quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Fazia falta, uma máquina de espremer tomates !!!...

 
Nunca me esquecerei de um grande líder que tive o privilégio de encontrar nos primeiros passos da minha carreira profissional. Faz parte do ser humano o sentimento de pertencer, integrar algo maior que ele próprio e assumir um ideal comum. Portanto, cada integrante de uma equipe precisa ter consciência de que seu trabalho é importante para o grupo a que pertence e de se sentir valioso para ele. Mas, há um fator extremamente importante também e que poucos discutem. Como é a vida de um líder diante disso? O líder, o chefe, o supervisor, enfim, aquele que estiver no comando de qualquer projecto, geralmente não é visto como alguém que também tem fraquezas, medos, incertezas e que tem nas suas mãos o destino de cada membro da equipe e da acção comum. Muitas vezes ele é visto como o tirano,  o que tem dificuldade em se relacionar com o resto do mundo, o intransigente, o mal-amado, o egoísta, a câmara de eco de ditames e interesses superiores. Mas no fundo, ele é como qualquer ser humano, e ainda tem o seu pescoço à disposição de uma entidade que lhe é superior, caso a equipe não consiga atingir as metas que lhe são propostas ou mesmo exigidas. Viver sob este tipo de pressão, diariamente, não é nada fácil, e se ainda tem de motivar, controlar, corrigir e solucionar até problemas de relacionamento dentro de uma equipe, imagine-se como será o comportamento dessa pessoa.
Esse meu saudoso líder, sempre cultivou um conjunto de regras de comportamento, que lhe granjeou a estima e o respeito de toda a equipa. Em primeiro lugar, nunca promoveu accções de admoestação ou correcção de comportamentos individuais ou colectivos, fora das paredes do seu gabinete. Em segundo lugar, sempre assumiu sózinho perante os superiores ou perante o exterior, a responsabilidade de todo ou qualquer tipo de erro ou insucesso da equipa que liderava.
Recordo com saudade a frase que um companheiro de equipa um dia pronunciou, perante a convocatória de alguém que na equipa havia cometido um qualquer erro ou falha displicente: «... lá vai fulano "à máquina de espremer tomates"!... A partir daí, todos adoptámos a expressão de "ir à máquina", sempre que convocados, individual ou colectivamente, ao gabinete do líder.
Estes primeiros dias de Frank Vercauteren, como líder do projecto do futebol profissional do Sporting, fizeram-me recordar esse meu saudoso dirigente e líder. Porque me dá a ideia de que ele usará métodos e comportamentos absolutamente semelhantes ou mesmo coincidentes, aos que venho descrevendo. E não me será muito difícil imaginar quantas vezes, depois do doloroso encontro de Setúbal, dentro das quatro paredes do seu gabinete, Vercauteren já não terá usado, tanto a nível colectivo como individual, a famosa "máquina", que há tantos anos tive o privilégio e a  honra de conhecer. Assim como me será fácil imaginar que, a confirmarem-se os indicadores sobre os seus métodos, muito rapidamente ele conseguirá granjear da parte de todo o colectivo que lidera, a estima e o respeito que normalmente determinam processos justos, equilibrados e indiscutíveis de liderança.
Todo o homem é recuperável! Afirmam-no exaustivamente todos os compêndios que tratam das matérias ligadas à mente humana. E este caso particular dos atletas profissionais do futebol do Sporting, nunca poderá constituir excepção. Porém, na mistura dos vários ingredientes imprescindíveis a essa recuperação, haverá um que, para além de ultrapassar a dosagem média necessária de todos os outros, será condição "sine qua non" para o êxito daquela: a vontade própria! E se esta permissa não se verificar, a qualquer líder, por muito que lhe custe e desesperadamente o pretenda evitar, apenas restará a solução de retirar do cesto "o tomate ou a maçã podre", para que a contaminação não venha a acontecer.
Fazia falta no Sporting, uma "máquina de espremer tomates"!
Pelo andar da carruagem, acredito em quem lá vai dentro a dirigi-la!...
 
Leoninamente,
Até à próxima

2 comentários:

  1. Deus te oiça!

    Que seja ele a triturar antes que o triturem a ele para seu bem e do nosso querido clube.

    Abraços

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  2. Há duas coisas que neste precido momento se verificam, minha querida amiga: nem Godinho Lopes nem Frank Vrecauteren podem falhar neste projecto, porque o destino deles estaria traçado! Portanto, quando um homem é encostado à parede, sublima toda a sua acção! Eu confio nessa perspectiva! Tenho fé que amanhã já possamos ter uma pequena alegria...

    Abraços carregadinhos de esperança

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