«SEMPRE FUI CONTRA QUEM NÃO DEFENDE O SPORTING (LINK 03:43)
O antigo futebolista abordou processo que o colocou frente a frente com Marco Silva: confessa que foi um "entusiasta" na sua chegada, mas replica a ideia de que o projecto do Sporting não era "compatível" com o técnico.
RECORD - Foi condenado num processo contra Marco Silva, que tinha por base declarações suas nas quais o acusou de não estar comprometido com o projecto do Sporting. Hoje faria tudo da mesma forma?
JOSÉ EDUARDO – Marco Silva só me interessou enquanto esteve no Sporting. E já disse isto publicamente: desejo-lhe uma longa vida, a ele e à família. Este é um assunto apenas relacionado com o Sporting. Sempre me coloquei na posição de defender o clube e quando sinto que alguém não o faz, seja quem for – e já tivemos provas até com presidentes –, sempre fui contra essas personalidades. Quando se propalou a possibilidade de Marco Silva ir para o Sporting, fui dos mais entusiastas, seu defensor. Tentei, por todos os meios, ajudá-lo, inclusive encontrar-me com ele, para que vingasse no Sporting. Não houve, da minha parte ,qualquer tentativa de ataque pessoal a Marco Silva – pelo contrário. Mas quando tentámos reunir-nos com ele, com a ajuda do director geral da SAD [Augusto Inácio], e essa pessoa não só recusa como também manifesta, através de várias intervenções, que combate o projecto do Sporting, eu fiz aquilo que sempre me propus, que é defender o clube. Qual é o projecto do Sporting? Era compatível com o que o treinador do Sporting na altura estava a fazer? Não. O que é que isso significa? Que são agendas diferentes. Quando olhamos para todo o contexto onde se desenvolveu esta situação, não havia um ambiente contrário que combatia o Sporting? Fundos, os rivais, uma parte da imprensa… Havia todo um polvo que tentava asfixiar o Sporting. Senti que tínhamos dentro do clube alguém que não estava compatível com a sua agenda. Foi isso que denunciei.
R - Porque afirma que as agendas de Sporting e Marco Silva não eram as mesmas?
JE – Começa no princípio da época [2014/15], na Corunha, num jogo particular, onde há um determinado jogador [refere-se a Marcos Rojo] que tenta agredir o presidente do clube na presença do treinador e o treinador sai por uma porta a dizer que nada tinha a ver com isso.
R - E como chegou este episódio até à via judicial?
JE – A partir de Janeiro de 2015 nunca mais falei e fui provocado ‘ene’ vezes. Se vou a tribunal e voltamos a falar desta temática não foi por minha culpa. Na primeira sessão, a declaração de Marco Silva perante a imprensa é de que ‘ele quer destruir a minha carreira’. Isso é um julgamento popular e de carácter em relação a mim. Eu comprometi-me a não falar.
R - Por que adoptou essa postura?
JE – Porque me comprometi perante o Sporting. Houve um compromisso da minha parte, da parte do Sporting e da parte do Marco Silva de não se falar mais. Quem é que rompeu esse compromisso? Foi o Sporting? Não. Fui eu? Não.
R - Quer revelar mais pormenores sobre esse compromisso?
JE – O objectivo era estabelecer a paz e emitir dois comunicados: um do clube e outro da SAD, ambos antes do jogo com o Estoril [3 de Janeiro]. O comunicado do clube dizia que o clube não se responsabilizava pelas palavras e atitudes dos seus sócios; quanto ao segundo, e por imposição de Bruno de Carvalho, ficou agendado para depois do jogo, para depois da conferência de imprensa, com o compromisso de nunca mais se falar sobre o assunto. Chegou-se ao flash e Marco Silva esqueceu-se do compromisso e falou sobre o processo. O comunicado já não saiu. O comunicado eram as pazes feitas e 15 dias depois colocou-me um processo.
R - Como viu o facto de, como diz, Marco Silva não ter cumprido com o acordado?
JE –É um comportamento que vem ao encontro do que aconteceu depois do encontro com o Nacional, com o que disse, atacando a direcção; e o jogo com o V. Guimarães, em que infringe o blackout determinado pelo clube e diz que sente o apoio dos adeptos e dos jogadores e que está na hora de respeitar os adeptos do Sporting, que todos os dias sentem coisas que não são agradáveis. E também que se importa com o que têm passado nas últimas semanas, sobretudo na última. Isto é o quê? É um ataque a quem? Isto é público e foi dito.
R - Falou no facto de Marco Silva o acusar de querer destruir a sua carreira. Quer aprofundar?
JE – Nunca o quis destruir como treinador, tanto que nunca mais falei. Depois de todo o episódio, continuou a sua carreira no Sporting, reforçado, e, ao contrário daquilo que se propalou, quem ficou mal visto fui eu. Ajudou o Sporting a ganhar uma Taça de Portugal e chegou a acordo para a rescisão, recebendo uma indemnização. No Olympiacos esteve um ano e segundo vem na imprensa saiu por falta de compromisso, a mesma coisa de que foi acusado no Sporting. Depois disso, continuou a sua carreira e não vão com certeza dizer que fui eu o culpado de ele ter ido para a melhor liga do Mundo.
R - Sente que a sua declaração inicial foi mal interpretada?
JE – Não. O contexto era completamente diferente. Na altura, a simpatia que o treinador do Sporting tinha junto das massas era enorme, era esmagadora. Mas simpatia não significa que se tenha razão ou que se seja mais verdadeiro. Vejamos: na questão do tribunal, foram arroladas por Marco Silva oito testemunhas e só uma é que é do Sporting. Da minha cinco, todas do Sporting. Tentou tornar-se o processo mediático. Até pela escolha das testemunhas. Das 13, só duas conheciam os factos: Inácio e Virgílio, director geral da SAD e director da Academia. Em tribunal disseram: ele [José Eduardo] não só disse a verdade como disse pouco.
NÃO PODEMOS IR PARA A GUERRA COM FISGAS (LINK 06:47)
R - Foi um dos conselheiros leoninos que tomou posse no dia 15, numa cerimónia na qual Bruno de Carvalho vincou necessidade de voltar "a fazer os sportinguistas felizes" neste mandato. Que comentário lhe merecem estas palavras?
JE – A tomada de posse, seja para que cargo for, num clube como o Sporting, é uma honra para quem beneficia dessa acção. Penso que Bruno de Carvalho foi sincero: quando se é eleito como dirigente, é para dar cumprimento ao desígnio, que é dar felicidade aos sócios.
R - E quanto à intenção de ser campeão "mais do que uma vez"?
JE – É uma ideia que pode ser entendida como motivadora, mas as pessoas ao ouvirem essa ideia do presidente do clube têm de entender que é só isso, motivadora. Temos de contar com as nossas forças, mas também com os nossos adversários que são tão poderosos como nós.
R - Como avalia o primeiro mandato de Bruno de Carvalho?
JE – A equipa está mais preparada, sem dúvida, mas os desafios são diferentes. Houve o cuidado de se manter a equipa, premiando a sua dedicação. Está mais experiente, confiante e conhece os cantos à casa. Nessa perspectiva penso que o Sporting estará bastante mais forte.
R - Que diferenças encontra no Sporting antes e depois da primeira eleição de Bruno de Carvalho?
JE – O Sporting retomou o seu lugar e isso deve-se à equipa que Bruno de Carvalho tem liderado. Esse era o primeiro grande objectivo, a reconquista do nosso lugar. O outro era fazer, tal como Bruno de Carvalho disse, os sportinguistas felizes. Para o conseguir, tem de ganhar títulos, nomeadamente no futebol.
R - Para além das questões estruturantes ao nível do futebol, o que considera que ainda falta ao Sporting? Bruno de Carvalho falou, por exemplo, da questão da militância.
JE – Se estivermos atentos ao actual Conselho Leonino, percebemos que houve a preocupação de dotá-lo de personalidades que abarcam diversas áreas e que têm influências nalgumas partes da nossa sociedade. Há, de facto, a necessidade que o clube se torne mais marcante em alguns nichos. O que Bruno de Carvalho pede é que as pessoas que se dizem do Sporting se envolvam mais. Uma obrigatoriedade para quem diz que gosta do Sporting.
R - O presidente do Sporting também afirmou que quer ganhar, mas não a qualquer custo...
JE – Essa foi a nossa história nos últimos anos, antes da entrada de Bruno de Carvalho. Chegámos, porém, à conclusão que essa correcção e essa civilidade são coisas a manter, pois não podemos baixar determinados níveis. Mas é um facto: não temos hipótese nenhuma se formos para uma guerra em que os nossos adversários andem com bombas atómicas e nós com fisgas. São quimeras, é algo romântico.
R - Também passa pelo comentário desportivo, no qual participa?
JE – É preciso saber colocar as pessoas nos sítios certos. Existem dois, três comentadores que quanto a mim ultrapassam as fronteiras da decência desportiva: Pedro Guerra, André Ventura e, de uma forma diferente, mais amenizada, Rui Gomes da Silva. É mais um provocador. Falo com imensos benfiquistas que não se reveem nessa postura.
GANHÁMOS A TAÇA PORQUE O SÉRGIO CONCEIÇÃO ADORMECEU (LINK 08:17)
R - Que efeitos teve o processo na equipa de futebol?
JE – Não foi prejudicial tanto que continuou. Não cumpriu o objectivo de ser campeã, mas cumpriu o da Taça de Portugal. E ao contrário do que se propalou, era uma excelente equipa. Nunca falei nisto. Marco Silva tinha à sua disposição seis futuros campeões europeus: Rui Patrício, Cédric, William, Adrien, João Mário e Nani. Depois tinha Slimani e Montero. E tinha o Carrillo do Sporting... Depois tinha o Jefferson e como centrais Paulo Oliveira e Maurício. Esta equipa não prestava? Ganhámos a Taça de Portugal nos últimos 10 minutos porque o Sérgio Conceição adormeceu, convencido de que estava no papo. Eu estava lá no estádio [Nacional] e festejei.
R - Jesus é a pessoa certa para o lugar de treinador?
JE – O que esteve em causa nas eleições? Bruno de Carvalho e Jorge Jesus. Os sportinguistas disseram: nós queremos Bruno de Carvalho e Jorge Jesus. Não foi só Bruno de Carvalho, porque Madeira Rodrigues, o outro candidato, colocou o foco também em Jesus. Os sportinguistas mostraram que confiam e que acreditam nesta dupla. Se vai conseguir – eu estou convencido que sim – ou não o êxito? Ninguém pode prever o futuro.»
Esta entrevista de José Eduardo constituirá, a meu ver, mais uma importante contribuição para o esclarecimento de muitos sportinguistas que, por ocasião dos factos relacionados com o nosso anterior treinador, terão entendido por bem dar a este o benefício da dúvida, apesar da evidência que há muito vinha sendo constatada, de ele perseguir, capciosamente, uma agenda própria contrária aos interesses do Sporting e completamente à margem do compromisso que havia assumido aquando da sua contratação.
Por razões que escaparão à honestidade intelectual de quem se debruçar sobre a carreira do ex-treinador do Sporting e do Olympiacos, este sempre gozou em Portugal de uma comunicação social condescendente e que utrapassará mesmo as raias da adulação cega e parcial. Mas a repetição na Grécia dos episódios acontecidos em Alvalade, acabou por confirmar as características da sua personalidade: a sobranceira persistência de ousar perseguir agendas próprias, em óbvias rotas de colisão com os rumos preconizados pelas entidades patronais que o contratam.
E tão curioso quanto degradante, será o facto de ainda hoje, a comunicação social "tuga" continuar a estender o xaile protector sobre os ombros do "treinador suprasumo", na sua nova fase da carreira na Premier League, depois de quase um ano proscrito dos principais areópagos do futebol europeu: serão todos asnos os dirigentes europeus, muito em particular aqueles que nos estarão mais próximos, como italianos, franceses e espanhóis!...
A confirmar este incontornável axioma, estará a forma desonesta e falaciosa como foram tratadas por cá as declarações bombásticas do italiano Andrea Ranocchia, que em desabafo perante o seu compatriota da Sky Italia, Gianluca di Marzio, terá dito sobre a situação actual no Hull City (LINK):
A confirmar este incontornável axioma, estará a forma desonesta e falaciosa como foram tratadas por cá as declarações bombásticas do italiano Andrea Ranocchia, que em desabafo perante o seu compatriota da Sky Italia, Gianluca di Marzio, terá dito sobre a situação actual no Hull City (LINK):
"It is fun, although there are hardly any tactics at work here. It’s mainly instinct and physical strength..."
Ainda bem que a blogosfera leonina vai demonstrando exuberante inteligência, suficiente argúcia e indomável pertinácia, para reduzir a farrapos o "xaile" com que os nossos "infelizes escribas" ainda vão tentando tapar os ombros em chaga de tal paciente...
Há gente capaz de avançar para os tribunais, exigindo 40.000 euros pela reparação de uma "pretensa honra" molestada! Mas os tribunais terão decidido que tal "honra" apenas valeria 10.000! E toda a nossa "armada" embandeirou em arco, navegando a toda a força Tejo acima, sem se incomodar com o mísero preço estipulado por um(a) qualquer ignorado(a) juiz para a honra, ou se as eventuais "marolas" produzidas por tão furiosa navegação pudessem inundar e afundar a "pobre canoa" de José Eduardo. Porém...
Jamais alguém será capaz de estabelecer o preço da honra! Muito menos impedir que o tempo traga a verdade!...
A verdade sempre será como o azeite!...
Leoninamente,
Até à próxima
É isso mesmo amigo Álamo, a verdade é como o azeite, mais cedo ou mais tarde vem sempre ao de cima, confesso que no início eu tb caí na "manha" de MS, mas "enganou-me" pouco tempo, não lhe desejo mal, mas desejo que fique bem longe de Alvalade...
ResponderEliminarSL
Caro amigo
ResponderEliminarSou portista e na minha opinião de todos os comentadores do Sporting que eu vejo na tv, o melhor que defende os interesses do Sporting é o José Eduardo. Da mesma forma acho que o melhor comentador do Porto que melhor defende o Porto na tv é o Bernardino Barros que atua no mesmo programa que o José Eduardo.
Não andará muito longe da sua a minha opinião...
EliminarÓ Álamo,
ResponderEliminarDeixa-te de defender o indefensável.
Porque estás a dar cobertura a um indivíduo destes?
Azeiteiros?!?
Não entendo.
Vê lá que até "portistas" te tratam de "Caro Amigo"
Abre os olhos para estas coisas que não aparecem aqui por acaso.
Tão amigos que eles são...
Jubas
"Honni soit qui mal y pense", caro amigo Jubas!...
EliminarMeu grande e velho amigo Álamo: Ao ler a parte do texto em que referes "...episódios acontecidos em Alvalade, acabou por confirmar as características da sua personalidade: a sobranceira persistência de ousar perseguir agendas próprias, em óbvias rotas de colisão com os rumos preconizados pelas entidades patronais que o contratam..." pareceu-me estares a falar de Jorge Jesus. Como dizes no entanto a verdade é como o azeite e naturalmente talvez no fim prevaleça a ideia que Marco não tinha para a estrutura, ao contrário de J.J,, estatuto para levar a cabo a sua própria proposta. O mesmo aliás que só não terá acontecido totalmente com Jardim porque a personalidade deste é muito forte e determinante. Em boa verdade há muito de história mal contada neste processo onde José Eduardo andou a fazer o papel de testa de ferro de alguém e ficou mal na fotografia...
ResponderEliminarGrande e velho Amigo Vitor Cruz, conheço bem a tua opinião sobre JJ, que partilho sem constrangimentos em algumas vertentes. Mas há um ponto que referes no teu comentário em que as nossas ideias não serão coincidentes e que decorre da tua afirmação, "talvez no fim prevaleça a ideia que Marco não tinha para a estrutura, ao contrário de JJ, estatuto para levar a cabo a sua própria proposta". Duvido muito se terá sido uma questão de estatuto que acabou por precipitar as coisas no tempo de Marco Silva, mas nunca serei capaz de compreender que alguém seja contratado para levar a cabo "a sua própria proposta"! O projecto sempre será da entidade contratante, aqui no caso, do Sporting. Ao futuro contratado, caberá toda a legitimidade para aceitar ou não, o projecto que lhe é proposto, cabendo-lhe também toda a legitimidade, dignidade e lógica, para utilizar os seus processos, na prossecução dos objectivos que lhe são propostos, nunca sendo de admitir que pretenda alterar o próprio projecto. Marco Silva ousou fazer isso e acabou na rua, ao que se vai sabendo, de modo igual ao que lhe aconteceu na Grécia. Estará eventualmente no seu ADN: fazer tábua rasa dos objectivos para que foi contratado e perseguir os seus. Jorge Jesus, a meu ver, não contestando o projecto que lhe foi proposto, ter-se-à vindo a valer do seu estatuto para conseguir através de diplomático diálogo e da persuasão convencer a outra parte a modificar algumas das linhas desse projecto. Tê-lo-à conseguido parcialmente no final da primeira época, na tua e na minha opinião, infelizmente, com os resultados que vimos constatando neste segunda época. Mas nunca ousou desafiar ou afrontar declaradamente o topo da pirâmide. Cultivando o narcisismo como tu, eu e muitos sportinguistas reconhecemos, tem a inteligência, o carácter e a experiência de vida suficientes para evitar cometer o colossal erro cometido por Marco Silva, cuja dimensão de carácter é demasiado reduzida para evitar o que lhe tem acontecido, tanto em Alvalade, quanto na Grécia e, ao que se vai sabendo, em terras de Sua Majestade.
EliminarOs acontecimento ocorridos na Corunha, envolvendo o jogador Rojo, Marco Silva e Bruno de Carvalho, que vieram ao meu conhecimento pouco tempo depois, alguns dias se bem me lembro, terão sido o "final cut" que acabou por marcar o resto da época. Um treinador jamais poderá ter a atitude de Marco Silva, que perante a tentativa de agressão de Rojo ao presidente, entendeu escolher e trincheira errada. Nem a razão nem o coração alguma vez poderiam justificar tamanha falta de solidariedade. Ao lavar as mãos como Pilatos e afastar-se, Marco Silva lavrou a sua sentença. Aconteceria com qualquer dirigente, fosse ele Bruno de Carvalho, Pinto da Costa, eu ou mesmo tu, que te conheço tão bem...
Esta é que é a verdade dos factos. O resto serão parangonas dos jornais e aberturas de programas televisivos de "dias seguintes" e "prolongamentos", onde inexplicavelmente ou talvez não, Marco Silva sempre navegou e continua a navegar a todo o pano ou vapor!...
Um grande abraço com a fraterna amizade de sempre.