo)
Quando João Sanches deu forma e conteúdo à sua habitual crónica de opinião em O Jogo, nada levaria o adepto comum a pensar em qualquer dos "cataclismos" que horas depois viriam a abater-se sobre a Mata Real primeiro e sobre as Antas depois. Mas, como que premonitoriamente, o jornalista entendeu lançar para discussão o facto de o campeão não poder nem dever ser definido por quaisquer "obscenidades de apito". E, a meu ver, já vem tarde este seu aviso!...
O facto é que época atrás de época, há muito que se vem constatando a extemporaneidade deste seu alerta de agora. Os poderes que tanto num passado mais remoto quanto mais recentemente, se têm apoderado do futebol português, com todo o saber de uma experiência de muitas décadas, estão prenhes de saber que ai de quem ouse deixar para a última dezena de jornadas, aquilo que deverá imperiosamente ter de ficar definido no primeiro terço do campeonato: reduzir uma luta que salutarmente poderia e deveria ser estendida a três, quatro ou cinco participantes, a um diálogo exclusivo de dois intervenientes, sendo que um deles, ontem um e hoje outro, deverá estar antecipada e inexoravelmente fixado.
A corroborar tal axioma, bastará recuar na presente temporada e apreciar aquilo que foi ocorrendo até chegarmos à 13ª jornada, selada em definitivo pelas "obscenidades do apito" proferidas pelo árbitro Jorge Sousa.
Alcançado o primeiro objectivo, através de "obscenidades de apito" repartidas por todos os relvados do país e com a arbitragem nacional a roçar a lama da "obscena suspeição", o futebol português entra numa fase mais serena em que a par de ser providenciado o imprescindível branqueamento dos fautores da anterior "serial crimes", se cuida da manutenção do "status quo" do binómio liderante.
Finalmente e para o último terço do campeonato, cozinhado que está o pitéu, restará apenas dirigir a atenção para a sua devida condimentação, prevenindo sem sobressaltos, algum "destempero" que eventualmente possa surgir de modo a que o "prato" seja servido sem hipóteses de reparo: ontem nas Antas, depois do descuido do "mestre" na Capital do Móvel, quais três penáltis qual nada, apenas foi corrigida a hipótese de haver sal em excesso!...
E daqui para a frente e até final...
"Obscenidades de apito"?! Quais obscenidades?!...
Leoninamente,
Até à próxima
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