segunda-feira, 18 de junho de 2012

Triste sina, a dos seleccionadores portugueses !...

in jornal "A Bola"

Ainda se ouve por esse mundo fora o ribombar dos trovões com que Cristiano Ronaldo e os seus companheiros emudeceram o orgulho holandês. E já o "circo" voltou a abrir as suas portas: "the show must go on" !...  As estações lusas de televisão, ainda o dia de ontem não tinha acabado e lá voltaram a montar de novo o "arraial". Mais logo, atentem nas primeiras páginas dos jornais desportivos e, muito presumivelmente, também dos generalistas. Somos decididamente incorrigíveis...
O frontal e lúcido homem do futebol, treinador titulado e respeitado que é Manuel José e a forte e profissional selecção alemã, terão sido os principais responsáveis por este agradável sucesso da nossa selecção. Se o "circo" em que Paulo Bento e os dirigentes federativos deixaram que 23 profissionais de futebol se transformassem por uns longos dias, não tivesse sido tão severamente criticado por Manuel José e outros que o acompanharam no sentimento e se a derrota alemã não tivesse acontecido, os sinos não teriam tocado a rebate e muito provavelmente a nossa selecção não se tería apurado para os quartos do Euro2012. Assim tudo acabou em bem. A excepção foram as palavras raivosas, desadequadas, despropositadas e carregadas de ressentimento, proferidas por Paulo Bento poucos minutos depois do final do encontro, na conferência de imprensa que mais valia não se ter realizado. Em vez de celebrar a vitória da selecção e destacar o que de bom ela produzira, inclusivamente e ressurreição de Cristiano Ronaldo, o seleccionador à boa maneira portuguesa, desenterrou ódios, vomitou bilis e, qual "snipper" barricado por detrás de cãmaras e microfones, disparou em todas as direcções, definindo o seu ego e a sua estatura. Ele provavelmente não se dará conta do importante papel de pacificação que lhe poderia estar reservado, depois do efémero sucesso que constituiu o apuramento da selecção. E em vez de catalizador de uma alegria legítima no sentido de um desejável reacender do espírito colectivo que deveria envolver a nossa selecção, transformou-se em reagente explosivo que naturalmente beliscará a galvanização tão necessária no futuro.
Tinha Paulo Bento por um homem inteligente, firme, íntegro, sério e trabalhador. A última e definitiva convocatória para este europeu, a subserviência que revelou na "montagem do circo de má memória" e as reacções destemperadas que acaba de protagonizar, na minha modesta opinião, estarão a abalar seriamente o prestígio que conseguiu alcançar no Sporting e na fase de qualificação para o europeu que agora disputamos. Triste sina a dos seleccionadores portugueses!...

Leoninamente,
Até à próxima

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